Escravidão, fé e gestão pública: edições filológicas de uma carta datada do século XVIII e análise da construção do ethos do vice-rei, conde de vimieiro

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v10i2.42373

Palabras clave:

Carta, Bahia colonial, Ethos, Filologia, Escravidão

Resumen

As cartas são instrumentos de comunicação largamente utilizados ao longo dos tempos, tanto no âmbito pessoal como no administrativo, seja na esfera pública como na privada. O manuscrito aqui selecionado, lido e editado pertence ao acervo do Arquivo Histórico Ultramarino, catalogado pelo Projeto Resgate Barão do Rio Branco e disponibilizado na Biblioteca Nacional Digital. Trata-se de uma carta enviada ao rei de Portugal, D. João V, escrita na Bahia, em 1719, por D. Sancho de Faro e Sousa, o Conde de Vimieiro, que foi vice-rei e governador-geral do Brasil entre agosto de 1718 e outubro de 1719. Para propiciar maior acesso a diferentes perfis de leitores, oferecem-se além da edição fac-similar, que consiste em uma reprodução digital com menor grau de mediação, uma edição semidiplomática, que segue critérios conservadores (Telles, 2009; Toledo Neto, 2020) e uma edição interpretativa (Duarte, 2007), que atende aos interesses de leitores não especialistas. O estudo compõe-se ainda de contextualização que discute aspectos da sociedade escravagista do século XVIII e de análise de aspectos relativos à enunciação, de modo a demonstrar como algumas imagens do enunciador podem ser discursivamente construídas, mesmo em um documento de natureza administrativa. Para tanto, faz-se uma análise da cena enunciativa, colocando-se em destaque a construção do ethos, conjunto de atributos construídos no e pelo discurso (Ferreira, 2010; 2019; Maingueneau, 2002; 2005; 2008). Na carta, o enunciador busca persuadir o leitor quanto às suas qualidades,
como gestor do Estado do Brasil, e quanto ao seu caráter de bom e piedoso cristão, preocupado com a degradante situação dos escravizados idosos ou doentes.

Biografía del autor/a

Norma Suely Silva Pereira, Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA, Brasil

Professora associada do Setor de Filologia românica, membro permanente do PPGLinC/UFBA

Gilberto Nazareno Telles Sobral, Universidade do Estado da Bahia. Salvador, BA, Brasil

Doutor em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (2004), estágio Pós-Doutoral na Universidade Estadual de Feira de Santana (2016). Professor Pleno da Universidade do Estado da Bahia, docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, atuando principalmente nos seguintes temas: argumentação, análise do discurso, crítica textual, documentos brasileiros.

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Publicado

2024-09-24

Número

Sección

Artigo - Dossiê "A expressão de emoções no gênero epistolar"