Currículo como lugar de escuta:

afeto, performatividade e emancipação de histórias da dança

Autores

DOI:

https://doi.org/10.58786/rbed.2022.v1.n1.52512

Palavras-chave:

Currículo, Lugar de escuta, histórias da dança, ação afirmativa, política de cotas.

Resumo

O presente artigo é motivado pelos tensionamentos que tenho observado e vivenciado no contexto educacional universitário brasileiro, devido ao fato de que ações afirmativas, incluindo a políticas de cotas, já vêm acontecendo no país há quase 20 anos (embora, inicialmente, em níveis estaduais e de modo isolado, até que, em 2012, tornou-se a Lei 12.711); porém, sem virem acompanhadas de uma reformulação mais radical e sistemática da “infraestrutura da vida branca” (MOMBAÇA, 2021, p. 40), através da qual se organizam as instituições educacionais, incluindo as de Ensino Superior, no Brasil. Tenho proposto tentativas de lidar com essa problemática, partindo do reconhecimento das relações de posicionalidade entre lugares de privilégios e lugares historicamente invisibilizados e silenciados, numa abordagem interseccional; e, a partir disto, tenho buscado desenvolver, nos últimos anos, o que poderia corresponder, na prática curricular, ao que estou experimentando chamar de currículo como lugar de escuta (MOMBAÇA, 2021).

Biografia do Autor

Roberta Ramos Marques, Universidade Federal de Pernambuco

Professora Doutora do Curso de Licenciatura em Dança da UFPE e colaboradora do Programa de Mestrado Profissional em Artes - Profartes (em rede, colaboradora pela UFPB). Líder do Grupo de Pesquisa Peteca: Performance, Educação, Jogos e outras Tecnologias Emancipatórias da Criação Artística (em fase de certificação). Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (1996), mestrado (2000) e doutorado (2008) em Teoria da Literatura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. Tem experiência nas áreas de Letras e Dança, com ênfase em Intersemiótica e Estudos Culturais, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura comparada, dramaturgia, corpo, discurso, crítica, dança, memória, acervo. Participa da coordenação e das pesquisas do Acervo Recordança, desde 2003; sua tese de doutorado teve como tema a literatura e a dança armoriais, sob o título "Deslocamentos Armoriais: da afirmação épica da "Nação Castanha" de Ariano Suassuna ao corpo-história do Grupo Grial". Em 2015, desenvolveu o projeto de pesquisa artística Motim: o Riso como Ato Performativo e Biopotente, junto ao Coletivo Lugar Comum, do qual é membro desde 2011. Em 2015, estreou o espetáculo Motim, como dramaturgista e performer-criadora, junto ao Coletivo Lugar Comum; e coordenou o núcleo Recife do Projeto MAPEAMENTO DA DANÇA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL ? 1ª etapa: mapeamento de oito capitais, em 4 regiões do Brasil, com recursos obtidos via Termo de Cooperação Técnica FUNARTE/MINC e UFBA. Autora do livro "DESLOCAMENTOS ARMORIAIS: Reflexões sobre Política, Literatura e Dança Armoriais (2012); e organizadora e autora nos livros ACORDES E TRAÇADOS HISTORIOGRÁFICOS: a Dança no Recife" (2016) e "MOTIM: paisagens e memórias do riso" (2017). Performer e autora da reperformance Brasilogia, a partir das obras Shirtologie (Jérome Bel, 1997) e Le Sacre du Printemps (Xavier le Roy, 2007), em fricção com o contexto político do Brasil, em 2016. Autora dos artigos Performar e profanar os palcos da representação democrática em tempos de golpe: Reenactment, história, e modos de afetar e ser afetado na crise (Revista Pitágoras 500, ISSN 2237387X, 10a edição, 2016, Qualis B3; e coautora (juntamente a Liana Gesteira Costa) do artigo MOTIM: O 'PENSAMENTO RELACIONAL' DO RISO COMO CONTÁGIO EM UMA DRAMATURGIA DE PROCESSO, Revista Brasileira de Estudos da Presença, ISSN 2237-2660, Vol. 7, n. 1, jan/abr. 2017, pp. 71-98 (Qualis A2). Recentemente (Ag 2017 - JUl 2018), realizou a pesquisa de Pós-doutorado "O corpo como arquivo no Ensino de História da Dança: para uma abordagem historiográfica afetiva, emancipatória e performativa", em duas etapas: de agosto a dezembro de 2017, junto ao Grupo de pesquisa Laboratório Coadaptativo LabZat, pela Pós-graduação em Dança, da Universidade Federal da Bahia, sob a supervisão de Fabiana Dultra Britto; e de janeiro a julho de 2018, junto ao Grupo de Pesquisa Transmission in Motion, pelo Media and Culture Studies Departament, na Utrecht University, sob a supervisão de Maaike Bleeker.

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Publicado

2022-07-15 — Atualizado em 2023-12-01

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