Résumé
Apresentar a segunda parte do dossiê sobre Hipótese-cinema de Alain Bergala significa seguir apostando na potência pedagógica das reflexões que se produzem a partir dessa forma de entender, sentir e pesquisar a relação entre o cinema e a educação -- seja no espaço escolar ou universitário. Surge, porém, uma certa tensão relativa ao medo de sermos repetitivos, de não atingirmos a expectativa gerada na primeira parte, de abusar da paciência do leitor insistindo na relevância de um assunto, para nós, tão caro à educação. Esse sentimento evocou rapidamente uma leitura de há muitos anos, que vem se conservando um pouco torta na memória, reduzida à fórmula “segundas (partes) nunca foram boas” ou algo parecido. Lembrava também que tinha lido isso na introdução ao segundo volume de O engenhoso cavaleiro Dom Quixote de la Mancha. Procurei minha velha herança, numa versão já amarelada de 1958, e consegui identificar no prólogo uma advertência ao leitor acerca do que representam as “segundas partes”. Miguel de Cervantes Saavedra diz ao leitor que essa segunda parte de Dom Quixote que nos oferece está feita pelo mesmo autor e é do mesmo pano que a primeira, e pede que consideremos que “la abundancia de las cosas, aunque sean buenas, hace que no se estimem, y la carestía, aún de las malas, se estima en algo”[1](SAAVEDRA, 1958, p. 13).[1] “A fartura das coisas, ainda quando boas, faz com que se não estimem, e a carestia (até das mais) se estima algum tanto” (SAAVEDRA, 2010, p. 49).
Références
BERGALA, Alain. L'hipothèse cinéma. Petit traité de transmission du cinema à l'ecole et ailleurs, Paris: Cahiers du Cinema, 2006.
SAAVEDRA, Miguel de Cervantes. El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha. Tomo II. Buenos Aires: Sopena, 1958.
SAAVEDRA, Miguel de Cervantes. O engenhoso cavaleiro Dom Quixote de la Mancha. Segundo Livro. Tradução e notas de Sérgio Molina. São Paulo: Editora 34, 2010
Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).