Descrição e prescrição: sobre os usos gráficos e a ortografia em sincronias passadas
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v9i2.55278Palavras-chave:
Grafemática História. Ideias ortográficas. Tratadistas. Língua escrita.Resumo
A descrição dos usos gráficos e a prescrição ortográfica são dois motores que atravessam a pleno funcionamento toda a história da língua portuguesa, a datar do século XVI, com as primeiras obras metaortográficas, até os dias de hoje, com as pesquisas linguísticas ou a escola, por exemplo. São eles os propulsores deste trabalho, cujo objetivo é levantar uma reflexão, através de um repasse historiográfico, a respeito da presença dos tratados e tratadistas nas investigações de Grafemática Histórica voltadas para o português brasileiro (PB) de maneira a problematizar a contribuição dessas fontes para entender a engrenagem da língua escrita e da ortografia em sincronias passadas, sobretudo no Brasil. Para tanto, percorrem-se três etapas, cada qual fundamentada majoritariamente nas premissas e ideias de um autor ligado aos estudos diacrônicos: 1º. partindo de Ramírez Luengo (2012), um inventário de algumas pesquisas nacionais relacionadas ao PB na área da Grafemática Histórica; 2º. a apresentação do intrincado cenário histórico, no mundo lusófono, tanto das ideias ortográficas, com aporte central em Gonçalves (2013), quanto da sociedade brasileira; e 3º. a reflexão, nas trilhas provocadas por Morais de Melo (2018), acerca das pesquisas grafemáticas de orientação diacrônica voltadas ao PB em face do complexo quadro metaortográfico e extralinguístico exposto. O trabalho identifica uma prevalência do uso de tratadistas nas pesquisas em apreço e constata, nas veredas lusófonas, não só uma peculiar e bastante acentuada profusão de ideias ortográficas mas também uma realidade de bastante penúria social e educacional no Brasil. Do cruzamento desses resultados, repensa o papel dos tratadistas nos estudos da língua escrita em perspectiva diacrônica dirigidos ao PB.
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