ANÁLISE DE EMPRÉSTIMOS SOB A ÓTICA DA MORFOLOGIA DISTRIBUÍDA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.35520/diadorim.2021.v23n2a40799

Palavras-chave:

Empréstimo, morfossemântica de empréstimos, construção composicional e idiomática, novas construções sintáticas.

Resumo

Este estudo tem como objetivo analisar e apresentar a maneira pela qual palavras e construções sintáticas da língua inglesa são integradas na gramática dos falantes do português do Brasil, considerando a análise construcionista de Gramática Gerativa da Morfologia Distribuída (MARANTZ, 1997). A análise desses empréstimos é dividida em três partes: análise de palavras simples, compostas e de criações sintáticas nativas contendo um empréstimo. A hipótese é a de que uma análise baseada em raízes que se concatenam a morfemas forneça ferramentas mais precisas para analisar a incorporação de palavras emprestadas. Os resultados obtidos através das análises de dados mostram que há um padrão no processo de naturalização dos empréstimos na língua portuguesa: palavras simples e compostas, quando aportuguesadas, trazem apenas a raiz. Os contextos sintáticos das palavras da língua de origem sejam eles construções composicionais ou idiomáticas, uma vez integrados à raiz na língua alvo, podem alterar-se livremente a ponto de tornarem-se pontos de partida para novas construções sintáticas pautadas pela gramática do português. Esses resultados de incorporação de palavras emprestadas do inglês no português confirmam a hipótese do modelo teórico da Morfologia Distribuída no que diz respeito à formação de palavras no âmbito geral.

Biografia do Autor

Isabella Lopes Pederneira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Isabella Lopes Pederneira é Professora Adjunta do Departamento de Letras Vernáculas - setor Língua Portuguesa da UFRJ. Em 2019, foi contemplada pelo edital FAPERJ ARC-2019 para professores recém-contratados, com o projeto de pesquisa vinculado ao CNPq, intitulado "Correspondências interlinguísticas em polissemia de verbos cognatos em línguas românicas". É Pós-doutora pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob supervisão da Professora Miriam Lemle. Concluiu o doutorado em Linguística pelo PPGLing da UFRJ, com bolsa CNPq, sob orientação da Professora Doutora Titular Emérita Miriam Lemle, tendo pesquisado a interface sintaxe-semântica a partir da análise de verbos polissêmicos no português brasileiro. De 2015 a 2016, atuou como Profª. Substituta de Estudos Linguísticos do Departamento de Libras da UFRJ. É Mestre em Linguística pelo PPGLing/UFRJ com a dissertação "Etimologia e Reanálise de Palavras". No mestrado, foi contemplada com a bolsa nota 10 da FAPERJ. Possui graduação com diploma Cum Laude em Letras Português-Latim pela UFRJ, período em que atuou como monitora de Linguística III e foi bolsista FAPERJ de Iniciação Científica. De 2008 a 2009, atuou como Profª Substituta do Departamento de Linguística e Filologia da UFRJ. Na segunda graduação, que se iniciou em 2009, em Letras Português-Italiano, atuou como monitora de Língua Italiana do CLAC/UFRJ. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria Linguística, e produção intelectual direcionada principalmente para os seguintes temas: Sintaxe, Interface sintaxe-Semântica, Morfologia, Formação de palavras novas, Estrutura argumental, Padrões sintáticos e Mudança Diacrônica. Atuou, ainda, como estudante/pesquisador visitante em Queen Mary University of London com bolsa CAPES, sob orientação da pesquisadora Hagit Borer. Isabella Pederneira coordena duas ações de extensão vinculadas à UFRJ, um projeto, intitulado ?Gramática Gerativa na Educação Básica: divulgando os saberes da Universidade? e um curso, intitulado ?Sintaxe até embaixo?. Isabella atua ainda outra extensão vinculada à UFF, com o título ?Sintaxe em tudo?, coordenada pela Profª Doutora Elaine Melo.

Rafaela do Nascimento Melo Aquino, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo bolsista CAPES. Mestre em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2016), com dissertação sobre a interface sintaxe-semântica entre nomes e adjetivos deverbais cognatos nas línguas portuguesa e espanhola financiada pela CAPES. Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Linguísitca Gerativa, atuando principalmente nos seguintes temas: interface sintaxe-semântica, perda de camadas morfológicas; significado em palavras complexas; estrutura argumental; idiomaticidade de verbos e nomes e verbos leves.

Miriam Lemle, Universidade Federal do Rio de Janeiro

In Memoriam. Graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1959), mestre em Linguística pela University of Pennsylvania, USA (1965) e doutora em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1980). Fez pós-doutorado no MIT, USA (1985) e foi Livre Docente pela UFRJ (1987). Foi Professora Titular Emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora do Laboratório LIFSS - Laboratório de Interface Sintaxe-Semântica. Experiência na área de Linguística, na linha de Gramática Gerativa. Atuou como professora, orientadora e pesquisadora, principalmente em temas voltados para a especificação dos mecanismos de interface entre a sintaxe e a semântica.

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Publicado

2021-09-20

Edição

Seção

Dossiê de Língua/Language Dossier