Manuscritos criptografados
um ensaio paleográfico
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i1.64380Palavras-chave:
Paleografia, Criptografia, Manuscritos, Codificação, História da escritaResumo
À luz de teorias paleográficas, este artigo trata de um exame metodológico de manuscritos relacionados à criptografia. Inicia-se com uma abordagem do pensamento teórico sobre a criação de manuscritos convencionais, nomeados pela criptologia como ‘texto simples’, reconhecidos por sua transparência e fluidez na comunicação de ideias. Em contraste, os criptogramas são caracterizados por uma complexidade adicional, exigindo a criação e compreensão de códigos que são compartilhados exclusivamente entre o emissor e o receptor, destacando sua funcionalidade nos contextos em que a privacidade e a segurança da informação são prioritárias. Muitos desses documentos foram intencionalmente destruídos ao longo do tempo, restringindo as fontes disponíveis para pesquisa. No entanto, alguns exemplares sobreviveram e, neste artigo, apresenta-se um desses casos. Trata-se um criptograma que serviu de comunicação entre o ex-governador do Brasil, Antonio Telles da Silva, e o rei de Portugal, D. João IV, durante a colonização holandesa em Pernambuco. Por fim, este artigo conclama a uma maior atenção à pesquisa paleográfica desses documentos, mostrando como evidenciam práticas culturais e estruturas de poder de suas épocas, além de ampliarem o entendimento sobre a intersecção entre linguagem, segredo e sociedade.
Referências
ABBOUD, M; PREST, T. Cryptographic Divergences: New Techniques and New Applications. Cryptology ePrint Archive. n. 815, 2020. Disponível em https://ia.cr/2020/815. Consultado em: 19 ago. 2024.
AKKERMAN, N. The Correspondence of Elizabeth Stuart. Queen of Bohemia, 3 vols. Oxford: Oxford University Press, 2011.
ARAÚJO, H. Amigos fingidos y enemigos encubiertos: el gobierno general y la insurrección pernambucana (1642-1645). Prohistoria. v. 21 Rosário, p. 27-53, jun. 2014. Disponível em http://www.scielo.org.ar/scielo.php?pid=S1851-95042014000100002&script=sci_arttext&tlng=es. Consultado em: 19 ago. 2024.
BAUER, C. Secret History: The Story of Cryptology. London: Chapman and Hall, 2013.
BISCHOFF, Bernard. Übersicht über die nichtdiplomatischen Geheimschriften des Mittlealters. In FICHTENAU, Heinrich. Sonderdruck aus Mitteilungendes Instituts für Österreichische Geschichtsforschung. Graz: Böhlau, p. 1-27, 1954. Disponível em https://www.mgh-bibliothek.de/dokumente/b/b023446.pdf. Consultado em: 19 ago. 2024.
BISCHOFF, B. Latin Palaeography: Antiquity and the Middle Ages. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
BOOT, M. Invisible Armies: An Epic History of Guerrilla Warfare from Ancient Times to the Present. New York: Liveright, 2013.
BOUZA, F. Portugal no tempo dos Filipes. Lisboa: Cosmos, 2000.
BOXER, C. Os holandeses no Brasil. 1624-1654. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.
BROWN, M.; LOVETT, P. The historical source book for scribes. London: British Library, 1999.
CARLO, A. Paleografí a espanõ la. Buenos Aires: Labor, 1929.
CASTILLO, A. La conquista del alfabeto. Escritura y clases populares. Gijó n: Ediciones Trea, 1994.
COULMAS, F. The Blackwell Encyclopedia of Writing Systems. Oxford: Wiley-Blackwell, 1999.
CONTRERAS, L. Manual de paleografí a. Fundamentos e historia de la escritura latina hasta el siglo VIII. Madrid: Ediciones Cá tedra, 1994.
DE LUCA, E. Musical Cryptography and the Early History of the León Antiphoner. Early Music History. 41. Cambridge: Cambridge University Press, 2017 Disponível em https://www.cambridge.org/core/journals/early-music-history/article/abs/musical-cryptography-and-the-early-history-of-the-leon-antiphoner/E9A923E5798A58DFC5DFD3C9E6AE86E4?utm_campaign=shareaholic&utm_medium=copy_link&utm_source=bookmark. Consultado em: 07 aug 2024.
FERNANDEZ, A. Conceptos fundamentales de intelingencia. Valencia: Tirant lo Blanch, 2016.
FINLAY, M. Western writing implements in the age of the quill pen. Wetheral, Carlisle: Plains, 1990.
FOUCAULT, M. Arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.
FRASER, A. Mary, Queen of Scots. Delta: McHenry, IL, 1993.
GAINES, H. Cryptanalysis. A Study of Ciphers and their Solutions. New York: Dover Publications, 1939.
GAUR, A. The History of Writing. London: The British Library, 1984. GILISSEN, Léon. Réflexions sur la morphologie de la lettre. In STIENNON, Jacques. Clio et son regard: mélanges d’histoire, d’art et d’archéologie. Louvain-la-Neuve: De Boeck Université, 1993.
