Tópicos de história do português pelo viés da gramaticalização
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v1i2.4803Resumo
O objetivo desse artigo é discutir os conceitos básicos do fenômeno da gramaticalização, aplicando-os a fenômenos de mudança na história do português. A proposta de cunho didático baseia-se na versão mais clássica do paradigma da gramaticalização abordando, principalmente, a perda e adoção de propriedades morfossintáticas nos processos de recategorização. Além dos exemplos recorrentemente utilizados na discussão do fenômeno de gramaticalização (amare habeo > amarei; nome mente > sufixo adverbial), outros fenômenos relevantes para a história do português são abordados: a pronominalização de nominais (gente > a gente, Vossa Mercê > você) e a formação de juntivos/conjunções/conectores a partir de advérbios. A análise dos casos escolhidos comprova que a gramaticalização não é um processo que possa extinguir, mesmo nos estágios cronologicamente mais avançados. As descrições apresentadas evidenciam que, nos processos de gramaticalização, há sempre permanências ou resquícios de etapas anteriores. A identificação de propriedades formais e semânticas que persistem nos itens/construções gramaticalizadas ajuda a compreender algumas aparentes idiossincrasias comuns a categorias gramaticais oriundas de processos de gramaticalização.
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