Análise Microfaciológica e Geoquímica dos Folhelhos da Formação Morro do Chaves, Bacia de Sergipe-Alagoas
DOI:
https://doi.org/10.11137/1982-3908_2021_44_36667Keywords:
Formação Morro do Chaves, Folhelhos, MicrofáciesAbstract
Folhelhos são rochas microclásticas físseis, podendo constituir-se em rochas geradoras, reservatório ou selantes em um sistema petrolífero. A Formação Morro do Chaves, de idade Jiquiá (Barremiano/Aptiano) da Bacia Sergipe-Alagoas, contém camadas de folhelhos e arenitos intercalados numa sucessão de coquinas depositadas em paleoambiente lacustre, aflorantes na antiga Pedreira Atol, em São Miguel dos Campos (AL). Este afloramento é considerado um importante análogo para reservatórios carbonáticos do intervalo Pré-sal das Bacias de Santos e Campos. Assim, presente estudo objetiva a caracterização microfaciológica e geoquímica desses folhelhos na sucessão estratigráfica das coquinas, com a finalidade de contribuir com as interpretações paleoambientais propostas atualmente na literatura. Para caracterização de microfácies, 150 metros de testemunho contínuo de sondagem foram descritos macroscopicamente e 25 lâminas petrográficas foram analisadas, apoiadas por análise de DRX, análise geoquímica orgânica (COT) e perfil geofísico de poço (Perfis Raios Gama e Caliper). Caracterizaram-se nove microfácies, sendo oito siliciclásticas, formadas texturalmente por argilitos, siltitos e arenito, compostas basicamente por quartzo, muscovita, feldspatos e argilominerais dos grupos da caulinita, clorita e illita, acrescentando-se ainda a calcita, relacionada à presença de valvas de ostracodes; e uma carbonática, formada por processos diagenéticos pós-deposicionais. A interpretação das microfácies aponta para mudanças no nível relativo do lago, alternando condições oxidantes e redutoras, associadas à variações climáticas e, por vezes, à atividades tectônicas na bacia.
References
Abrahão, D. & Warme, J.E. 1990. Lacustrine and associated deposits in a rifted continental margin-Lower Cretaceous Lagoa Feia Formation, Campos Basin, offshore Brazil. In: KATZ, B.J. (ED.). Lacustrine Basin Exploration Case Studies and Modern Analogs. American Association of Petroleum Geologists Memoir 50, pp. 287-305.
Azambuja, N.C. & Arienti, L.M. 1998. Guidebook to the Rift–Drift Sergipe–Alagoas Passive Margin Basin, Brazil. In: THE 1998 AAPG INTERNATIONAL CONFERENCE AND EXHIBITION, Rio de Janeiro, 1998, p.113.
Beasley, C.J.; Fiduk, J.C.; Bize, E.; Boyd, A.; Frydman, M.; Zerili, A.; Dribus, J.R.; Moreira, J.L.P. & Pinto, A.C.C. 2010. Brazil’s Presalt Play. Oilfield Review, 22(3): 28–37.
Bridge, J.S. 2006. Fluvial facies models: recent developments. In: POSAMENTIER, H.W., WALKER, R.G. (EDS.) Facies Models revisited: SEPM, Special Publication 84, p. 85–170.
Brett, C.E. & Baird, G.C. 1986. Comparative taphonomy: a key to palaeoenvironmental interpretation based on fossil preservation. Palaios, 1: 207–227.
Castro, J.C. 2006. Evolução dos conhecimentos sobre as coquinas-reservatório da Formação Lagoa Feia no Trend Badejo-Linguado-Pampo, Bacia de Campos. Geociências, 25: 175-186.
Carelli, T.G. 2010. Caracterização de Microfácies Sedimentares em folhelhos da Formação Ponta Grossa (Devoniano), na borda leste da Bacia do Paraná. Programa de Pós-graduação em Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, 18p.
Carvalho, M.D.; Praça, U.M.; Silva-Telles, A.C.; Jahnert, R.J. & Dias, J.L. 2000. Bioclastic carbonate lacustrine facies models in the Campos Basin (Lower Cretaceous), Brazil. In: GIERLOWSKI-KORDESCH, E.H., AND KELTS, K.R., EDS. Lake basins through Space and Time. American Association of Petroleum Geologists, Studies in Geology 46, p. 245–256.
