Por uma Filologia do discurso: Latinidade, Ethos, Tradições Discursivas e um exercício analítico transdisciplinar
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v4i1.17491Palavras-chave:
Latinidade, Ethos, Tradições discursivas, Filologia, Discurso.Resumo
Este artigo objetiva examinar os recursos lexicais que evidenciam, linguístico e discursivamente, a expressão diacrônica do conjunto de imagens de si projetadas em editoriais do Jornal do Brasil (JB) e do Clarín (CL), entre os anos de 1945 e 2014, em um exercício analítico transdisciplinar que intitulamos filologia do discurso. Para tal, do ponto de vista teórico, debruçamo-nos sobre os conceitos de Latinidade, Ethos e Tradições Discursivas a partir dos estudos de García Canclini (2008), Maingueneau (2008) e Kabatek (2001), respectivamente. Já do ponto de vista metodológico, voltamo-nos ao exame de recursos lexicais e sua inscrição como elementos linguístico-discursivos indiciadores da emergência das imagens de si nos 50 textos que compõem o corpus, segundo cada periódico, em termos de mudanças e permanências no recorte temporal estabelecido, com destaque para os diversos efeitos de sentido desencadeados na enunciação. Do ponto de vista analítico, constatamos, nos dados analisados, a recorrência de recursos lexicais: (i) do campo semântico relativo às noções de esperança, nacionalismo, dor, pesar e indignação, em diálogo com os discursos histórico, político, religioso e econômico, nas duas gerações de exemplares de editoriais do JB; e (ii) do campo semântico relativo às noções de nacionalismo, indignação, esperança e humanismo, em diálogo com os discursos científico, econômico e político, nas duas gerações de editoriais do CL. Tais constatações nos permitem afirmar que a interface teórica estabelecida, nessa pesquisa, entre a Análise do Discurso e a Filologia Românica, em diálogo com os Estudos Culturais, é promissora para a análise diacrônica de fenômenos discursivos, a exemplo das imagens de si.
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