Etnografia hiper-realista: uma proposta para pesquisar processos de ensino e aprendizagem
PDF

Palavras-chave

ensino de antropologia
ensino de sociologia
aprendizagem de ciências sociais

Resumo

Neste artigo proponho o conceito de etnografia hiper-realista para fazer pesquisas em processos de ensino e aprendizagem, com foco em antropologia para turmas de graduação. Os argumentos para sustentar tal proposição têm por base discussões recentes sobre etnografia, não somente como método de pesquisa, mas como maneira de desenvolver teorias e conceitos, e trabalhos sobre etnografia em educação, realizados no Brasil, principalmente. Além disso, me apoio em autores que orientam a metáfora que me inspirou na construção daquele conceito, na medida em que elucidam a proposta dos pintores hiper-realistas, em finais dos anos 1960 e durante a década de 1970. As reflexões aqui apresentadas foram construídas a partir de aulas lecionadas na cidade de Codó, localizada no leste do Maranhão.

https://doi.org/10.20500/rce.v15i32.31554
PDF

Referências

ALMEIDA, A. W. B. de. Terras de quilombo, terras indígenas, “babaçuais livres”, “castanhais do povo”, faxinais e fundos de pasto: terras tradicionalmente ocupadas. 2ª Ed. Coleção Tradição e Ordenamento Jurídico. Manaus: PGSCA-UFAM, 2008.

AMIT, V. (ed.). Construct the field: ethnographic fieldwork in the contemporary world. London and New York: Routledge, 2000.

BATESON, G. A theory of play and fantasy. In: __________. Steps to an ecology of mind. Chicago & London: The University Press of Chicago, 2000, p.177-193.

BATTCOCK, G. Super Realism: A Critical Anthology. New York: E. P. Dutton & Co, 1975.

BECKER, H. S. Art worlds. Berkeley: University of California Press, 1982.

BOAS, F. Antropologia. In: STOCKING Jr., G. W. (org. e intr.). A formação da antropologia americana (1883-1911): Antologia/Franz Boas. Rio de Janeiro: Contraponto, Editora UFRJ, 2004, p.323-340.

BOHANNAN, L. Shakespeare in the bush. (Tradução publicada por: ESTEVES, L. R., AUBERT, F. H. 2008. Tradução & comunicação: revista brasileira de tradutores, n.17, p.135-159.), 2008.

BORNEMAN, J., HAMMOUDI, A. (eds). Being there: the fieldwork encounter and the making of truth. Berkley and Los Angeles: University of California Press, 2009.

BOURDIEU, P. O campo intelectual: um mundo à parte. In: __________. Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990, p.169-180.

__________. As contradições da herança. __________. Escritos de educação. 13ª. Edição. (Seleção, organização, introdução e notas Maria Alice Nogueira e Afrânio Catani). Pretrópolis: Vozes, 2012, p.229-237.

__________. As regras da arte: gênese e estrutura do campo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

__________. La fotografía: un arte intermedio. México: Nueva Imagen, 1979.

CERLETTI, L. Enfoque etnográfico y formación docente: aportes para el trabajo de enseñanza. Pro-Posições, v.24, n. 2 (71), maio/ago, 2013, p.81-93.

CLIFFORD, J. Routes: travel and translation in the Late Twentieth Century. Cambridge, London: Harvard University Press, 1997.

__________. The predicament of culture: twentieth-century ethnography, literature, and art. Cambridge, London: Harvard University Press, 1988.

CRAPANZANO, V. Tuhami: a portrait of a Moroccan. Chicago, London: University Of Chicago Press, 1980.

DAUSTER, T. (Org.). Etnografia e Educação. Rio de Janeiro: Lamparina, 2012.

__________. Entre a antropologia e a educação – a produção de um diálogo imprescindível e de um conhecimento híbrido. Ilha, v. 6, n. 1-2, jul. 2004, p. 197-207.

FABIAN, J. Language and Colonial Power: the appropriation of Swahili in the former Belgian Congo 1880-1938. Berkeley, Los Angeles, London: University of California Press, 1986.

FAVRET-SAADA, J. Ser afetado. In: Cadernos de Campo, n.13, 2005, p.155-161.

FONSECA, C. Quando cada caso NÃO é um caso. In: Revista Brasileira de Educação, jan/fev/mar/abr, n.10, 1999, p.58-78.

GEER, B.; HUGHES, E. C.; STRAUSS, A.; BECKER, H. S. Boys in white: student culture in medical school. Transaction Books: New Brunswick, London, 1984.

GELL, A. The technology of enchantment and the enchantment of technology. In: COOTE, J., SHELTON, A. (eds.). Anthropology, art and aesthetics. New York: Clarendon Press, 1994, p.40-65.

GUSMÃO, N. Antropologia e educação: origens de um diálogo. In: Cadernos Cedes, v.18, n.43, dez. 1997, p.8-25.

__________. Trajetória, percalços e conquistas da Antropologia da Educação no Brasil. In: GUEDES, S. L.; CIPINIUK, T. A. (orgs.). Abordagens etnográficas sobre educação: adentrando os muros da escola. Niterói: Editora Alternativa, 2014, p.13-24.

HASTRUP, K.; HERVIK, P. (ed.). Social experience and anthropological knowledge. London and New York: Routledge, 1994.

HAUSER, K. Photorealist nostalgia and the American Family. In: Prospects, 0, v.22. 1997, p.263-284.

