Chamadas para Submissões de Artigos: DIADORIM VOLUME 24-1 - DOSSIÊS

PERÍODO DE SUBMISSÃO: OUTUBRO A NOVEMBRO DE 2021.  Prazo final ampliado:  22 de dezembro de 2021

Variação nas línguas românicas

dossiê temático de língua do primeiro número do volume 24 da Diadorim: revista de estudos linguísticos e literários (periódico de acesso aberto e revisado por pares), publicado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas visa a reunir pesquisas sobre variação nas línguas românicas, no Português no mundo. Os artigos focalizarão temas, problemas e/ou proposições relacionados, mas não limitados, a:

- análise descritiva ou descritivo-comparativa de fenômenos fonético-fonológicos, morfossintáticos e textuais-discursivos do Português (em todas as suas variedades nacionais: europeia, brasileira, moçambicana, santomense, angolana, guineense, cabo-verdiana) e de outras línguas românicas (francês, espanhol, italiano, occitano, gascão, romeno);

- metodologia e documentação linguística para comparação de variedades de línguas românicas;

- tratamento de variedades do português e de outras línguas românicas em espaços de educação linguística, contato bilíngue ou multilíngue;

- pesquisa de amostras de dados de espaços discursivos digitais, redes sociais.

São, portanto, bem-vindos artigos que se centrem apenas no Português ou em suas variedades, na comparação do Português com outras línguas românicas ou de duas ou mais destas e, ainda, apenas noutra língua românica.

Esse dossiê será organizado por Vanessa Meireles Ferré (Universidade Paul Valéry/Monptellier 3 - UPVM), Marcia dos Santos Machado Vieira (Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ) e Sophie Sarrazin (Universidade Paul Valéry/Monptellier 3 - UPVM)

 

Literatura ameríndia de autoria feminina

No contexto atual do movimento de afirmação das culturas dos povos originários observado nas Américas, a literatura ameríndia de autoria feminina ocupa um lugar de destaque no processo de superação da invisibilização étnica. A proposta deste dossiê é refletir sobre um corpus em português, espanhol, francês e inglês, de autoria de mulheres ameríndias, que tensiona as relações com as culturas nacionais institucionalizadas. Essa tensão se inscreve no próprio tecido linguístico, uma vez que as autoras recorrem a uma estratégia canibalesca que consiste em se apropriar das línguas europeias colonizadoras para se autorrepresentarem, produzirem um novo imaginário, recriarem mundos e cosmovisões, subvertendo os paradigmas da colonialidade (Aníbal Quijano), que se perpetuam na contemporaneidade. Os estudos devem contemplar as questões atinentes a essa produção, atravessada pela subjetividade feminina e pelo desejo de emancipação literária e social. Entre outras pistas que se oferecem à reflexão, destacam-se a contextualização das vozes das escritoras ameríndias; a relação da escrita com a práxis política; o resgate da memória ancestral e sua transmissão intergeracional; a representação da dimensão da historicidade do espaço; a espoliação dos territórios autóctones; a intersecção entre a memória do território autóctone e as paisagens urbanas; a experiência sensorial do espaço; a sensibilidade erótica; as formas originais de expressão artística; a fricção linguística e cultural. O objetivo é esboçar uma antologia crítica sobre as vozes ameríndias femininas que se destacam no espaço literário contemporâneo das Américas. A perspectiva comparada interamericana, promovendo o diálogo para além das fronteiras nacionais, será bem-vinda. Serão aceitos textos em português, espanhol, francês e inglês.

Esse dossiê será organizado pelos Professores Doutores Godofredo de Oliveira Neto (UFRJ), Anélia Pietrani (UFRJ) e Rita Olivieri-Godet (Université Rennes 2 / Institut Universitaire de France).

Algumas referências críticas:

BERND, Zilá. Por uma estética dos vestígios memoriais. Belo Horizonte: Fino traço, 2013.

DORRICO, Julie (et all. orgs.) Literatura indígena brasileira contemporânea. Criação, crítica e recepção. Porto Alegre: Editora Fi, 2018.

FIGUEIREDO, Eurídice. Representações de etnicidade: perspectivas interamericanas de literatura e cultura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2010.

GATTI, Maurizio. Être écrivain amérindien au Québec. Indianité et création littéraire. Montréal : Hurbise, 2006.

GRAUNA, Graça. Contrapontos da literatura indígena contemporânea no Brasil. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2013.

MARTINS, Maria Sílvia. O poder das palavras: em sua força poética, xamânica e tradutória. Campinas: Mercado de Letras, 2020.

MIGNOLO, Walter. La désobéissance épistémique. Rhétorique de la modernité, logique de la colonialité et grammaire de la décolonialité. Bruxelles : Peter Lang, 2015.

OLIVIERI-GODET, Rita. Vozes de mulheres ameríndias nas literaturas brasileira e quebequense. Rio de Janeiro: Edições Makunaima, 2020.

http://www.edicoesmakunaima.com.br/images/livros/vozesdemulheres%20amerindias.pdf (livre acesso)

OLIVIERI-GODET, Rita. Ecrire l’espace des Amériques: représentations littéraires et voix de femmes amérindiennes. New York: P.I.E. Peter Lang, Col. Brazilian Studies, v. 5, 2019.

ROCHA VIVAS, Miguel. Palabras mayores, palabras vivas. Tradiciones mítico-literárias y escritores indígenas en Colombia. Bogota, 2010.

QUIJANO Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura de Souza e MENEZES, Maria Paula (org.). Epistemologias do sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009, p. 72-116.