Manuscritos criptografados

um ensaio paleográfico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v11i1.64380

Palavras-chave:

Paleografia, Criptografia, Manuscritos, Codificação, História da escrita

Resumo

À luz de teorias paleográficas, este artigo trata de um exame metodológico de manuscritos relacionados à criptografia. Inicia-se com uma abordagem do pensamento teórico sobre a criação de manuscritos convencionais, nomeados pela criptologia como ‘texto simples’, reconhecidos por sua transparência e fluidez na comunicação de ideias. Em contraste, os criptogramas são caracterizados por uma complexidade adicional, exigindo a criação e compreensão de códigos que são compartilhados exclusivamente entre o emissor e o receptor, destacando sua funcionalidade nos contextos em que a privacidade e a segurança da informação são prioritárias. Muitos desses documentos foram intencionalmente destruídos ao longo do tempo, restringindo as fontes disponíveis para pesquisa. No entanto, alguns exemplares sobreviveram e, neste artigo, apresenta-se um desses casos. Trata-se um criptograma que serviu de comunicação entre o ex-governador do Brasil, Antonio Telles da Silva, e o rei de Portugal, D. João IV, durante a colonização holandesa em Pernambuco. Por fim, este artigo conclama a uma maior atenção à pesquisa paleográfica desses documentos, mostrando como evidenciam práticas culturais e estruturas de poder de suas épocas, além de ampliarem o entendimento sobre a intersecção entre linguagem, segredo e sociedade.

Biografia do Autor

Antonio Ackel, Universidade de São Paulo

Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (2024) com sanduíche em história marítima pela Universiteit Leiden (CAPES e PrInt/2021-2024). Mestrado pelo mesmo programa brasileiro (2019) com estágio na Rijksuniversiteit Groningen (Erasmus+ ICM, CNPq e CAPES/2018-2019). Pós-graduação em Docência no Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2018). Pesquisador visitante na Katholieke Universiteit Leuven (2016). Graduação em Linguística pela Universidade de São Paulo (2016). Atua no grupo de pesquisadores do Laboratório de Estudos de Etnicidade, Racismo e Discriminação - LEER da Universidade de São Paulo.

Referências

ABBOUD, M; PREST, T. Cryptographic Divergences: New Techniques and New Applications. Cryptology ePrint Archive. n. 815, 2020. Disponível em https://ia.cr/2020/815. Consultado em: 19 ago. 2024.

AKKERMAN, N. The Correspondence of Elizabeth Stuart. Queen of Bohemia, 3 vols. Oxford: Oxford University Press, 2011.

ARAÚJO, H. Amigos fingidos y enemigos encubiertos: el gobierno general y la insurrección pernambucana (1642-1645). Prohistoria. v. 21 Rosário, p. 27-53, jun. 2014. Disponível em http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S1851-95042014000100002&script=sci_arttext&tlng=es. Consultado em: 19 ago. 2024.

BAUER, C. Secret History: The Story of Cryptology. London: Chapman and Hall, 2013.

BISCHOFF, Bernard. Übersicht über die nichtdiplomatischen Geheimschriften des Mittlealters. In FICHTENAU, Heinrich. Sonderdruck aus Mitteilungendes Instituts für Österreichische Geschichtsforschung. Graz: Böhlau, p. 1-27, 1954. Disponível em https://www.mgh-bibliothek.de/dokumente/b/b023446.pdf. Consultado em: 19 ago. 2024.

BISCHOFF, B. Latin Palaeography: Antiquity and the Middle Ages. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

BOOT, M. Invisible Armies: An Epic History of Guerrilla Warfare from Ancient Times to the Present. New York: Liveright, 2013.

BOUZA, F. Portugal no tempo dos Filipes. Lisboa: Cosmos, 2000.

BOXER, C. Os holandeses no Brasil. 1624-1654. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.

BROWN, M.; LOVETT, P. The historical source book for scribes. London: British Library, 1999.

CARLO, A. Paleografí a espanõ la. Buenos Aires: Labor, 1929.

CASTILLO, A. La conquista del alfabeto. Escritura y clases populares. Gijó n: Ediciones Trea, 1994.

COULMAS, F. The Blackwell Encyclopedia of Writing Systems. Oxford: Wiley-Blackwell, 1999.

CONTRERAS, L. Manual de paleografí a. Fundamentos e historia de la escritura latina hasta el siglo VIII. Madrid: Ediciones Cá tedra, 1994.

DE LUCA, E. Musical Cryptography and the Early History of the León Antiphoner. Early Music History. 41. Cambridge: Cambridge University Press, 2017 Disponível em https://www.cambridge.org/core/journals/early-music-history/article/abs/musical-cryptography-and-the-early-history-of-the-leon-antiphoner/E9A923E5798A58DFC5DFD3C9E6AE86E4?utm_campaign=shareaholic&utm_medium=copy_link&utm_source=bookmark. Consultado em: 07 aug 2024.

FERNANDEZ, A. Conceptos fundamentales de intelingencia. Valencia: Tirant lo Blanch, 2016.

