COTAS RACIAIS EM FOCO: A TRAJETÓRIA DOS ALUNOS NEGROS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

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Bruna Cruz de Anhaia

Resumo

O tema da inclusão social no ensino superior tem se transformado em questão prioritária de movimentos sociais, assim como de políticas públicas e de políticas de instituições de ensino superior como forma de superar desigualdades. Neste sentido, debates e mobilizações por ações afirmativas se deram por todo o país. Resulta daí que, em 2007, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) cria o Programa de Ações Afirmativas (PAA) na instituição. Desde o início de sua vigência em 2008 até o primeiro semestre de 2015, o Programa viabilizou o ingresso de 12.471 estudantes através da reserva de vagas (cotas) para candidatos de baixa renda, negros e indígenas. Destes novos estudantes, cerca de 3.360 ingressaram pelas cotas raciais para negros, dos quais 182 haviam se diplomado até aquele ano. Este artigo tem por objetivo abordar a experiência do PAAs na UFRGS, enfocando as cotas raciais para negros. Pretende-se compreender as estratégias adotadas pela instituição ao implementar uma política com este recorte e apresentar resultados, mencionar estratégias desenvolvidas por alguns destes estudantes para sua permanência e representatividade na instituição, além de suas perspectivas a respeito dos efeitos da política de cotas dentro e fora da Universidade.

Detalhes do artigo

Seção
Número Temático: Avaliação educacional: desafios e perspectivas no cenário nacional e internacional
Biografia do Autor

Bruna Cruz de Anhaia, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Doutoranda em Sociologia e graduanda em Políticas Públicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia da Educação e Sociologia Rural, e na área de Políticas Públicas. É integrante do Grupo de Estudos sobre Universidade (GEU) e do Centro de Estudos Internacionais sobre Governo (CEGOV) da UFRGS e também colaboradora do Laboratório de Pesquisa em Ensino Superior (LAPES) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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