A presença do latim no cemitério da Santa Casa de Caridade
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v10i2.59952Parole chiave:
Latim, Cemitério, Arte tumular, Arquitetura funerária, ReligiãoAbstract
Os cemitérios guardam parte de nosso Patrimônio Cultural, sendo um lugar de rememoração na tentativa de imortalizar o morto. No Cemitério da Santa Casa de Caridade (Bagé, RS), há diversos túmulos, com suas arquiteturas, alegorias, diferentes línguas e esculturas, que traduzem um universo de representações socioculturais. Dentre tais línguas, está o latim. A motivação desta pesquisa se deu pela carência de trabalhos deste escopo e pela relevância de se observar a presença do latim nos dias atuais. Assim, o presente trabalho visa observar as regiões do cemitério onde o latim está presente, a nacionalidade e a condição socioeconômica dos enterrados, a arte tumular, a arquitetura funerária e os elementos de religiosidade presentes nos túmulos. A pesquisa é qualitativa, bibliográfica e de campo. Foram feitas visitas ao cemitério, nas quais foram feitos registros fotográficos. Dos 27 túmulos com inscrições em latim, 23 estão na parte mais antiga, que contém edificações luxuosas e acadêmicas. A maioria deles são de baixa elevação, de estilo art déco, de arquitetura acadêmica e pertencem a famílias portuguesas e espanholas de fé cristã. O latim, portanto, predomina nos túmulos das famílias de ascendência europeia, cristãs e de maior poder aquisitivo. Isso provavelmente ocorre pelo acesso maior à informação e às artes, pelo apreço a estilos eruditos europeus, pela tradição do emprego do latim na Igreja Católica, de maneira a reafirmar a fé cristã da família, e pelo desejo de perpetuar o status socioeconômico com edificações tumulares suntuosas e com distinção ao mostrar conhecimento de latim.
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