A canção folclórica em sua essência: uma análise etnomusicológica de duas canções populares tradicionais brasileiras

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v8i1.47148

Palabras clave:

Popular. Tradicional. Etnomusicologia. Nacionalismo. Essência folclórica.

Resumen

Investigou-se as origens e procedências principais de duas canções populares tradicionais brasileiras, a saber: o canto de Maracatu “Loanda” e a canção indígena “Natiô”, dos Paresis. Elas representam um panorama estilístico da música popular brasileira, seja ela urbana, rural ou feita pelos próprios nativos. Guardam, portanto, além de idiossincrasias de ordem estético-musical, características próprias de cada região e grupo étnico que as produziram. São fonte cultural que espelham a enorme profusão de cantos que o país continental produzira até os anos 1930, quando eclodiu no Brasil o Movimento Nacionalista, que buscava unificar as linguagens da Literatura, Música e Artes Plásticas em prol de uma totalidade artística que desvelasse os significados de Nacionalidade. As canções em questão foram reunidas e harmonizadas pelo compositor paraibano José Siqueira (1907-1985), e lançadas em disco em 1939. Nelas podemos ver retratos de diversos matizes do colorido nacional: música popular rural percussiva, ritualística indígena e religiosa afro-brasileira. Constituem peças de um quadro maior, onde podem ser observadas as diversas regiões brasileiras, num jogo etnomusicológico que parece querer traduzir a essência folclórica do nosso povo. 

Biografía del autor/a

Pedro Razzante Vaccari, UNESP

Bacharel, Mestre e Doutor em Música pela Unesp, é pós-doutorando pela Eca/Usp. Publicou artigos na Revista Música e da Tulha da Usp, de Etnomusicologia da Turquia, Orfeu da Udesc,  Música em Contexto da UnB, Ictus da Ufba,  Revista Internacional em Língua Portuguesa de Portugal, Revista Nava e Espaço Acadêmico, sendo destas duas parecerista ad-hoc. Foi membro organizador da  III Jornada em Arte IA Unesp PPG de 2019, sendo o responsável pela área de Música. Foi regente do coro da Paróquia Cristo Ressuscitado. Estudou canto na Alemanha, Itália, EUA e Argentina, e desde 2008 integra o Coro Paulistano do Theatro Municipal de São Paulo, com o qual, recentemente,  atuou como solista do Réquiem em Ré menor do padre José MaurícioNunes Garcia, e da ópera Café de Felipe Senna, sobre libreto de Mário de Andrade. Em julho de 2022 realizou o Recital Schumann e Villa-Lobos, no Theatro Municipal de São Paulo, um recital comentado em que inseriu canções que remetem ao tema de seu pós-doutorado.

Citas

ALMEIDA, E. B.; SECCHI, N. A educação indígena no contexto cultural Paresí. Disponível em: http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev12/a_educacao_indigena.html. Acesso em: 23/08/2012.

ANDRADE, Mário de. Danças dramáticas do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002.

ANDRADE, Oswald; CHALMERS, Vera Maria. Telefonema. Rio de Janeiro: Globo, 2007, p. 268-9.

BERND, Zilá. A questão da negritude. São Paulo: Brasiliense, 1984.

CAMÊU, Helza. Introdução ao estudo da música indígena brasileira. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura e Departamento de Assuntos Culturais, 1977.

CANOVA, Loiva. Os doces bárbaros: imagens dos índios Paresi no contexto da conquista portuguesa em Mato Grosso (1719-1757). Cuiabá: Universidade Federal do Mato Grosso, 2003.

CANOVA, Loiva. Os índios em Mato Grosso no governo de Antônio Rolim de Moura. Revista Eletrônica do Arquivo Público do Estado de São Paulo, n. 32, 2008.

CASCUDO, Luis da Câmara. Made in Africa: Pesquisas e notas. São Paulo: Global, 2002.

COSTA E SILVA, Alberto da. Lendas do índio brasileiro. Rio de Janeiro: Sinergia: Ediouro, 2009.

FERREIRA, Ascenso et al. Voz poética. Recife: Cepe, 1997.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio Século XXI – O dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

FONTE FILHO, Carlos da. Espetáculos populares de Pernambuco. Recife: Bagaço, 1999, p. 25.

FONTELES, Bené. Et al. Giluminosoa po.ética do ser: Gilberto Gil. São Paulo: Imprensa Oficial, 1999.

GALLET, Luciano. Estudos de folclore. Rio de Janeiro: Carlos Wehrs, 1934.

GIFFONI, Adriano. Música brasileira para contrabaixo. São Paulo: Irmãos Vitale, 1997.

GUARNIERI, Mozart Camargo. “Vamos Aluanda”. Ed. Fac similar. São Paulo: Theatro Municipal, 1936. 1 partitura (3 p.). Canto Coral.

GUERRA-PEIXE, César. Maracatus do Recife. São Paulo; Rio de Janeiro: Irmãos Vitale, 1980.

GUIMARÃES, Heitor Velasco Fernandes. Os índios na história do Brasil Republicano: o território étnicoindígena Paresí e o território indigenista Utiarity. [Trabalho apresentado em ANPUH_USP_2011 - Simpósio Temático 111: Os Índios e o Atlântico, São Paulo, 17-22 jul. 2011].

HEMMING, J. Ouro vermelho: A conquista dos índios brasileiros. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Edusp, 2007.

MACIEL, L. A. A nação por um fio: caminhos, práticas e imagens da “Comissão Rondon”. Madrid: Universidade Pontifícia Comillas, 1998.

MARKMAN, Rejane. Música e simbolização: manguebeat: contracultura em versão cabocla. São Paulo: Annablume, 2007.

MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira: Modernismo (1922-atualidade). São Paulo: Cultrix, 2004.

NASCIMENTO, Milton. Missa dos Quilombos. São Paulo: Ariola, 1982.

PINHEIRO, Ângelo; PINHEIRO, Robson. Aruanda. Contagem: Casa dos Espíritos, 2011.

PINTO, E. Roquette. Rondônia. São Paulo: Nacional, 1938, p. 132-3.

SILVA, José Bento Rosa da. RECIFE – LUANDA: reaproximações históricas e culturais. Disponível em: http://www.slideshare.net/fmoes/recife-luanda-raproximacoes-historicas-e-culturais. Acesso em: 20/09/2021.

SIQUEIRA, José. Oito Canções Populares Brasileiras. Ed. fac-similar. Moscou: “Musika” Moskova, 1975. 1 partitura (28 p.). Canto e piano.

SOUZA, Marina de Mello. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2007.

TAVARES, Hekel.; FERREIRA, Ascenso. Maracatús – três fragmentos. Ed. fac-similar. São Paulo: Irmãos Vitale, 1940. 1 partitura. (7 p.) Canto e piano.

TEIXEIRA, Flávio Weinstein. Intelectuais e Modernidade no Recife dos anos 1920. Saeculum, 1, p. 89-98, jul./dez. 1995.

TINHORÃO, José Ramos. A música popular no romance brasileiro. Vol. I: Séculos XVIII e XIX. São Paulo: 34, 2000.

VARGAS, Herom. Hibridismos musicais de Chico Science e Nação Zumbi. Cotia: Ateliê, 2007.

Publicado

2022-09-20

Número

Sección

Artigos - Dossiê Temático