Intervenção com um sistema digitalizado de assento e encosto para cadeira de rodas com adolescentes com paralisia cerebral grave: estudo de dois casos/Intervention with a digitalized seat and backrest system for a wheelchair with adolescent’s serious cerebral palsy: study of two cases

Autores

  • Jacqueline Denubila Costa Universidade Federal de São Carlos
  • Daniel Marinho Cruz

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto30436

Palavras-chave:

Equipamentos de autoajuda, cadeiras de rodas, prescrições, terapia ocupacional

Resumo

Introdução: A cadeira de rodas é um equipamento assistivo que contribui para que indivíduos com mobilidade reduzida possam compensar as suas limitações físicas e aumentar a independência e autonomia na vida diária. Objetivo: descrever a intervenção  envolvendo um sistema digitalizado de assento e encosto de cadeira de rodas com dois adolescentes com paralisia cerebral grave e reportar a percepção dos cuidadores quanto à utilização deste sistema. Método: estudo descritivo de dois casos, com abordagem qualitativa. A utilização do sistema digitalizado deu-se a partir das etapas de avaliação, modelagem, digitalização da superfície modelada, usinagem, entrega do produto final e acompanhamento por seis semanas. Instrumentos para caracterização do sistema postural antes e após sua utilização foram aplicados, bem como um roteiro de entrevista semiestruturada a fim de avaliar a percepção dos cuidadores quanto ao processo de intervenção. Resultados: os sistemas posturais foram prescritos por profissionais treinados, sendo que as principais dimensões das cadeiras de rodas foram modificadas, bem como acessórios como apoio de tronco, cintos e mesa para cadeira de rodas foram inseridos. Os cuidadores consideraram a cadeira de rodas como um equipamento que auxilia no desempenho ocupacional e participação dos adolescentes. Entretanto, apresentaram dificuldades relacionadas ao manuseio e estrutura física da cadeira de rodas. Conclusão: A intervenção apresentou benefícios para os adolescentes e seus cuidadores. Dificuldades para a realização de atividades diárias com os recursos foram apontadas, ressaltando a importância do acompanhamento profissional e da prática centrada no cliente com o objetivo de atender às suas demandas e necessidades.

 

Abstract

Introduction: Wheelchair is an assistive equipment that helps individuals with reduced mobility to compensate their physical limitations and increase their independence and autonomy in daily life. Objective: To describe the intervention involving a digitized wheelchair seat and backrest system with two adolescents with severe cerebral palsy and to report the caregivers' perception regarding the use of this system. Method: a descriptive study of two cases, with qualitative approach. The use of the digitized system was based on the evaluation, modeling, digitization of the modeled surface, machining, delivery of the final product and follow-up of six weeks. Instruments for characterization of the postural system before and after its use were applied, as well as a semi-structured interview script to assess the caregivers' perception of the intervention process. Results: Postural systems were prescribed by trained professionals, and the main dimensions of the wheelchair were modified, as well as accessories such as trunk support, seat belts and wheelchair table. The caregivers considered the wheelchair as equipment that assists in the occupational performance and participation of their adolescents. However, they presented difficulties related to the handling and physical structure of the wheelchair. Conclusion: The intervention had benefits for adolescents and their caregivers. Difficulties in performing daily activities with resources were pointed out, emphasizing the importance of professional monitoring and client-centered practice with the goal on their needs and demands.
Key words: Self-Help Devices, Assistive Technology, Wheelchairs, Occupational Therapy, Prescriptions.

 

