“Só para saber da sua saúde”
o registro das sibilantes pelas mãos de uma noiva portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i1.64987Palabras clave:
Linguística Histórica, Sociolinguística, Sibilantes, Ortografia, Cartas PessoaisResumen
Nas primeiras décadas do século XX, durante os conflitos da Primeira Guerra Mundial, muitas cartas foram escritas e enviadas para os soldados nas linhas de frente do confronto. Neste artigo, apresentaremos uma amostra de nove cartas escritas por uma noiva portuguesa a seu noivo, um soldado do Corpo Expedicionário Português na França, e investigaremos a variação no registro ortográfico das sibilantes nessas missivas. Teyssier (1997) nos mostra que, em Portugal, o sistema de sibilantes variava conforme a região onde os falantes se encontravam. Essa diversidade foi, por muitos anos, refletida na ortografia e fez com que os registros das sibilantes pudessem ser feitos com <s> ou <ç>. Seguindo os moldes da pesquisa com cartas pessoais (cf. RUMEU, 2010) e a metodologia da Sociolinguística Histórica (ROMAINE, 2009), buscamos na rede social (cf. MILROY, 1987) dessa missivista indícios da pressão normativa em voga na época. Embora nossos resultados não mostrem que aqueles próximos à autora tenham tido influência em sua escrita, uma rápida investigação sócio-histórica nos mostra que a instabilidade entre <s> e <ç> para as sibilantes, encontrada nas cartas dessa noiva portuguesa, tem suas raízes no pouco acesso à instrução formal e às limitações impostas às mulheres à época.
Citas
AMARAL, A. O dialeto caipira. 1920. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra
=7381. Acesso em 30 de junho de 2015.
COSERIU, E. Teoria da Linguagem e Lingüística Geral. Rio de Janeiro/ São Paulo, Presença/ EDUSP, 1979.
ECKERT, P. WENGER, E. Communities of practice in sociolinguistics: what is the role of power in sociolinguistic variation? Journal of Sociolinguistics, 9/4, p. 582-589, 2005.
KE, J.; GONG, T.; WANG, W. S. Language Change and Social Networks. Commun. Comput. Phys., v.3, n.4, pp. 935-949, 2008.
KHVAN, M. S. O papel da mulher na sociedade portuguesa: um olhar pelo lado de fora (uma breve revisão). Studia Iberystyczne, 18, pp. 201-212, 2019.
PETRUCCI, A. Scrittura, alfabetismo ed educazione gráfica nella Roma del primo cinquecento: da un libretto di conti di Maddalena Pizzicarola in Trastevere. Scrittura e Civilità, Firenze, n. 2, p.163-207, 1978.
LABOV, W. Principles of linguistic change, vol. 1: Internal factors. Oxford: Blackwell, 1994.
LEITE, M. Q. A construção da norma linguística na gramática do século XVIII. ALFA: Revista de Linguística, São Paulo, v. 55, n. 2, 2011.
LUZ R. D. O tratamento na produção epistolar de João Pinheiro da Silva: análise sociopragmática de tu x você e respectivas formas gramaticais. Dissertação (Mestrado em Letras: Estudos da Linguagem) – Universidade Federal de Ouro Preto, Mariana, 2015
MILROY, L. Language and social networks, 2nd ed.Oxford: Basil Blackwell, 1987.
OLIVEIRA, D. G. História Das Mulheres Portuguesas: Exílios E Deslocamentos. Projeto História, São Paulo, n. 52, pp. 307-317, Jan.- Abr. 2015
RIBEIRO, M. M. T. Livros e Leituras no século XIX. Revista de história das ideias. v. 20, 1999.
ROMAINE, S. Socio-Historical Linguistics. Cambridge University Press: Cambridge, 2009.
RUMEU, M. C. de B. Para uma história do português no Brasil e do Brasil: edição de cartas setecentistas, oitocentistas e novecentistas. CALIGRAMA, Belo Horizonte, v. 15, n. 2, p. 133-160, 2010.
TEYSSIER, P. História da Língua Portuguesa. Tradução de Celso Cunha. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
XAVIER, K. S. O grau de letramento de um casal carioca: uma análise da grafia .
LaborHistórico, Rio de Janeiro, 1 (2): 78-96, jul. dez. 2015. DOI: https://doi.org/10.24206/lh.v1i2.4795.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Victor Carreão

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
El autor del texto enviado a la Revista LaborHistorico cede los derechos autorales a la Revista, en caso de que el texto sea publicado. Sin embargo, los autores mantienen el derecho de compartir, copiar, distribuir, ejecutar y comunicar publicamente el trabajo bajo la condición de hacer referencia a la Revista LaborHistórico.
Todos los trabajos se encuentran bajo la Licencia Creative Commons Reconocimiento-NoComercial 4.0 Internacional.
Los autores son los únicos responsables del contenido de los trabajos. Está prohibido el envío integral o parcial del texto ya publicado en la Revista a otras revistas.