Como nos movemos nos dois lados da fronteira – Reflexão sobre variação lexical entre o português e o galego

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v5iEspecial2.27016

Palavras-chave:

Verbos de movimento. Português. Galego. Variação lexical.

Resumo

A reflexão sobre o conceito de movimento remonta à filosofia grega pré-socrática, associada a outros conceitos como os de tempo, de mudança e metamorfose. É histórica a contenda entre Parménides (imobilidade) e Heráclito de Éfeso, para quem na natureza, na vida e na sociedade tudo é dinâmico. Mais tarde, Aristóteles sintetizou estas duas posições e o conceito de movimento, frequentemente associado a mudança e devir, torna-se num dos principais desafios colocados ao pensamento aristotélico. O filósofo traça uma teoria do movimento, dividindo-o em deslocamento no espaço (traslação), substância (geração), mudança quantitativa (aumento e diminuição) e mudança qualitativa (alteração). Neste sentido, estão lançadas as bases para a máxima tomista: Tudo o que se move é movido por alguma coisa.

Do ponto de vista lexical, uma recolha (e respetiva análise) dos verbos que carregam o sema de movimento permitirá traçar um percurso da forma como o sujeito se relaciona desde sempre com tudo o que o rodeia, sendo ainda mais pertinente verificar a existência de pontos de contacto e de afastamento entre línguas como o galego e o português que partilham não só uma fronteira, como também uma história.

Biografia do Autor

Ana Rita Carrilho, Universidade da Beira Interior

Doutora em Letras (Linguística) pela Universidade da Beira Interior (Covilhã, Portugal) e docente do Departamento de Letras desta mesma universidade. É membro integrado do centro de investigação LabCom.IFP (UBI, Portugal), desenvolvendo investigação na área da Linguística Aplicada ao ensino do Português Língua Não Materna, Pragmática e Didática da Língua.

Ignacio Vázquez Diéguez, Universidade da Beira Interior

Doutor em Filologia Hispânica, licenciado em Filologia Hispânica e Filologia Românica [Galaico-português] pela Universitat de Barcelona (Espanha). É professor auxiliar na Universidade da Beira Interior. As suas áreas de investigação prendem-se com a lexicografia, a gramática histórica, a gramática contrastiva e a didática do espanhol. Está vinculado ao Instituto da Lingua Galega (USC, Espanha) e ao Grup d’Història i Contacte de Llengües (UB, Espanha).

Referências

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Publicado

2019-11-19