“Cada letra isolada era um desenho”: caligrafia, estética e iconografia em Baú de Ossos
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v6i2.32758Palavras-chave:
Literatura brasileira. Memórias. Caligrafia. Iconografia. Estética.Resumo
A obra de Pedro da Silva Nava (1903-1984) fornece incomparável panorama sobre o século XX no Brasil. Este artigo examina menções à escrita em Baú de Ossos (1972), no contexto cultural brasileiro do início do novecentos. Com base no conceito de ut pictura poesis, o objetivo do estudo é mostrar que Pedro Nava aludiu ao aspecto gráfico da escrita cursiva, palavra escrita e signos em espaço público, com enfoque estético, lirismo e humor, em episódios de memórias de infância e perfis biográficos. A análise indica que ele considerou os estilos de caligrafia recursos de interação social, expressão artística e psicológica.
Referências
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução de J. Oliveira Santos, S.J. e Ambrósio de Pina, S.J. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril, 1980.
AUGUSTINE, Saint. The City of God. Books VII-XXII. Translated by Gerald G. Walsh, S. J. and Daniel J. Honan. Washington: The Catholic University of American Press, 2008.
AGOSTINHO, Santo. Solilóquios. Tradução de Adaury Fiorotti. São Paulo: Paulus, 1998.
AGUIAR, Joaquim Alves de. Espaços da Memória. Um estudo sobre Pedro Nava. São Paulo: Edusp, 1998.
CANDIDO, Antonio. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 1989.
BLANCHON, Flora. Arts et Histoire de Chine. Paris: Presses de l’Université de Paris Sorbonne, 1999.
BODEI, Remo. Le forme del bello. Bologna: Il Mulino, 1995.
CHAVES, José Adjuto Castelo Branco. Memorialistas portugueses. Amadora: Livraria Bertrand, 1978.
BUENO, Antônio Sérgio. Vísceras da Memória: uma leitura da obra de Pedro Nava. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1997.
FERRARO, Cari. The Complete Book of Calligraphy & Lettering. Lake Forest, CA: Walter Foster Publishing, 2018.
FERREIRA, Luísa de Nazaré. Referências cromáticas nos fragmentos de Simónides. Humanitas, v. 59, p. 29-48, 2007.
FERREIRA, Orlando da Costa. Imagem e letra. Introdução à bibliologia brasileira: a imagem gravada. São Paulo: Edusp, 1994.
FILREIS, Alan. Ut Pictura Poesis. In: PREMINGER, Alex (ed.). Princeton Encyclopedia of Poetry and Petics. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1972, p. 881-883.
FREYRE, G. Sobrados e Mucambos. Rio de Janeiro: Record, 1996.
FRY, Northrop. Fábulas de Identidade. Estudos de Mitologia Poética. Tradução de Sandra Vasconcelos. São Paulo: Nova Alexandria, 1999.
GABRIEL, Maria Alice Ribeiro. O jovem esteta P. e a invenção de Valentina. Todas as Letras. Revista de Língua e Literatura, v. 20, n. 3, p. 121-129, 2018. Disponível em: Acesso em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/tl/article/view/10669/7422. 20/01/2020.
JEANNELLE, Jean-Louis. Écrire ses Mémoires au XXe siècle: déclin et renouveau d’une tradition. Paris: Gallimard, 2008.
JOYCE, James. Um retrato do artista quando jovem. Tradução de Caetano W. Galindo. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
KAMPF, Robert. Reading the Visual -17th Century Poetry and Visual Culture. Munich: Grin Verlag, 2008.
KENYON, Erik. From Plato to Augustine. In: Augustine and the Dialogue. New York: Cambridge University Press, 2018, p. 57-81.
KNEIB, André. La calligraphie chinoise: Un bref aperçu. In: BLANCHON, Flora. Arts et Histoire de Chine. Paris: Presses de l’Université de Paris Sorbonne, 1999, p. 419-449.
KOMATSU, Shigemi; GÖTZE, Heinz. Chinese and Japanese Calligraphy Spanning Two Thousand Years: The Heinz Götze Collection. Munich: Prestel, 1989.
LEE, Rensselaer Wright. Ut pictura poesis: humanisme et théorie de la peinture, XVe-XVIIIe siècles. Paris: Macula, 1991.
LOAIZA, Fernando Romero; VALENCIA, Jorge Alberto Lozano; ARIAS, Rubén Darío Gutiérrez. Calligrafía Expresiva, Arte y Diseño. Pereira, Colombia: Universidad Tecnológica de Pereira, 2010.
LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997, p. 64-67.
MARSHALL, David. Literature and the other arts. Ut pictura poesis. In: NISBET, H. B.; RAWSON, Claude (ed.). The Cambridge History of Literary Criticism. Vol. 4. The Eighteenth Century. New York: Cambridge University Press, 2005, p. 681-699.
