Marcas de polidez em edições de Cartas do século XVIII

Abstract

O presente artigo descreve e analisa características discursivas e textuais relativas às marcas de polidez encontradas em atos de fala performativos de Cartas referentes às Vilas de Cairu e de Camamu datadas dos séculos XVIII com base em edições semidiplomáticas. O estudo articula-se com a perspectiva de investigação das Tradições Discursivas (Coseriu 1967, 1978; Kabatek, 2001, 2010, 2011, 2012; Koch, 1997, 2021), da Teoria dos Atos de Fala (Lopes, 2011; Austin, 1990; Searle, 2002, Arbo, 2018) e das pesquisas sobre Polidez Linguística (Brown e Levinson, 1987; Siqueira, 2013; Munhoz, 2015; Cunha e Oliveira, 2020), que propõem conjuntamente uma abordagem metodológica centrada na observação de regularidades linguísticas presentes nos textos e nos processos pragmáticos
que as constituem, classificando verbos, tempos, construções verbais e seleções lexicais, que serão classificados como atos de fala performativos, enquanto fórmulas de polidez utilizadas para alcançar objetivos comunicativos. Foram selecionadas e analisadas 33 Cartas do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa (AHU), que registram 38 exemplos de atos performativos. A partir da análise linguística, confirma-se que a escolha dos usos linguísticos manifesta o exercício e as negociações de poder por meio da língua, registrando, em atos de fala, as intenções comunicativas dos interlocutores, que se perpetuam no tempo como tradições discursivas.