Chang, H.K.; Assine, M.L.; Corrêa, F.S.; Tinen, J.S.; Vidal, A.C. & Koike, L. 2008. Sistemas petrolíferos e modelos de acumulação de hidrocarbonetos na Bacia de Santos. Revista Brasileira de Geociências, 38(2): 29-46.
Chinelatto, G.F.; Vidal, A.C. & Kuroda, M.C. 2018. A taphofacies model for coquina sedimentation in lakes (Lower Cretaceous, Morro do chaves formation, NE Brazil). Cretaceous Research, 85: 1–19.
Chinelatto, G.F.; Belila, A.M.P.; Basso, M.; Souza, J.P.P. & Vidal, A.C. 2020. A taphofacies interpretation of shell concentrations and their relationship with petrophysics: A case study of barremian-aptian coquinas in the itapema formation, Santos Basin-Brazil. Marine and Petroleum Geology, 116: 104317. doi: https://doi.org/10.1016/j.marpetgeo.2020.104317.
Cowan, C.A. & James, N.P. 1992. Diastasis cracks: mechanically generated synaeresis-like cracks in Upper Cambrian shallow water oolite and ribbon carbonates. Sedimentology, 39: 1101–1118.
Corbett, P.W.M.; Estrella, R.; Rodriguez, A.M.; Shoeir, A.; Borghi, L. & Tavares, A.C. 2016. Integration of Cretaceous Morro do Chaves rock properties (NE Brazil) with the Holocene Hamelin Coquina architecture (Shark Bay, Western Australia) to model effective permeability. Petroleum Geoscience, 22: 105–122.
Dunham, R.J. 1962. Classification of Carbonate Rocks According to Depositional Texture. AAPG Memoir, vol 1: 108-121.
Figueiredo, A.M.F. 1981. Depositional Systems in the Lower Cretaceous Morro do Chaves and Coqueiro Seco Formations, and their Relationship to Petroleum Accumulations, Middle Rift Sequence, Sergipe–Alagoas Basin, Brazil. University of Texas, Tese de Doutorado, 275p.
Garcia, A.J.V.; Ribeiro, D.M.; Figueiredo, S.S.; Dantas, M.S.; Oliveira, I.; Leite, K.A.S. & Garcia, G.G. 2015. 3D Modeling of carbonate reservoir analogue outcrops using CAMURES methodology, Sergipe–Alagoas Basin (SEAL), northeastern Brazil [Abstract]: American Association of Petroleum Geologists, International Conference and Exhibition, May 31–June 3, Denver, Colorado.
Garcia, G.G.; Garcia, A.J.V. & Henriques, M.H.P. 2018. Palynology of the Morro do Chaves Formation (Lower Cretaceous), Sergipe Alagoas Basin, NE Brazil: paleoenvironmental implications for the early history of the South Atlantic. Cretaceous Research, 90: 7–20.
Harris, N.B.; Sorriaux, P. & Toomey, D.F. 1994. Geology of the Lower Cretaceous Viodo carbonate, Congo Basin: a lacustrine carbonate in the South Atlantic Rift. In: LOMANDO, J.A.; SCHREIBER, B.C. & HARRIS, P.M., (EDS). Lacustrine Reservoirs and Depositional Systems: SEPM, Core Workshop 19, p. 143–172.
Lana, M.C. 1990. Bacia de Sergipe–Alagoas: Uma Hipótese de Evolução Tectono–Sedimentar. In: GABAGLIA, G.P.R. & MILANI, E.J. Origem e Evolução de Bacias Sedimentares. Editora Gávea, p. 415.
Leventhal, J.S. 1983. An interpretation of carbon and sulfur relationships in Black Sea sediments as indicators of environments of deposition. Geochimica et Cosmochimica Acta, 47: 133-137.
Leventhal, J.S. 1995. Carbon-sulfur plots to show diagenetic and epigenetic sulfidation in sediments. Geochimica et Cosmochimica Acta, 59(6): 1207-1211.
