A redução no quadro de clíticos de terceira pessoa no português brasileiro: um estudo diacrônico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v7iespec.44191

Palavras-chave:

Clítico acusativo. Clítico dativo. Clítico indefinido. Português europeu. Português brasileiro.

Resumo

Neste artigo, reunimos três estudos que utilizam as mesmas amostras de peças de teatro brasileiras e portuguesas, escritas ao longo dos séculos XIX e XX, para uma análise de sintaxe comparativa do uso dos clíticos acusativo e dativo para referência à 3ª pessoa e do clítico indefinido “se”. Com base em propostas sobre seu estatuto, como elementos de concordância, em oposição aos clíticos para referência à 1ª e 2ª pessoas, que se comportam como sintagmas e são dêiticos, encontramos as respostas para seu desaparecimento no português brasileiro e evidências da sua estabilidade e robustez do português europeu. Incluídos entre os elementos de concordância, enfraquecidos no PB tal como os morfemas flexionais verbais, por questões sócio-históricas, esses clíticos passam a ser representados por formas alternativas explicadas, em parte, pela orientação para o discurso e, em parte, para a remarcação do valor do Parâmetros do Sujeito Nulo.

Biografia do Autor

Maria Eugenia Lammoglia Duarte, Universidade Federal do Rio de

Professor Titular do Departamento de Letras Vernáculas da Facudade de Letras (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atua na área de sintaxe sincrônica e diacrônica do português. Tem interesse em análises contrastivas de variedades do português e outras línguas românicas.

Antonio Anderson Marques de Sousa, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Letras (Língua Portuguesa) pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ e atua como professor substituto da Faculdade de Letras da mesma instituição e também na rede municipal de ensino.

Ulli Santos Bispo Fernandes, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa) pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ e doutoranda no mesmo programa. Atualmente, trabalha como professora de língua portuguesa do ensino fundamental II no Colégio Recanto. Além disso, tem se dedicado a análises contrastivas da sintaxe da língua portuguesa, particularmente a estudos diacrônicos sobre o sistema pronominal do português brasileiro e do português europeu.

Marianna Maroja Confalonieri Cardoso, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestre em Língua Portuguesa pelo Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da UFRJ e atua como professora do Ensino Médio em instituições da rede pública e privada.

Referências

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Publicado

2021-09-20