A incerteza como método nos escritos e na arte de Jacopo Pontormo

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v6i2.32306

Palavras-chave:

Jacopo Pontormo. Pintura italiana. Maneirismo. Literatura artística. Ceticismo.

Resumo

A produção artística de Jacopo Pontormo já foi classificada tanto como integrada ao Maneirismo quanto como sendo a expressão de um experimentalismo anticlássico. Ao longo do século XX, muitas foram as tentativas empreendidas por historiadores da arte para vincular o Maneirismo a um ambiente configurado por profundas crises, e a obra de Pontormo não foi excluída desse cenário. Neste artigo, proponho uma revisão dessa interpretação através de uma possibilidade para seu desdobramento. Para tanto, recorro ao que aqui se define como “noção de incerteza”, algo que passou a se manifestar mais fortemente a partir daquele período. Com a intenção de demonstrar a plausibilidade dessa proposição, foram consideradas uma possível fonte intelectual, isto é, a renovação do ceticismo a partir da circulação da obra de Sexto Empírico, assim como os próprios escritos, pinturas e desenhos de Pontormo.

Biografia do Autor

Alexandre Ragazzi, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Mestre e doutor em História da Arte pela UNICAMP, tendo realizado seu doutoramento em um programa de cooperação com a Università degli Studi di Firenze. Seus interesses de pesquisa estão voltados para as relações entre pintura e escultura durante o Renascimento e o Maneirismo italianos. Atualmente é professor do Departamento de Teoria e História da Arte da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e membro do Programa de Pós-Graduação em História da Arte (PPGHA/UERJ).

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Publicado

2020-06-06

Edição

Seção

Artigos - Dossiê Temático