FINLAY, M. Western writing implements in the age of the quill pen. Wetheral, Carlisle: Plains, 1990.

FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.

FRASER, A. Mary, Queen of Scots. Delta: McHenry, IL, 1993.

GAINES, H. Cryptanalysis. A Study of Ciphers and their Solutions. New York: Dover Publications, 1939.

GAUR, A. The History of Writing. London: The British Library, 1984. GILISSEN, Léon. Réflexions sur la morphologie de la lettre. In STIENNON, Jacques. Clio et son regard: mélanges d’histoire, d’art et d’archéologie. Louvain-la-Neuve: De Boeck Université, 1993.

GINZBURG, C. O queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

GUERREIRO, B. Jornada dos vassalos da coroa de Portugal, pera se recuperar a cidade do Salvador, na Bahya de todos os Santos, tomada pollos holandezes, a oito de Mayo de 1624. & recuperada ao primeiro de Mayo de 1625. Lisboa: por Mattheus Pinheiro, 1625. Disponível em https://purl.pt/17352/1/index.html#/3/html. Consultado em: 19 ago. 2024.

HARRIS, R. The Origin of Writing. London: Duckworth, 1986.

HERRERO, E.; SUÁREZ, B. Escritura manuscrita y letra procesal: Canarias en el siglo XVI. Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2006.

JOHNSON, D.; WINFRIED, R. Notes by Coleman. Medium Ævum Oxford: Society for the Study of Medieval Languages and Literature, 2010. Disponível em https://www.jstor.org/stable/i40145265. Consultado em: 19 ago. 2024.

KAHN, D. The Codebreakers. New York: The Macmillan Company, 1967.

KATZ, J; LINDELL, Y. Introduction to Modern Cryptography. London: Chapman and

Hall/CRC, 2007.

KING, D. The Ciphers of the Monks. A fogotten number-notation of the Middle Ages. Stuttgart: Steiner, 2001.

KUHN, T. Estrutura das resvoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2020.

LAFFIN, J. Codes and Ciphers. Secret Writing through the Ages. London, New York: Abelard-Schuman, 1973.

LANGIE, A. Cryptography. A Study on Secret Writings. London: Constable and Company Ltd.,1922. Disponível em https://archive.org/details/cryptographylang00lang/mode/2up. Acesso em: 13 jun. 2024.

MAGALHÃES, P. Equus Rusus: A Igreja Católica e as Guerras Neerlandesas na Bahia (1624-1654). Tese (Doutorado em História). Universidade Federal da Bahia, Salvador: 2010. Disponível em https://ppgh.ufba.br/sites/ppgh.ufba.br/files/2010._magalhaes_pablo_antonio_iglesias._equus_rusus_a_igreja_catolica_e_as_guerras_neerlandesas_na_bahia_1624_-_1654.pdf. Consultado em: 19 ago. 2024.

MARQUILHAS, R. A faculdade das letras: leitura e escrita em Portugal no sé c. XVII. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000. MALLON, Jean . Palé ographie romaine. Madrid: Instituto Antonio de Nebrija de Filologia, 1952.

MEGALE, H; NETO, S; FACHIN, P; COSTA, R; MONTE, V. Crítica textual: análise grafemática e pesquisa lingüística. Veredas. Porto Alegre: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 8, p. 127-146, 2007. Disponível em https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/316/313. Consultado em 19 ago. 2024.

MELLO, E. Olinda Restaurada. Guerra e aç ú car no Nordeste. 1630-1654. São Paulo: Editora 34, 2007.

MELLO, E. O Brasil Holandês. 1630-1654. São Paulo: Penguin, 2010.

NOORDZIJ, G. The stroke of the pen: fundamental aspects of Western writing. The Hague: Koninklijke Academie van Beeldende Kunsten, 1982.

OSLEY. A. The instruments of writing. The Journal of the Society for Italic Handwriting. 68, p. 19-30. Birmingham, 1971.

PARKER, G. The army of Flanders and the Spanish Road 1567-1659: The Logistics of Spanish Victory and Defeat in the Low Countries’ Wars. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.

PETRUCCI, A. La descrizione del manoscritto. Milano: Carocci, 1984.

PETRUCCI, A. Prima Lezione di paleografia. Roma: Laterza, 2002.

RIVEST, R; CORMEN, T.; LEISERSON, C.; STEIN, C. Introduction to algorithms.

Cambridge, MA: The MIT Press, 2022.

SALVADOR, F. Historia do Brazil. Rio de Janeiro: Bibliotheca Nacional, 1889. Disponível em: https://archive.org/details/vicente-salvador/page/n5/mode/2up. Consultado em: 19 ago. 2024.

SCHNEIER, B. Click Here to Kill Everybody: Security and Survival in a Hyper-connected World. New York, NY: W. W. Norton & Company, 2018.

SINGH, S. The Code Book: The Code Book: The Evolution Of Secrecy From Mary, Queen Of Scots To Quantum Cryptography. Palatine, IL: Anchor Books, 2000.

SPINA, S. Introdução à Edótica. Crítica textual. São Paulo: Cultrix, 1977.

Downloads

Publicado

25-02-2025