Abstract
A metáfora da “encruzilhada” foi usada por Fernando de Azevedo, nos anos de 1920, para obscurecer os diferentes interesses de classes sob o litígio “tradicionais e renovadores” e definir o sentido burguês da escola pública. A encruzilhada de classe, então elidida por Azevedo, permanece e a essencial relação Capital-Trabalho tem sido dissolvida na designação “rico e pobre”. O debate proposto refere-se à encruzilhada do trabalho docente: produção de resultados ou formação humana. Baseadas em análises de documentos educacionais de Organizações Multilaterais, do Aparelho de Estado e numa literatura nacional e internacional, problematizamos as políticas destinadas aos professores, como as de recrutamento, avaliação, formação e gestão. Objetivamos colaborar para o esforço de compreender o horizonte do trabalho docente: compromisso com a educação da classe trabalhadora, promoção da contrainteriorização do projeto burguês, desalienação, formação da consciência crítica nos cursos de formação docente e nas lutas sociais, construção de um projeto histórico a contrapelo das demandas capitalistas. Concluímos que os professores são combatidos porque podem ensinar crianças, jovens e adultos a pensar historicamente de modo que questionem as relações sociais capitalistas e possam se ver como arquitetos do futuro, tendo como norte outra ordem social.
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