“Naõ consentindo por modo algum, que os Meninos, e Meninas, [...] usem da Lingua propria das suas Naçoens, ou da chamada geral; mas unicamente da Portugueza”: povos indígenas e cultura escrita na antiga Capitania de Ilhéus

Autori

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v9i2.56651

Parole chiave:

Antiga Capitania de Ilhéus, Diretório dos índios, Políticas linguísticas, Escolarização, Escrivães-diretores

Abstract

A política de gestão das línguas na América portuguesa, expressa no Diretório dos índios, previa a proibição do uso da língua geral e das línguas próprias dos diversos grupos etnolinguísticos indígenas e, consequentemente, a adoção e o ensino da “Língua do Príncipe” nas povoações e vilas de índios. Elaborado para o Estado do Grão-Pará e Maranhão, quando o Diretório foi confirmado e estendido ao Estado do Brasil, por meio do Alvará de 17 de agosto de 1758, o tribunal especial do Conselho Ultramarino, instalado na Capitania da Bahia, estabeleceu as medidas necessárias para a execução da política indigenista do governo de D. José I (1750-1777) e, em particular, de sua política linguística. Nesse contexto, três vilas de índios foram erigidas na antiga Capitania de Ilhéus: Olivença, Barcelos e Santarém. Apoiando-se na História Social da Cultura Escrita e em fontes do Arquivo História Ultramarino (AHU), do Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB) e da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (BNJR), o presente artigo reflete sobre a atuação dos escrivães das Câmaras das referidas vilas, quanto à obrigação de ensinar a “ler, escrever e contar aos meninos”, e as reconfigurações demográfico-linguísticas desses espaços, caracterizados pelo uso da língua geral. Haja vista a “civilidade” dos povos indígenas que se pretendia alcançar, a política linguística expressa no Diretório e a sua implementação por meio da “escola para índios” configuram-se como variáveis fundamentais para uma maior compreensão sobre o avanço da língua portuguesa nas vilas de índios e suas implicações linguísticas.

Biografia autore

Pedro Daniel dos Santos Souza, Universidade do Estado da Bahia (UNEB)

Professor do Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias, do Campus XVIII, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Professor do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens (PPGEL/UNEB). Líder do Grupo de Pesquisa História Social da Cultura Escrita e Linguística do Brasil (HISCULTE). Membro do Grupo de Pesquisa Programa para a História da Língua Portuguesa (PROHPOR). Atua na área de Linguística Histórica, com pesquisa na área de história social linguística do Brasil e história do português brasileiro.

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Pubblicato

2023-11-29

Fascicolo

Sezione

Artigo - Dossiê "Diálogos entre a sócio-história do português e a história social da cultura escrita"