Sobre o futuro no passado e no presente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v11i2.66688

Palavras-chave:

Tempo futuro, Variação línguística, Português brasileiro, Fontes ´históricas do século XIX, Sociolinguística histórica

Resumo

Este artigo discute mudanças e variações textuais de uso de referência ao futuro em português. O tempo futuro em português pode ser expresso de cinco maneiras diferentes: duas formas simples e três formas perifrásticas e essa variação parece estar enraizada em desenvolvimentos que ocorreram anteriormente no latim. Habere era usado para expressar futuridade quando seguido do verbo principal (amare habeo) e esse uso – por sua vez – deu origem ao futuro simples morfológico (amar(e) ha(b)e(o) > amarei, tendo sido reanalisado como um morfema temporal. Nosso foco principal é discutir a produção escrita do brasileiro “Cristiano Ottoni” em tipos diferentes de textos, cartas familiares e editoriais (cartas de editores) oitocentistas, a fim de verificar se o veículo de divulgação (o gênero textual), nos âmbitos pessoal ou público, evidenciaria ou não a expressão variável (e em qual nível) do futuro. Constatamos que o futuro morfológico e a perífrase com haver de (haver de + infinitivo) foram as estratégias privilegiadas independentemente dos distintos papeis sociais (avô e homem público) assumidos pelo nosso redator, o que nos leva a infirmar a conjectura inicial de que o gênero textual (cartas pessoais e cartas de editores) impulsionaria, em algum nível, a variação na expressão do futuro no português brasileiro escrito oitocentista.

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Biografia do Autor

Dinah Callou, Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduação em Letras Anglo Germânicas pela Universidade Federal da Bahia (1959), Mestrado em Língua Portuguesa pela Universidade de Brasília (1965), Doutorado em Letras Vernáculas - Área Língua Portuguesa) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1980) e Pós-Doutorado em Linguística (Universidade da California/Santa Bárbara, 1994-1995). Pesquisador 1A (bolsa de produtividade em pesquisa) do CNPq e Professor Titular (1992) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde atua desde 1966. Exerceu atividades na UFBA (1960-1962) e na UNB (1963-1965). Tem experiência na área de Fonética/Fonologia e Sintaxe, com ênfase em Sociolingüística e Lingüística Histórica, com produção nos seguintes temas: variação e mudança, português do Brasil, fala culta carioca, sócio-história. Aposentada em 2008, continua atuando no Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, tendo recebido o título de Professor Emérito em 02/09/2010.

Márcia Cristina de Brito Rumeu, Professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais

Professora de Língua Portuguesa da FALE/UFMGPrograma de Pós-Graduação em Estudos LinguísticosFaculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais.Belo Horizonte - MG - Brasil.http://www.letras.ufmg.br/profs/marciarumeu/

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Publicado

03-09-2025

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