NAVA, Pedro. Balão Cativo. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1977.
NAVA, Pedro. Baú de Ossos. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1974.
NAVA, Pedro. Chão de Ferro. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1976.
PANICHI, Edina Regina P. A eficácia do registro de imagens como mapeamento prévio a um movimento de escrita. In: II ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS DA IMAGEM. Londrina, 12, 13 e 14 de maio de 2009. Anais, p. 763-773. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/eneimagem/anais/trabalhos/pdf/Panichi_Edina%20Regina%20P.pdf. Acesso em: 20/01/2020.
PANICHI, Edina Regina P.; CONTANI, Miguel Luiz. A visualidade produzida na palavra e os fatores que conferem relevância e destaque na construção do texto em Pedro Nava. Ikala, v. 12, n. 18, p. 145-161, enero-deciembre, 2007. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2550/255020488006.pdf. Acesso em: 20/01/2020.
PANICHI, Edina Regina P.; CUSTÓDIO, José de Arimateia Cordeiro. Diálogos da Memória. In: FERNANDEZ, Luiz Carlos (org.). Interação: práticas de linguagem. Londrina: Eduel, 2019, p. 1-13.
RICOEUR, Paul. Figuring the Sacred: Religion, Narrative and Imagination. Minneapolis: Fortress Press, 1995.
ROSA, João Guimarães. Prefácio. Aletria e Hermenêutica. In: Tutameia: Terceiras Estórias. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1976, p. 3-12.
SAMPAIO, Adovaldo Fernandes. Letras e Memória. Uma breve história da escrita. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.
SCALZO, Nilo. No passado, a descoberta do presente. O Estado de São Paulo, 3 jun. 1984.
SCHILLER, Friedrich. Kallias ou sobre a beleza. A correspondência entre Schiller e Körner, janeiro - fevereiro de 1793. Tradução e introdução de Ricardo Barbosa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
SOUZA, Eneida Maria. Pedro Nava, o risco da memória. Juiz de Fora: Funalfa Edições, 2004.
STRATI, Antonio. Organization and Aesthetics. London: Sage Publications, 1999.
STEWART-KROEKER, Sarah. Beauty, Morality, and the Promise of Happiness. In: Pilgrimage as Moral and Aesthetic Formation in Augustine’s Thought. Oxford: Oxford University Press, 2017, p. 120-159.
VALE, Vanda Arantes do. Arquivos e memórias de Pedro Nava: documentos para a biografia de um modernista. Verbo de Minas, v. 11, n. 19, p. 87-104. 2011. Disponível em: https://www.cesjf.br/revistas/verbo_de_minas/edicoes/Numero%2019/05_VANDA.pdf. Acesso em: 30/01/2019.
VALE, Vanda Arantes do. Psicanálise. Memória nas Memórias de Pedro Nava. Uma Introdução. Psicanálise & Barroco em Revista, v. 3, n. 2, p. 26-38, 2005. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/psicanalise-barroco/issue/view/323. Acesso em: 20/01/2020.
VASCONCELLOS, Eliane. De bissexto a contumaz. In: Inventário do Arquivo Pedro Nava. Rio de Janeiro: Edições Casa de Rui Barbosa, 2001, p. 9-32. Disponível em: http://www.casaruibarbosa.gov.br/pedronava/downloads/inventarionava.pdf. Acesso em: 20/01/2020.
VASCONCELLOS, Eliane; SANTOS, Matildes Demétrio dos. Escritos epistolares, utopia e arquivos. Pedro Nava e Drummond em Descendo a Rua da Bahia. O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira, Rio de Janeiro, v. 27, n. 1, p. 11-24, 2018. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/o_eixo_ea_roda/article/view/13619. Acesso em: 20/01/2020.
WETZEL, James. Parting Knowledge: Essays after Augustine. Eugene, Oregon: Cascade Books, 2013.
YEE, Chiang. Chinese Calligraphy: An Introduction toIts Aesthetic and Technique. 13ª ed. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1974.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os autores que publicam nesta revista concordam com o seguinte:
a. Os autores detêm os direitos autorais dos artigos publicados; os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo dos trabalhos publicados; o trabalho publicado está licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional, que permite o compartilhamento da publicação desde que haja o reconhecimento de autoria e da publicação pela Revista LaborHistórico.
b. Em caso de uma segunda publicação, é obrigatório reconhecer a primeira publicação da Revista LaborHistórico.
c. Os autores podem publicar e distribuir seus trabalhos (por exemplo, em repositórios institucionais, sites e perfis pessoais) a qualquer momento, após o processo editorial da Revista LaborHistórico.