Sobre o futuro no passado e no presente
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v11i2.66688Palavras-chave:
Tempo futuro, Variação línguística, Português brasileiro, Fontes ´históricas do século XIX, Sociolinguística históricaResumo
Este artigo discute mudanças e variações textuais de uso de referência ao futuro em português. O tempo futuro em português pode ser expresso de cinco maneiras diferentes: duas formas simples e três formas perifrásticas e essa variação parece estar enraizada em desenvolvimentos que ocorreram anteriormente no latim. Habere era usado para expressar futuridade quando seguido do verbo principal (amare habeo) e esse uso – por sua vez – deu origem ao futuro simples morfológico (amar(e) ha(b)e(o) > amarei, tendo sido reanalisado como um morfema temporal. Nosso foco principal é discutir a produção escrita do brasileiro “Cristiano Ottoni” em tipos diferentes de textos, cartas familiares e editoriais (cartas de editores) oitocentistas, a fim de verificar se o veículo de divulgação (o gênero textual), nos âmbitos pessoal ou público, evidenciaria ou não a expressão variável (e em qual nível) do futuro. Constatamos que o futuro morfológico e a perífrase com haver de (haver de + infinitivo) foram as estratégias privilegiadas independentemente dos distintos papeis sociais (avô e homem público) assumidos pelo nosso redator, o que nos leva a infirmar a conjectura inicial de que o gênero textual (cartas pessoais e cartas de editores) impulsionaria, em algum nível, a variação na expressão do futuro no português brasileiro escrito oitocentista.
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