This is an outdated version published on 2023-11-28. Read the most recent version.

Currículo como lugar de escuta:

afeto, performatividade e emancipação de histórias da dança

Authors

DOI:

https://doi.org/10.58786/rbed.2022.v1.n1.52512

Keywords:

Currículo, Lugar de escuta, histórias da dança, ação afirmativa, política de cotas.

Abstract

O presente artigo é motivado pelos tensionamentos que tenho observado e vivenciado no contexto educacional universitário brasileiro, devido ao fato de que ações afirmativas, incluindo a políticas de cotas, já vêm acontecendo no país há quase 20 anos (embora, inicialmente, em níveis estaduais e de modo isolado, até que, em 2012, tornou-se a Lei 12.711); porém, sem virem acompanhadas de uma reformulação mais radical e sistemática da “infraestrutura da vida branca” (MOMBAÇA, 2021, p. 40), através da qual se organizam as instituições educacionais, incluindo as de Ensino Superior, no Brasil. Tenho proposto tentativas de lidar com essa problemática, partindo do reconhecimento das relações de posicionalidade entre lugares de privilégios e lugares historicamente invisibilizados e silenciados, numa abordagem interseccional; e, a partir disto, tenho buscado desenvolver, nos últimos anos, o que poderia corresponder, na prática curricular, ao que estou experimentando chamar de currículo como lugar de escuta (MOMBAÇA, 2021).

Author Biography

Roberta Ramos Marques, Universidade Federal de Pernambuco

Professora Doutora do Curso de Licenciatura em Dança da UFPE e colaboradora do Programa de Mestrado Profissional em Artes - Profartes (em rede, colaboradora pela UFPB). Líder do Grupo de Pesquisa Peteca: Performance, Educação, Jogos e outras Tecnologias Emancipatórias da Criação Artística (em fase de certificação). Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (1996), mestrado (2000) e doutorado (2008) em Teoria da Literatura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. Tem experiência nas áreas de Letras e Dança, com ênfase em Intersemiótica e Estudos Culturais, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura comparada, dramaturgia, corpo, discurso, crítica, dança, memória, acervo. Participa da coordenação e das pesquisas do Acervo Recordança, desde 2003; sua tese de doutorado teve como tema a literatura e a dança armoriais, sob o título "Deslocamentos Armoriais: da afirmação épica da "Nação Castanha" de Ariano Suassuna ao corpo-história do Grupo Grial". Em 2015, desenvolveu o projeto de pesquisa artística Motim: o Riso como Ato Performativo e Biopotente, junto ao Coletivo Lugar Comum, do qual é membro desde 2011. Em 2015, estreou o espetáculo Motim, como dramaturgista e performer-criadora, junto ao Coletivo Lugar Comum; e coordenou o núcleo Recife do Projeto MAPEAMENTO DA DANÇA NAS CAPITAIS BRASILEIRAS E NO DISTRITO FEDERAL ? 1ª etapa: mapeamento de oito capitais, em 4 regiões do Brasil, com recursos obtidos via Termo de Cooperação Técnica FUNARTE/MINC e UFBA. Autora do livro "DESLOCAMENTOS ARMORIAIS: Reflexões sobre Política, Literatura e Dança Armoriais (2012); e organizadora e autora nos livros ACORDES E TRAÇADOS HISTORIOGRÁFICOS: a Dança no Recife" (2016) e "MOTIM: paisagens e memórias do riso" (2017). Performer e autora da reperformance Brasilogia, a partir das obras Shirtologie (Jérome Bel, 1997) e Le Sacre du Printemps (Xavier le Roy, 2007), em fricção com o contexto político do Brasil, em 2016. Autora dos artigos Performar e profanar os palcos da representação democrática em tempos de golpe: Reenactment, história, e modos de afetar e ser afetado na crise (Revista Pitágoras 500, ISSN 2237387X, 10a edição, 2016, Qualis B3; e coautora (juntamente a Liana Gesteira Costa) do artigo MOTIM: O 'PENSAMENTO RELACIONAL' DO RISO COMO CONTÁGIO EM UMA DRAMATURGIA DE PROCESSO, Revista Brasileira de Estudos da Presença, ISSN 2237-2660, Vol. 7, n. 1, jan/abr. 2017, pp. 71-98 (Qualis A2). Recentemente (Ag 2017 - JUl 2018), realizou a pesquisa de Pós-doutorado "O corpo como arquivo no Ensino de História da Dança: para uma abordagem historiográfica afetiva, emancipatória e performativa", em duas etapas: de agosto a dezembro de 2017, junto ao Grupo de pesquisa Laboratório Coadaptativo LabZat, pela Pós-graduação em Dança, da Universidade Federal da Bahia, sob a supervisão de Fabiana Dultra Britto; e de janeiro a julho de 2018, junto ao Grupo de Pesquisa Transmission in Motion, pelo Media and Culture Studies Departament, na Utrecht University, sob a supervisão de Maaike Bleeker.

