“Da mágoa, sem reméDio, De perDer-te”: o luto como trabalho Da linguagem na poesia De camões

Auteurs

  • Monica Genelhu Fagundes Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI :

https://doi.org/10.35520/diadorim.2017.v19n1a13077

Résumé

Ao abordar a arte, especifcamente a poesia, como meio (espaço e ato) de resistência, este ensaio
parte de duas constatações e de uma confssão. As constatações: (1) para além de todo poder de
ordem histórica, de todo instrumento de coerção, seja político, econômico, ideológico, moral
ou cultural a que o homem esteja submetido e deva resistir, está a certeza da fnitude -- a sua e
a daqueles que ama. Também (sobretudo, talvez) diante da consciência dessa condição mortal
que limita, oprime e fere o humano, cabe resistir. O luto, como modo de lidar com a morte, é,
portanto, ato de resistência; (2) Se a resistência se organiza no campo da arte, ela deve se valer
das armas próprias dessa linguagem, pelo que aqui importa, tanto quanto a temática abordada
na poesia elegíaca de Camões, a forma poética como elaboração de um trabalho de luto. A confssão: este texto é em si mesmo um trabalho de luto, que se vale do exercício de pensamento
próprio do ensaio como forma para elaborar a perda que motiva sua escritura. A partir desses
pressupostos e desse lugar de fala, realiza-se nas páginas que seguem uma leitura atenta de três
sonetos camonianos que compõem o assim chamado ciclo a Dinamene, pondo-os em diálogo
com as reflexões de Sigmund Freud, Jacques Lacan e Jean Allouch sobre o luto, bem como com
a teoria de Maurice Blanchot sobre a linguagem, que a concebe como trabalho de luto.

Biographie de l'auteur

Monica Genelhu Fagundes, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Adjunta de Literatura Portuguesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi também professora substituta de Literatura Portuguesa e de Teoria Literária e Literatura Comparada. Atualmente, é Chefe do Departamento de Letras Vernáculas da UFRJ (gestão 2016-2018). Sua área de investigação são os estudos interartes, especialmente os diálogos entre a literatura e as artes visuais, na Literatura Portuguesa moderna e contemporânea. Possui graduação em Letras - Português-Literaturas de língua portuguesa (2001) mestrado (2004) e doutorado (2008) em Ciência da Literatura (Literatura Comparada) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Publiée

2017-06-30

Numéro

Rubrique

Artigos de Literatura