Percepções dos trabalhadores do sistema penitenciário sobre suas atividades relacionadas à inclusão pelo trabalho de apenados em regime aberto / Perception of prison workers on their activities related to inclusion by the work of the prisoners in the open system sentence

Autores

  • Francis Gabriela do Nascimento Chajon Terapeuta Ocupacional
  • Carolina Maria do Carmo Alonso Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Beatriz Akemi Takeiti Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto26341

Palavras-chave:

Controle Social, Prisões, Emprego.

Resumo

Introdução: A literatura aponta diversas pesquisas envolvendo o sistema prisional, entretanto, são escassos aqueles que dão visibilidade às atividades dos profissionais que, cotidianamente, acompanham o processo de inclusão dos apenados no trabalho. Objetivo: Esse estudo teve como objetivo analisar a percepção dos trabalhadores do sistema prisional sobre suas atividades relacionadas a inclusão no trabalho de apenados em meio aberto. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa exploratória, de abordagem qualitativa, que teve como participantes trabalhadores de uma instituição prisional que faz inclusão de apenados no trabalho no município do Rio de Janeiro. Sete entrevistas semiestruturadas foram realizadas e analisadas pelo método da análise de conteúdo. Resultados e Discussão: Os resultados desta pesquisa identificaram aspectos sobre o funcionamento da instituição, bem como do processo de identificação do apenado para ressocialização ainda no regime fechado e atividades incentivadoras a permanência no trabalho de egressos da penitenciária. Ademais, a pesquisa demonstrou que os trabalhadores entrevistados não tinham formação específica para trabalhar no contexto prisional, traços de precariedade nas condições de trabalho e desconhecimento da sociedade civil sobre a realidade explorada nesse estudo. Assim, embora o trabalho seja reconhecido como eixo para a inclusão social dos apenados, ainda existem barreiras nesse processo. Conclusão: Esta pesquisa deu visibilidade ao trabalho dos profissionais que desempenham papel singular no sistema prisional. Espera-se que as informações levantadas sejam úteis para que formuladores de políticas públicas possam aprimorar a atividade desses trabalhadores. Sugere-se que outras pesquisas sejam realizadas visando engendrar soluções para as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores.

 

Abstract

There are several investigations about the prison system and its actors. However, few papers addresses the activities of the professionals that daily deals with the process of inclusion of the prisoners in work. Objective: To analyze the perception of prison workers on their activities related to inclusion by the work of the prisoners in the open system sentence. Methods: It is qualitative research that had as participants the workers of a prison institution that realize the inclusion in the work of prisoners in the city of Rio de Janeiro. The seven interviews were analyzed by the content analysis method. Results and discussion: This research identified aspects about the functioning of the institution, issues about the process of identification of the person for resocialization, still in the closed regime and activities to promote the permanence in working outside the prison. Besides, the research showed that the interviewed workers did not have specific training to strive in the prison context, traces of precarious working conditions, and lack of knowledge of civil society about this reality. Thus, although work is recognized as the axis for the social inclusion of the convicted, there are barriers in this process. Conclusions: This study gave visibility to the work of professionals who play a unique role in the prison system. It is expected that the information gathered can be useful for policymakers to improve the activity of these workers. It is suggested that further research could aim to generate solutions to the difficulties faced by workers.

Keywords: Social Control, Prisons, Employment; Occupational therapy.

Resumen

Hay varias investigaciones sobre el sistema penitenciario y sus actores. Sin embargo, ninguno de ellos dio visibilidad a las actividades de los profesionales que diariamente siguen el proceso de inclusión de los reclusos en el trabajo. Objetivo: Para reducir esta brecha este estudio analizó la percepción de los trabajadores de prisiones sobre sus actividades relacionadas con la inclusión de los detenidos bajo la sentencia de regímen abierto. Metodología: Es una investigación cualitativa que tuvo como sujeto a los trabajadores de un cárcel que promueve la inclusión social a través del trabajo de los detenidos en la Ciudad de Rio de Janeiro. Las siete entrevistas fueron analizadas por el método de análisis de contenido. Resultados y discusión:  Los resultados de esta investigación identificaron los aspectos sobre el funcionamiento del cárcel, cuestiones sobre el proceso de identificación de la persona para el proceso de resocialización aún en régimen cerrado y actividades para incentivar la estancia en el trabajo fuera del cárcel. Además, la investigación apuntó que los trabajadores entrevistados no tenían capacitación específica para trabajar en el contexto de la prisión, rastros de condiciones de trabajo precarias y falta de conocimiento de la sociedad civil sobre la realidad explorada en este estudio. Por lo tanto, aunque el trabajo es reconocido como el eje para la inclusión social de las víctimas, existen barreras en este proceso. Conclusión: Esta investigación dio visibilidad al trabajo de profesionales que juegan un papel singular en el sistema penitenciario. Se espera que la información recopilada sea útil para los responsables políticos para mejorar la actividad de estos trabajadores. Se sugiere que se realicen más investigaciones con el objetivo de generar soluciones a las dificultades que enfrentan los trabajadores.

Palabras clave: Control Social, Cárcel, Empleo, Terapia ocupacional.

 

 

 

 

 

Biografia do Autor

Francis Gabriela do Nascimento Chajon, Terapeuta Ocupacional

Terapeuta Ocupacional formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

Carolina Maria do Carmo Alonso, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Beatriz Akemi Takeiti, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora Adjunta do Departamento de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Publicado

30-06-2020