IDEOLOGIA DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO: A DESQUALIFICAÇÃO DE SABERES SUJEITADOS

Conteúdo do artigo principal

Marcos Felipe Gonçalves Maia
Damião Rocha

Resumo

Debate-se a ideologia de gênero na educação brasileira. O cenário do processo de construção da política pública de educação no Brasil se caracterizou por disputas. Tanto no Plano Nacional de Educação (2014-2024), quanto nos planos estaduais e municipais, alguns temas foram rechaçados intencionalmente denominados de “ideologia de gênero”. Objetiva compreender os diversos significados da expressão “ideologia de gênero” no contexto da produção de conhecimentos. Utilizou a metodologia da pesquisa bibliográfica percorrendo a literatura científica em diversos países e demonstra que há uma polifonia em seus sentidos. Pode significar a manutenção do sistema de dominação patriarcal, como crítica a esse fenômeno social. No cenário brasileiro se relaciona com a crítica de um movimento conservador e um posicionamento político partidário.

Detalhes do artigo

Seção
Artigos
Biografia do Autor

Marcos Felipe Gonçalves Maia, UFT

Bacharel em biblioteconomia (UnB). Especialista em Educação e Direitos Humanos (UnB). Mestrando em Educação (PPGE-UFT). Pesquisador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Sexualidade, Corporalidade e Direitos (UFT).

Damião Rocha, UFT

Mestre e Doutor em Educação (UFBA). Professor do Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Tocantins (PPGE/UFT).

Referências

ARANHA, Maria; MARTINS, Maria. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 2005.

CAMPILLO-VÉLEZ, Beatriz. La ideologia de gênero en el derecho colombiano. Díkaion, Chia, Colômbia, v. 22, n. 1, p. 13-54, jun. 2013.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2013.

CHAHÍN-PINZÓN, Nicolás; BRIÑEZ, Blanca. Propriedades psicométricas de la escala de ideologia de género en adolescentes colombianos, Univ. Psychol., v. 14, n. 1, jan./mar. 2015.

CHAUÍ, Marilena. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Cortez, 2007.

CHAUÍ, Marilena. Ideologia e educação. Educação e Sociedade, Ano 2, n. 6, jun. 1980.

DAVIS, Shannon. Gender ideology construction from adolescence to young adulthood. Social Science Research, n. 36, p. 1021-1041, 2007.

DAVIS, Shannon; GREENSTEIN, Theodore. Gender ideology: components, predictors, and consequences. Annual Review of Sociology, n. 35, p. 87-105, 2009.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

FRIGOTTO, G. Os delírios da razão: crise do capital e metamorfose conceitual no campo educacional. In: GENTILI. P. (Org.) Pedagogia da Exclusão: Crítica ao neoliberalismo em educação. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.

GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 2005.

HALL, Stuart. Significação, representação, ideologia. In: HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. p. 151-186.

KUHN, Thomas. S. A estrutura das revoluções científicas. 3.ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.

LIMA, Luís. Estudos de gênero versus ideologia: desafios da teologia. Revista Mandrágora, v. 21, n. 2, p. 89-112, 2015.

LIMA, Telma; MIOTO, Regina. Procedimentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica. Rev. Katál., Florianópolis, v. 10, n. esp., p. 37-45, 2007.

MARSAL, Carmen. Los principios de Yogyakarta: derechos humanos al servicio de la ideologia de género. Díkaion, Chia, Colômbia, v. 20, n. 1, p. 119-130, jun. 2011.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

MEYER, Dagmar. Gênero e educação: teoria e política. In: LOURO, Guacira; FELIPE, Jane; GOELLNER, Silvana. (Orgs.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo em educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. p. 11-29.

MIRANDA-NOVOA, Martha. Diferencia entre la perspectiva de género y la ideología de género. Díkaion, Chia, Colômbia, v. 21, n. 2, p. 337-356, dez. 2012.

NICHOLSON, Linda. Interpreting gender. Signs, v. 20, n. 1, outono, 1994, p. 79-105. Disponível em: < www.jstor.org/stable/3174928 >. Acesso em 23 jun. 2016.

NORONHA, Ceci; DALTRO, Maria. A violência masculina é dirigida para Eva ou Maria? Cadernos de Saúde Pública, V. 7, n. 2, p. 215-231abr./jun. 1991.

POPPER, Karl. Conjecturas e refutações. Brasília: Editora da UnB, 1980.

QIAN, Yue; SAYER, Liana. Division of labor, gender ideology, and marital satisfaction in East Asia. Journal of Marriage and Family, n. 78, p. 383-400, abr. 2016.

RICOUER, Paul. Interpretação e ideologia. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.

RIOS, Roger Raupp. Homofobia na perspectiva dos direitos humanos e no contexto dos estudos sobre preconceito e discriminação. In: JUNQUEIRA, Rogério Diniz (Org.). Diversidade sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília: UNESCO; MEC/SECAD, 2009. p. 13-51. Disponível em: < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me004878.pdf >. Acesso em 04 abr. 2016.

RUBIN, Gayle. The traffic in women. In: REITER, R. (Ed.). Toward an anthropology of women. New York: monthley review press, 1975. p. 157-210.

RUBIO GRUNDELL, Lucrecia. Instinto depravado, impulso ciego, sueño loco: el antifeminismo contemporáneo en perspectiva histórica. Encrucijadas, Revista Critica de Ciencias Sociales, n. 5, p. 121-137, 2013.

SCHAFF, Adam. História e verdade. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, vol. 20, n. 2, jul./dez. Porto Alegre: UFRGS, Faculdade de Educação, 1995. p. 71-99. Tradução de Guacira Lopes Louro.

SEVERINO, Antônio. Educação, ideologia e contra-ideologia. São Paulo: EPU, 1986.

SOTER (Org.). Gênero e teologia: interpelações e perspectivas. Belo Horizonte: Paulinas; Edições Loyola, 2002.

SOUZA, Sandra. “Não à ideologia de gênero!” A produção religiosa da violência de gênero na política brasileira. Estudos de Religião, v. 28, n. 2, p. 188-204, jul./dez., 2014.

SPIVAK, Gayatri. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

THOMPSON, John. Ideologia e cultura moderna: teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes, 2000.

WEEKS, Jeffrey. O corpo e a sexualidade. In: LOURO, Guacira. O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.