DOSSIÊ TEMÁTICO: ENOTURISMO E GASTRONOMIAS

2025-10-20

Brindar o vinho é brindar a terra que respira, os corpos que trabalham, as memórias que fermentam.

Cada taça é travessia de migrações, de diásporas, de resistências. Não há uma gastronomia, mas gastronomias múltiplas, heterogêneas e vivas.

O vinho, como o mundo, pede outras globalizações. O vinho é mais que bebida: é território vivo, memória fermentada, corpo que se deixa atravessar pelo tempo. Cada garrafa guarda rastros de migrações e diásporas, de histórias coloniais, de resistências e de inovação que se inscrevem nas terras do Brasil e do mundo.

É ainda, produto agrícola de alto valor agregado, alimento geossimbólico de um território, produto de distinção social, bebida carregada de rituais e de valor econômico, constitui um objeto de desejo e de estudo para as sociedades. 

A Revista Mangút: Conexões Gastronômicas convida pesquisadoras(es), produtoras(es), profissionais e curiosas(os) a enviar artigos, ensaios teóricos, resenhas críticas, relatos de experiência, entrevistas, galeria de fotografias para o Dossiê Temático: Enoturismo e Gastronomias.

Pensar o vinho é pensar gastronomias — múltiplas, heterogêneas, atravessadas por colonialidades e invenções. O enoturismo, nesse contexto, não se reduz à prática de consumo ou mercado: pode também se abrir como experiência de troca e pertencimento, de referência social e cultural. 

Em diálogo com a proposta de turismo de base comunitária, perguntamos: de que forma o vinho pode fortalecer comunidades, valorizar saberes locais e populares, e sustentar modos de vida que resistem à lógica homogeneizante do agronegócio do mundo globalizado?

O vinho é cultura, é identidade, é economia! E como tal, não escapa das disputas de poder que atravessam o mundo agrícola: os monocultivos, os agrotóxicos, o êxodo rural, a especulação imobiliária. Entre territórios explorados e saberes populares por vezes invisibilizados ou menosprezados, se abrem espaços para reflexões sobre desigualdades socioambientais, impactos da produção em diferentes regiões e a luta de produtores e comunidades que resistem e reinventam modos de cultivar e viver a terra.

Queremos tensionar o campo entre o agronegócio e a agroecologia, entre a monocultura da mercadoria e a diversidade dos saberes enraizados, e entre tantos outros caminhos que o mundo do enoturismo e das gastronomias pode permitir. O vinho, nesse sentido, torna-se campo de disputa entre mercados globais que padronizam sabores e narrativas, e comunidades que inventam outras práticas, outras globalizações, como diria Milton Santos, ancoradas no espaço vivido, na justiça social e na dignidade do território.

Este dossiê se abre para reflexões em torno de:

  • Territórios brasileiros do vinho: singularidades, paisagens, colonialidades e resistências.
  • Desafios da produção vitivinícola e do enoturismo: sustentabilidade, agroecologia, políticas públicas, justiça social, inovação.
  • Mercado e consumo no contexto do enoturismo e da gastronomia: circulação, cadeias curtas, tendências, disputas de poder.
  • Para além do que vemos e sentimos: filosofia, estética, genealogias do vinho, neuroturismo.
  • História do vinho brasileiro: temporalidades, rupturas e continuidades.
  • Rótulos e narrativas: design, comunicação, identidade, imaginário.
  • Enogastronomia: entre o turismo de base comunitária e os novos arranjos organizacionais para a promoção do território e de seus atores locais.
  • Vinhos e gastronomias sob disputa: impactos, desigualdades e alternativas.
  • Experiências de enoturismo que proporcionam diferentes interações e aprendizados em torno do mundo do vinho.
  • Da uva ao vinho: travessias de saberes, tecnologias, processos de patrimonialização e outras transcendências. 
  • Empreendedorismo e outras participações do feminino no campo do enoturismo e das gastronomias.
  • Gênero, raça e identidades nos territórios dos vinhos.
  • Outras travessias do enoturismo e das gastronomias existem e não estão destacadas aqui contudo o dossiê abre espaço para que essas perspectivas inéditas sejam trazidas pelos textos enviados.

O Dossiê acontece em parceria com o primeiro Encontro Brasileiro de Enoturismo e contará com Fast Track para as pesquisas aprovadas nessa edição do evento. 

Data limite para submissão: 13 de abril de 2026

Para mais informações, acesse: https://revistas.ufrj.br/index.php/mangut/about/submissions#authorGuidelines 

Encontro Brasileiro de Enoturismo
https://eventos.ifrs.edu.br/index.php/EBE/1EB
Instagram: @ebenoturismo 
Facebook e Linkedin: Encontro Brasileiro de Enoturismo

Editoras Convidadas:
Cláudia Pinto (UFRJ)
Joice Lavandoski (UNIRIO)
Hernanda Tonini (IFRS-BG)