References

BHABHA, Homi. O local da cultura. 2.reimp. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

BONFIM, Larissa Verbisck Alcântara. Avaliação Projeto Janelas da Dança do Recife. [Google forms]. 2021. Não disponível.

BURKE, Peter (org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Unesp, 1992.

BUTLER, Judith. Sin miedo: formas de resistencia a la violencia de hoy. Taurus, 2020. Ebook.

CLEMENCIO, M. A. Considerações sobre currículo, diversidades e ações afirmativas no espaço acadêmico. Revista de Ensino em Artes, Moda e Design, Florianópolis, v. 3, n. 3, p. 149 - 159, 2019. DOI: 10.5965/25944630332019149. Disponível em: <https://www.revistas.udesc.br/index.php/ensinarmode/article/view/15207>. Acesso em: 17 maio. 2022.

FERREIRA, Bia. Cota não é esmola. 2018. Canção e clipe. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QcQIaoHajoM&ab_channel=SofarLatinAmerica. Acesso em: 1 de maio de 2022.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2020.

HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2019.

GOULART, Chrystianne . “Janela” - elemento do ambiente construído. uma abordagem psicológica da relação ‘homem-janela’. 1997. 148p. Dissertação (mestrado). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 1997. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/158124/108866.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 1 maio 2022.

JESUS, Alexandro Silva de. Notas sobre a atualidade da ferida colonial. Recife: Titivillus, 2022. Disponível em: https://www.titivilluseditora.com.br/product-page/notas-sobre-a-atualidade-da-ferida-colonial. Acesso em: 1 maio 2022.

LOUPPE, Laurence. Poétique de la danse contemporaine: la suite. Bruxelles: Contredanse, 2007.

MARQUES, Roberta Ramos; VICENTE, Ana Valéria (orgs.). Acordes e traçados historiográficos: a dança no Recife. Recife: Edufpe, 2016. Disponível em: https://editora.ufpe.br/books/catalog/book/218. Acesso em: 1 maio 2022.

MARQUES, Roberta Ramos. Ensino da história da dança e dança documental: por

uma história afetiva, emancipada e performativa da dança. Anais do IV Congresso

Nacional de Pesquisadores em Dança. Goiânia: ANDA, 2016. p. 684-694. Disponível em: https://proceedings.science/anda/anda-2016/papers/ensino-de-historia-da-danca-e-danca-documental--por-uma-historia-afetiva--emancipada-e-performativa-da-danca. Acesso em: 1 maio 2022.

MARQUES, Roberta Ramos; BRITTO, Fabiana Dultra. Reagências do/no presente:

Propostas para o ensino de uma historiografia da dança corporificada e afetiva.

PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG. v.8, n.16:

nov. 2018. Disponível em https://eba.ufmg.br/revistapos. Acesso em: 1 maio 2022.