Resumen

Introducción: la silla de ruedas es un equipo de asistencia que ayuda a las personas con movilidad reducida a compensar sus limitaciones físicas y aumentar la independencia y autonomía en la vida diaria. Objetivo: Describir la intervención que involucra un sistema digitalizado de asiento y respaldo de silla de ruedas con dos adolescentes con parálisis cerebral severa e informar la percepción de los cuidadores sobre el uso de este sistema. Método: estudio descriptivo de dos casos, con abordaje cualitativo. El uso del sistema digitalizado se basó en la evaluación, el modelado, la digitalización de la superficie modelada, el mecanizado, la entrega del producto final y el seguimiento de seis semanas. Se aplicaron instrumentos para la caracterización del sistema postural antes y después de su uso, así como un guión de entrevista semiestructurado para evaluar la percepción del proceso de intervención por parte de los cuidadores. Resultados / Discusión: Profesionales capacitados prescribieron los sistemas posturales, y se modificaron las dimensiones principales de la silla de ruedas, así como accesorios como soporte del maletero, cinturones de seguridad y mesa para sillas de ruedas. Los cuidadores consideraron la silla de ruedas como un equipo que ayuda en el desempeño ocupacional y la participación de los adolescentes. Sin embargo, presentaron dificultades relacionadas con el manejo y la estructura física de la silla de ruedas. Conclusión: la intervención tuvo beneficios para los adolescentes y sus cuidadores. Se destacaron las dificultades para realizar actividades diarias con recursos, destacando la importancia del monitoreo profesional y la práctica centrada en el cliente.

Palabras clave: Equipo de autoayuda, sillas de ruedas, terapia ocupacional, recetas.

 

Referências

Cook AM, Polgar JM. Assistive Technologies: Principles and Practice. 4. ed. St. Louis, MO: Elsevier/Mosby; 2015.

Organização Mundial de Saúde (OMS). Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde. São Paulo: Edusp; 2003.

Cruz DMC, Emmel MLG, Manzini MG, Mendes PV. Assistive Technology Accessibility and Abandonment: Challenges for Occupational Therapists. The Open Journal of Occupational Therapy. 2016; 4(1): 1-7.

Cruz DMC, Emmel MLG. Associations among occupational roles, independence, assistive technology, and purchasing power of individuals with physical disabilities. Revista Latino-Americana de Enfermagem (USP. Ribeirão Preto. Impresso). 2013; 21(1): 484-491.

Henderson S, Skelton H, Rosenbaum P. Assistive devices for children with functional impairments: impact on child and caregiver function. Developmental Medicine and Child Neurology. 2008; 50(2): 89-98.

Laplante MP, Kaye HS. Demographics and trends in wheeled mobility equipment use and accessibility in the community. Assist Technol. 2010; 22(1):3-17.

Fitzgerald SG, Kelleher A, Teodorski E, Collins DM, Boninger M, Cooper RA. The development of a nationwide registry of wheelchair users. Disabil Rehabil Assist Technol. 2007; 2(1):358-65.

Campos MAAD. Cadeira de rodas e acessórios para adequação postural na paralisia cerebral: uma análise documental. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar. 2013; 21(1): 43-9.

Digits Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.digitisbrasil.com.br/>. Acesso em: 20 de março de 2016.

Batista VJ, Silva FP, Kindlein Junior W, Moraes HS, Bersch RCR. Fabricação de assentos personalizados via modelagem em gesso, digitalização 3d e usinagem CNC. Anais do V Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação. Belo Horizonte/MG. 2009.

Goodman C, Fuller K, Boissonnault W. Pathology: Implications for the Physical Therapist. 2. ed. Philadelphia: Saunders; 2003.

Prestes RC. Tecnologia Assistiva: atributos de produto para adequação postural personalizada na posição sentada. [Dissertação de mestrado]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Programa de pós-graduação em design e tecnologia. Porto Alegre, 2011, 97p.

Liao SF, Yang TF, Hsu TC, Chan RC, Wei TS. Differences in seated postural control in children with spastic cerebral palsy and children who are typically developing. Am J Phys Med Rehabil. 2003; 82(1):622–6.

Strobl WM. Seating. J Child Orthop. 2013; 7(1): 395–9.

Fernandes MV, Fernandes AO, Franco RC, Golin MO, Santos LA, Setter CM, et al. Adequações posturais em cadeira de rodas — prevenção de deformidades na paralisia cerebral. Rev. Neurocienc. 2007; 15(4): 292-6.

Prestes RC. Tecnologia Assistiva: atributos de design de produto para adequação postural personalizada na posição sentada. [Dissertação de mestrado]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011, 97 p.

Ribas CG. Tecnologia assistiva: construção de um artefato para adequação da postura sentada em crianças com paralisia cerebral e com múltipla deficiência. [Dissertação de mestrado]. PUCPR, Curitiba, 2006.

