“Minha jóia querida”: uma análise linguística das formas de tratamento nas cartas da guerra de António Lobo Antunes
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v10i2.62141Palabras clave:
António Lobo Antunes, Formas de tratamento, Emoções, Género Epistolar, Relações InterpessoaisResumen
No presente trabalho, procuramos mostrar de que forma os recursos linguísticos mobilizados nas formas de tratamento do epistolar atestam a construção e/ou a evolução de emoções e relações interpessoais do seu autor e das suas representações. Para tal, analisamos a totalidade das cartas da guerra de António Lobo Antunes (ALA), escritas durante a Guerra Colonial Portuguesa e compiladas no livro D’este viver aqui neste papel descripto (2005) destacando três períodos distintos: antes de a filha nascer, antes de o autor receber fotografias da filha e depois de ver alguns desses registos. O nosso trabalho foca-se, essencialmente, na descrição das estratégias linguísticas associadas às formas de tratamento do epistolar amoroso enquanto marcadores de intimidade, recorrendo,
com este intuito, a contributos da teoria do epistolar – e.g. HarocheBouzinac (1995), Diaz (2002) e Seara (2008) – do epistolar amoroso
- e.g. Brenot (2000) - e dos estudos discursivo-pragmáticos das cartas da guerra de ALA – e.g. Seara (2009). A análise pormenorizada dos aspetos elencados permite-nos sistematizar a forma como os recursos linguísticos mobilizados nestas construções nos fornecem pistas para compreender a evolução das relações interpessoais do autor, uma vez que se trata de uma escrita codificada, que parte da expressão espontânea.
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