MARQUES, Roberta Ramos. Dança macabra: re-enactment como reagência em uma videodança. SILVA, Maria Betânia e; AMARAL, Maria das Vitórias Negreiros do; Costa, Robson Xavier da (orgs.). Memórias plurais em artes visuais. Recife : Edufpe, 2019. pp. 215-238. Disponível em: http://plone.ufpb.br/ccta/contents/documentos/publicacoes/e-book-memorias-plurais-em-artes-visuais/ebook_memorias.pdf. Acesso em: 1 maio 2022.

MOMBAÇA, Jota. Pode um cu mestiço falar (2015). Disponível em: https://medium.com/@jotamombaca/pode-um-cu-mestico-falar-e915ed9c61ee. Acesso em: 01 de maio de 2022.

_______ Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.

MOREIRA, Antonio Flavio; CANDAU, Barbosa Vera Maria. Currículo, conhecimento

e cultura. In: BEAUCHAMP, Jeanete; PAGEL, Sandra Denise; NASCIMENTO, Aricélia Ribeiro do (orgs.). Indagações sobre currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf. Acesso em: 1 maio 2022.

MUNIZ, Ricardo. Estudos mostram efeitos benéficos de sistema de cotas raciais sobre a universidade pública brasileira. Jornal da Unesp. 26 de janeiro de 2022. Disponível em: https://jornal.unesp.br/2022/01/26/estudos-mostram-efeitos-beneficos-de-sistema-de-cotas-raciais-sobre-a-universidade-publica-brasileira/. Acesso em: 01 maio 2022.

OLIVEIRA, George. 5 motivos para defender as cotas para negros em universidades. Brasil de Direitos. 12 de Novembro de 2021. Disponível em: https://brasildedireitos.org.br/atualidades/5-motivos-para-defender-as-cotas-para-negros-em-universidades?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_campaign=cotas&gclid=CjwKCAjwve2TBhByEiwAaktM1NI9EtIPWk24nvtD3ug65UbYy7Lzb9Sure3XtNbAgvJiMiES8lsbsxoCGP4QAvD_BwE. Acesso em: 1 maio 2022.

OLIVEIRA, Luiz Fernandes de; CANDAU, Vera Maria Ferrão Candau. Pedagogia decolonial e educação antirracista e intercultural no Brasil. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.26, n.01, p.15-40, abr. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/TXxbbM6FwLJyh9G9tqvQp4v/abstract/?lang=pt. Acesso em: 1 maio 2022.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos estudos, 79, ❙❙ novembro 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/ytPjkXXYbTRxnJ7THFDBrgc/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 1 maio 2022.

SANTOS, Adilson Pereira dos. Itinerário das ações afirmativas no ensino superior público brasileiro: dos ecos de Durban à Lei das Cotas. Revista de Ciências. Humanas, Viçosa, v. 12, n. 2, p. 289-317, jul./dez. 2012. Disponível em: http://flacso.redelivre.org.br/files/2014/05/1132.pdf. Acesso em: 1 maio 2022.

SILVA, Thomaz Tadeu da Silva. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

SILVA, Jacqueline Ernesto da. Avaliação Projeto Janelas da Dança do Recife. [Google forms]. 2021. Não disponível.

WICKBOLD, Christiane Curvelo; SIQUEIRA, Vera. Política de cotas, currículo e a construção identitária de alunos de Medicina de uma universidade pública. Proposições, V. 29, n. 1, 86, jan./abr. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pp/a/MHFpp7ZhVHJhf8N6WDfC4cN/?lang=pt. Acesso em: 1 maio 2022.

Published

2022-07-15 — Updated on 2023-11-28

Versions

How to Cite

MARQUES, Roberta Ramos. Currículo como lugar de escuta: : afeto, performatividade e emancipação de histórias da dança. Brazilian Journal of Dance Research, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 06–39, 2023. DOI: 10.58786/rbed.2022.v1.n1.52512. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/rbed/article/view/52512. Acesso em: 21 nov. 2024.