Parent F, Dansereau J, Lacoste M, Aissaoui R. Evaluation of the new flexible contour backrest for wheelchairs. Journal of Rehabilitation Research and Development. 2000; 37(3):325-33.

Rodini CO, Collange LA, Juliano Y, Oliveira CS, Isola AM, Almeida SB, et al. Influência da adequação postural em cadeira de rodas na função respiratória de pacientes com distrofia muscular de Duchenne. Fisioter Pesq. 2012; 19(2): 97-102.

Paulisso DC, Schmeler MR, Schein RM, Allegretti ALC, Campos LCB, Costa JD, Fachin-martins E, Cruz DMC. Functional Mobility Assessment is reliable and correlated with satisfaction, independence and skills. Assistive Technology. 2019; 1(1):1-7.

Campos LCB, Caro CC, Fachin-martins E, Cruz DMC. Cross-cultural adaptation and reliability of the Brazilian version of the Wheelchair Skills Test-Questionnaire 4.3 for manual wheelchair users. Assistive Technology. 2019, 1(1): 1-10.

Bertoncello I, Gomes LVN. Análise diacrônica e sincrônica da cadeira de rodas mecanomanual. Revista Produção. v.12, n.1, 2002.

Palisano R, Rosenbaum B, Bartlett L. GMFCS – E & R Gross Motor Function Classification System Expanded and Revised. CanChild Centre for Childhood Disability Research, McMaster University. 2007.

Sampieri H, Collado F, Lucio B. Coleta de dados quantitativos. In: Sampieri H, Collado F, Lucio B. Metodologia de pesquisa. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2013, p.214-90.

Wright C, Casey J, Porter-Armstrong A. Establishing Best Practice In Seating Assessment For Children With Physical Disabilities Using Qualitative Methodologies. Disability and Rehabilitation. Assistive technology. 2010; 5(1): 34-47.

Brasil. Procedimento adaptação postural em cadeiras de rodas na tabela de órteses, próteses e materiais especiais do sus. Ministério da Saúde Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos – DGITS/SCTIE Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) - Relatório n° 5. 2013.

Organização Mundial da Saúde (OMS). Pacote de treinamento em serviços para cadeira de rodas. 2012. 88p.

Ostensjo S, Carlberg EB, Vollestad N. The use and impact of assistive devices and other environmental modifications on everyday activities and care in young children with cerebral palsy. Disability and Rehabilitation. 2005; 27(14): 849-61.

Salminen AL, Brandt A, Samuelsson K, Toytari O, Malmivaara A. Mobility devices to promote activity and participation: a systematic review. Journal of Rehabilitation Medicine. 2009; 41(9): 697-706.

Volpini M, Brandão MB, Pereira LAR, Mancini MC, Assis MG. Mobilidade sobre rodas: a percepção de pais de crianças com paralisia cerebral. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar. 2013; 21(3):471-8.

Glumac LK, Pennington S, Sweeney J, Leavitt R. Guatemalan caregivers’ perceptions of receiving and using wheelchairs donated for their children. Pediatric Physical Therapy. 2009; 21(2):167-75.

Dugan LM, Campbell PH, Wilcox MJ. Making decisions about assistive technology with infants and toddlers. Topics in Early Childhood Special Education. 2006; 26(1): 25-32.

Wiart L, Darrah J, Hollis V, Cook A, May L. Mothers’ perceptions of their children’s use of powered mobility. Physical & Occupational Therapy in Pediatrics. 2004; 24(4): 3-21.

Crytzer TM, Honga EK, Diciannoa BE, Pearlmana J, Schmeler M, Cooper RA. Identifying characteristic back shapes from anatomical scans of wheelchair users to improve seating design. Medical Engineering and Physics. 2016; 21(4):1-9.

Mcdonald R, Surtees R, Wirz S. A comparison between parents’ and therapists’ views of their child’s individual seating systems. International Journal of Rehabilitation Research. 2003; 26(3): 235-243.

Varela RCB, Oliver FC. A utilização de Tecnologia Assistiva na vida cotidiana de crianças com deficiência. Ciência e Saúde Coletiva. 2013; 18(6): 1773-84.

Downloads

Publicado

30-04-2020

Edição

Seção

Artigo Original