GINZBURG, C. O queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
GUERREIRO, B. Jornada dos vassalos da coroa de Portugal, pera se recuperar a cidade do Salvador, na Bahya de todos os Santos, tomada pollos holandezes, a oito de Mayo de 1624. & recuperada ao primeiro de Mayo de 1625. Lisboa: por Mattheus Pinheiro, 1625. Disponível em https://purl.pt/17352/1/index.html#/3/html. Consultado em: 19 ago. 2024.
HARRIS, R. The Origin of Writing. London: Duckworth, 1986.
HERRERO, E.; SUÁREZ, B. Escritura manuscrita y letra procesal: Canarias en el siglo XVI. Las Palmas de Gran Canaria: Anroart, 2006.
JOHNSON, D.; WINFRIED, R. Notes by Coleman. Medium Ævum Oxford: Society for the Study of Medieval Languages and Literature, 2010. Disponível em https://www.jstor.org/stable/i40145265. Consultado em: 19 ago. 2024.
KAHN, D. The Codebreakers. New York: The Macmillan Company, 1967.
KATZ, J; LINDELL, Y. Introduction to Modern Cryptography. London: Chapman and
Hall/CRC, 2007.
KING, D. The Ciphers of the Monks. A fogotten number-notation of the Middle Ages. Stuttgart: Steiner, 2001.
KUHN, T. Estrutura das resvoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2020.
LAFFIN, J. Codes and Ciphers. Secret Writing through the Ages. London, New York: Abelard-Schuman, 1973.
LANGIE, A. Cryptography. A Study on Secret Writings. London: Constable and Company Ltd.,1922. Disponível em https://archive.org/details/cryptographylang00lang/mode/2up. Acesso em: 13 jun. 2024.
MAGALHÃES, P. Equus Rusus: A Igreja Católica e as Guerras Neerlandesas na Bahia (1624-1654). Tese (Doutorado em História). Universidade Federal da Bahia, Salvador: 2010. Disponível em https://ppgh.ufba.br/sites/ppgh.ufba.br/files/2010._magalhaes_pablo_antonio_iglesias._equus_rusus_a_igreja_catolica_e_as_guerras_neerlandesas_na_bahia_1624_-_1654.pdf. Consultado em: 19 ago. 2024.
MARQUILHAS, R. A faculdade das letras: leitura e escrita em Portugal no sé c. XVII. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2000. MALLON, Jean . Palé ographie romaine. Madrid: Instituto Antonio de Nebrija de Filologia, 1952.
MEGALE, H; NETO, S; FACHIN, P; COSTA, R; MONTE, V. Crítica textual: análise grafemática e pesquisa lingüística. Veredas. Porto Alegre: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 8, p. 127-146, 2007. Disponível em https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/316/313. Consultado em 19 ago. 2024.
MELLO, E. Olinda Restaurada. Guerra e aç ú car no Nordeste. 1630-1654. São Paulo: Editora 34, 2007.
MELLO, E. O Brasil Holandês. 1630-1654. São Paulo: Penguin, 2010.
NOORDZIJ, G. The stroke of the pen: fundamental aspects of Western writing. The Hague: Koninklijke Academie van Beeldende Kunsten, 1982.
OSLEY. A. The instruments of writing. The Journal of the Society for Italic Handwriting. 68, p. 19-30. Birmingham, 1971.
PARKER, G. The army of Flanders and the Spanish Road 1567-1659: The Logistics of Spanish Victory and Defeat in the Low Countries’ Wars. Cambridge: Cambridge University Press, 1996.
PETRUCCI, A. La descrizione del manoscritto. Milano: Carocci, 1984.
PETRUCCI, A. Prima Lezione di paleografia. Roma: Laterza, 2002.
RIVEST, R; CORMEN, T.; LEISERSON, C.; STEIN, C. Introduction to algorithms.
Cambridge, MA: The MIT Press, 2022.
SALVADOR, F. Historia do Brazil. Rio de Janeiro: Bibliotheca Nacional, 1889. Disponível em: https://archive.org/details/vicente-salvador/page/n5/mode/2up. Consultado em: 19 ago. 2024.
SCHNEIER, B. Click Here to Kill Everybody: Security and Survival in a Hyper-connected World. New York, NY: W. W. Norton & Company, 2018.
SINGH, S. The Code Book: The Code Book: The Evolution Of Secrecy From Mary, Queen Of Scots To Quantum Cryptography. Palatine, IL: Anchor Books, 2000.
SPINA, S. Introdução à Edótica. Crítica textual. São Paulo: Cultrix, 1977.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Antonio Ackel

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte:
a. Os autores detêm os direitos autorais dos artigos publicados; os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo dos trabalhos publicados; o trabalho publicado está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento da publicação desde que haja o reconhecimento de autoria e da publicação pela Revista LaborHistórico.
b. Em caso de uma segunda publicação, é obrigatório reconhecer a primeira publicação da Revista LaborHistórico.
c. Os autores podem publicar e distribuir seus trabalhos (por exemplo, em repositórios institucionais, sites e perfis pessoais) a qualquer momento, após o processo editorial da Revista LaborHistórico.