HUYSSEN, A. The cultural politics of Pop: reception and critique of US Pop Art in the Federal Republic of Germany. In: New German Critique, n.4, Winter, 1975, p.77-97.

LAHIRE, B. Sucesso escolar nos meios populares: as razões do improvável. São Paulo: Ática, 2004.

LAREAU, Annette. Cultural knowledge and social inequality. In: American Sociological Review, v. 80(1), 2015, p.1-27.

¬¬__________, EVANS, S. A., and YEE, A. The rules of the game and the uncertain transmission of advantage: middle-class parents’ search for an urban kindergarten. In: Sociology of Education, v. 89(4), 2016, p.279–299

MALINOWSKI, B. Argonautas do Pacífico Ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné melanésia. 3ª. Edição. São Paulo: Abril Cultural, 1984. Coleção Os Pensadores XLIII.

MARTINS, C. B. Estudos sociológicos sobre educação no Brasil (comentário crítico). In: MICELI, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-2002), vol. 4. São Paulo: ANPOCS, Editora Sumaré, 2002, p.439-455.

MEAD, M. Coming of age in Samoa: a psychological study of primitive youth for Western Civilization. New York: William Morrow & Co, 1928.

MINTZ, S. W. Encontrando Taso, me descobrindo. In: Dados, v.27, n., 1984, p.45-58.

NEVES, C. E. B. Estudos sociológicos sobre educação no Brasil. In: MICELI, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-2002), vol. 4. São Paulo: ANPOCS, Editora Sumaré, 2002, p.352-437.

OLIVEIRA, A. Sobre o Lugar da Educação na Antropologia Brasileira. Temas em Educação, v.24 n.1, 2015, p.40-50.

OLIVEIRA, A., BOIN, F., BÚRIGO, B. D. Quem tem medo de etnografia? In: Revista Contemporânea de Educação, v.13, n.26, jan./abr., 2018, p.10-30.

OLIVEN, A. C. O desenvolvimento da Sociologia da Educação em diferentes contextos históricos. In: BIB, n.34, 2o. semestre, 1992, p.67-81.

PEARISO, C. J. Styleless style? What photorealism can tell us about “the Sixties”. In: Journal of American Studies, v.47, n.3, August, 2013, p.743-757.

PEIRANO, M. Etnografia não é método. In: Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 20, n. 42, jul./dez, 2014, p.377-391.

RAPPORT, N. The narrative as fieldwork technique: processual ethnography for a world in motion. In: AMIT, V. (ed.). Construct the field: ethnographic fieldwork in the contemporary world. London and New York: Routledge, 2000, p.71-95.

REDFIELD, R. Civilização e cultura de folk: estudo de variações culturais em Yucatan. Traduzido do inglês. São Paulo: Martins, 1949.

ROSISTOLATO, R., PIRES DO PRADO, A. Etnografia em pesquisas educacionais: o treinamento do olhar. Linhas Críticas, v.21, n.44, jan./abr., 2015, p.57-75.

SIGAUD, L. Os clandestinos e os direitos: estudo sobre os trabalhadores da cana-de-açúcar de Pernambuco. São Paulo: Duas Cidades, 1979.

STOCKING Jr., G. (ed.). Romantic motives: essays on Anthropological sensibility. Madison: The University of Wisconsin Press. History of Anthropology, v. 6, 1989.

__________. (ed.), Malinowski, Rivers, Benedict and Others : essays on Culture and Personality. Madison : The University of Wisconsin Press, 1986.

STRATHERN, M. The whole person and its artifacts. In: Annual Review of Anthropology, n. 33, 2004, p.1-19.

SWYERS, H. Rediscovering Papa Franz teaching anthropology and modern life. In: Hau: Journal of Ethnographic Theory, 6 (2), 2016, p.213–231.

THOMAS, M., HARRIS, A. (eds.). Expeditionary anthropology: teamwork, travel and the “science of man”. New York, Oxford: Berghahn, 2018.

THORNTON, R. Narrative ethnography in Africa, 1850-1920: the creation and capture of an appropriate domain for Anthropology. In: Man, New Series, v.18, n.3, sep., 1983, p.502-520.

¬¬¬__________. “Imagine yourself set down...”: Mach, Frazer, Conrad, Malinowski and the role of imagination in ethnography. In: Anthropology Today, v.1, n.5, 1985, p.7-14.

TRNKA, S. The Fifty Minute Ethnography: teaching theory through fieldwork. In: The Journal of Effective Teaching, v.17, n.1, 2017, p.28-34.

TURNER, V. W. Dramas, fields, and metaphors: symbolic action in human society. Ithaca: Cornell University Press, 1975.

VELHO, G., VIVEIROS DE CASTRO, E. O conceito de cultura e o estudo de sociedades complexas: uma perspectiva antropológica. In: Artefato: Jornal de Cultura, ano 1, n.1, 1978, p.4-9.

VELHO, O. G. Capitalismo autoritário e campesinato: um estudo comparativo a partir da fronteira em movimento. São Paulo, Rio de Janeiro: DIFEL, 1976.

¬¬¬__________. Frentes de expansão e estrutura agrária: estudo do processo de penetração numa área da Transamazônica. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

WAGNER, R. A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naif, 2010.

WILLIS, P. Learning to labor: how working class kids get working class jobs. New York: Columbia University Press, 1977.

Depad

Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre

Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:

a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.

b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.

c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).