Cristianização de escravizados no Brasil do século XVIII e a questão da língua

Autori

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v9i1.53967

Parole chiave:

cristianização, escravizados africanos, línguas, linguística colonial

Abstract

Este artigo aborda o lugar das línguas – e da língua portuguesa, mais especificamente – no processo de cristianização de escravizados africanos no Brasil colonial, com enfoque no século XVIII.  O texto engloba: (i) uma apresentação panorâmica de instrumentos linguísticos e evangelizadores produzidos pelos missionários católicos, especialmente os jesuítas, caracterizando uma linguística colonial no século XVIII; (ii) uma apresentação das representações e regulamentações da Igreja no Brasil colonial a respeito da cristianização de escravizados africanos. Trata-se de evidenciar o lugar epistemológico e teológico conferido à língua no processo de evangelização, especialmente em um contexto no qual a Igreja católica defendia e buscava justificar a escravização de sujeitos africanos. O artigo contribui para a história social e política das práticas de linguagem no Brasil colonial, com enfoque no contexto católico direcionado à evangelização de sujeitos escravizados. Além disso, o texto contribui para inscrever a dimensão teológica como elemento importante e relevante para a linguística colonial e a historicidade das práticas de linguagem.

Biografia autore

Cristine Gorski Severo, Universidade Federal de Santa Catarina

Professora Associada da Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil), atuante no programa de pós-graduação em Linguística e no Doutorado Interdisciplinar. É bolsista de produtividade de pesquisa 2 do CNPq. Trabalha com políticas linguísticas em contextos coloniais e pós-coloniais. Coordena o grupo Políticas Linguísticas Críticas e Direitos Linguísticos. Publicações recentes incluem os livros “Os jesuítas e as línguas no contexto colonial Brasil-África” e “Políticas Linguísticas Brasil-África”.

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Pubblicato

2023-07-24

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Artigos - Varia