Maffissoni, A.F. 2000. Paleoictiofauna da Formação Coqueiro Seco, Aptiano Inferior do estado de Alagoas, Nordeste do Brasil. Programa de Pós–Graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Tese de Doutorado, 149p.
Miall, A.D. 2006. The Geology of Fluvial Deposits: Sedimentary Facies, Basin Analysis, and Petroleum Geology. Berlin, Springer, 582 p.
Mizuno, T.A.; Mizusaki, A.M.P. & Lykawka, R. 2018. Facies and paleoenvironments of the Coqueiros Formation (Lower Cretaceous, Campos Basin): A high frequency stratigraphic model to support pre-salt “coquinas” reservoir development in the Brazilian continental margin. Journal of South American Earth Sciences, 88: 107-117.
Muniz, M.C. 2013. Tectono-stratigraphic evolution of the Barremian–Aptian Continental Rift Carbonates in Southern Campos Basin, Brazil [Ph.D. Thesis]: Royal Holloway University of London, 301 p.
Mutti, E.; Tinterri, R.; Remacha, R.; Mavilla, N.; Angella, S. & Fava, L. 1999. An introduction to the analysis of ancient turbidite basins from an outcrop perspective. American Association of Petroleum Geologists Continuing Education Course Note, Ser. 39, 96p.
Neto, O.P.A.C.; Lima, W.S. & Cruz, F.E.G. 2007. Bacia de Sergipe–Alagoas. Boletim de Geociências da Petrobrás, 15: 405–415.
Oliveira, V.C.B.; Silva, C.M.A.; Borghi, L.F. & Carvalho, I.S. 2019. Lacustrine coquinas and hybrid deposits from rift phase: Pre-Salt, lower Cretaceous, Campos Basin, Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 95: 102254.
Peters, K.E. & Cassa, M.R. 1994. Applied Source Rock Geochemistry. AAPG Memoir, 60: 93-120.
Potter, P.E.; Maynard, J.B. & Depetrus, P.J. 2005. Mud and Mudstones. Berlin, Springer Verlag. 297p.
Rigueti, A.L.; Dal’Bó, P.F.; Borghi, L. & Mendes, M. 2020. Bioclastic Accumulation In A Lake Rift Basin: The Early Cretaceous Coquinas Of The Sergipe–Alagoas Basin, Brazil. Journal of Sedimentary Research, 90: 228–249p.
Schaller, H. 1969. Revisão estratigráfica da Bacia de Sergipe/Alagoas. Boletim técnico da Petrobras, 12(1): 21-86.
Tavares, A.C.; Borghi, L.; Corbett, P.; Nobre-Lopes, J.; Câmera, R. 2015. Facies and depositional environments for the coquinas of the Morro do Chaves Formation, Sergipe-Alagoas Basin, defined by taphonomic and compositional criteria. Brazilian Journal Geology, 45: 415-429.
Thompson, D.L.; Stilwell, J.D. & Hall, M. 2015. Lacustrine carbonate reservoirs from Early Cretaceous rift lakes of Western Gondwana: Pre-salt coquinas of Brazil and West Africa. Gondwana Research, 28: 26–51.
Teixeira, B.F.L. 2012. Coquinas da Formação Morro do Chaves (Cretáceo Inferior), seção Rifte da Bacia de Sergipe-Alagoas. Curso de Graduação em Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Trabalho de Conclusão de Curso, 107p.
Walker, R.G. & Plint, A.G. 1992. Wave- and storm-dominated shallow marine systems. In: WALKER R.G. & JAMES N.P. (EDS.). Facies Models - Response to Sea Level Change. Newfoundland, Geological Association of Canada Publications, p. 219-238.
Walker, R.G. 2006. Facies Models revisited: Introduction. In: POSAMENTIER, H.W. & WALKER, R.G. (EDS.) 2006. Facies Models Revisited. Tulsa Society for Sedimentary Geology, SEPM Special Publication 84, p. 1-18.
Winter, W.R.; Jahnert, R.J. & França, A.B. 2007. Bacia de Campos. Boletim de Geociências da Petrobrás, 15: 511-529.
Downloads
Additional Files
Published
Issue
Section
License
This journal is licensed under a Creative Commons — Attribution 4.0 International — CC BY 4.0, which permits use, distribution and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.