Acerca da posição do adjetivo no sintagma nominal: variação e/ou mudança?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.24206/lh.v7iespec.42801

Palavras-chave:

Adjetivo. Sintagma nominal. Anteposição. Posposição. Variação. Mudança.

Resumo

A proposta do trabalho é trazer uma contribuição ao estudo da alternância de posição pós/pré-nominal do adjetivo no sintagma nominal, a partir da análise de cartas pessoais oitocentistas e novecentistas, dando mais um passo no sentido de detectar o nível de produtividade da posição anteposta, fazendo uso de amostras de língua escrita informal de redatores brasileiros, originários de dois estados da região Sudeste do Brasil (RJ e MG). A origem dos missivistas, restrições de natureza sintático-semânticas, propriedades associativas e a hipótese de a posição do adjetivo à esquerda ou à direita do núcleo do SN corresponder a uma propriedade já definida no componente lexical do item são discutidas. A análise dos dados das cartas confirma a preferência pela posposição, não-categórica, a baixa frequência de itens variáveis, sem deixar de ter em mente o fato de, no decorrer dos séculos, alguns adjetivos perderem/assumirem o traço pré-nuclear [+PN] (público instrumento – século XIX / instrumento público – século XX; tribunal supremo - século XIX / supremo tribunal – século XX, em geral, em expressões cristalizadas da linguagem jurídica. A mudança e/ou fixação da posição do adjetivo no interior do sintagma nominal parece estar inserida no conjunto maior de mudanças de ordem no português brasileiro (PB).

Biografia do Autor

Dinah Callou, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Emérita da Faculdade de Letras da UFRJ. Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq.

Márcia Cristina de Brito Rumeu, Universidade Federal de Minas Gerais

Professora Associada da Faculdade de Letras da UFMG e do Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da UFMG.

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Publicado

20-09-2021

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