O verbo “parabenizar” no português brasileiro: etimologia, neologia e o problema do quasi-hápax em morfologia
DOI:
https://doi.org/10.24206/lh.v7iespec.41149Palabras clave:
Derivação sufixal. Neologia. Difusão de neologismos. Sufixo -izar. Etimologia.Resumen
O verbo parabenizar apresenta uma particularidade em sua formação: seu significado se difere do significado usual dos verbos formados com o sufixo -izar, que é o de “tornar X” (como civilizar – tornar civilizado). Neste texto, discutimos a formação e o significado de parabenizar, bem como sua história no português brasileiro, desde sua criação, em fins do século XIX, até os dias atuais, em que já não é mais sentido como neologismo. A partir da comparação com outros verbos em -izar, propomos considerar esse verbo como um quasi-hápax, por ser um dos poucos verbos em -izar cujo significado é “dizer ‘X’ a” (“dizer ‘parabéns’ a alguém”). Por meio de pesquisas em fontes online, recuperamos diversas atestações do uso desse verbo ao longo da história para mostrar como ele passa de neologismo, inicialmente regional, a verbo plenamente integrado à língua.
Citas
AULETE, F. J. de Caldas. Dicionário contemporâneo da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Delta, 19584.
BAILEY, Nathan. Dictionarium Britannicum: or a more compleat Universal Etymological English Dictionary. London: T. Cox, 1736. Disponível em: https://archive.org/details/bub_gb_030pPyvwS9MC/page/n3/mode/2up. Acesso em: 26 jan 2021.
BARBOSA, Maria Aparecida. Aspectos da dinâmica do neologismo. Língua e literatura, v. 7, p. 185-208, 1978. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/linguaeliteratura/article/view/138126. Acesso em: 24 jan 2021.
BAUER, Laurie. Morphological Productivity. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.
BUENO, Francisco da S. Grande dicionário etimológico-prosódico da língua portuguêsa, v. 6. São Paulo:Saraiva, 1968.
BUENO, Francisco da S. Estilística brasileira: o estilo e sua técnica. São Paulo, Saraiva, 1964.
Correio da Tarde, n.388. Rio de Janeiro, 05 jan 1895, p. 1. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=384941&pesq=&pagfis=1210. Acesso em: 26 jan 2021.
d’OLIVEIRA, H. Maia. Dicionário brasileiro ilustrado Edigraf, v. 5. São Paulo: Edigraf, 19713 [19651].
FREIRE, Ioam Nunez. Os campos elisios. Porto: Ioaõ Rodriguez, 1626. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=gywkxkRpxBoC&printsec=frontcover&hl=pt-PT&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 26 jan 2021.
GONÇALVES, Anielle A. G. Diacronia e produtividade dos sufixos -agem, -igem, -ugem, -ádego, -ádigo e -ádiga em português, Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2009. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-30112009-142459/pt-br.php.Acesso em: 24 jan 2021.
GONÇALVES, Carlos A. Atuais tendências em formação de palavras. São Paulo: Contexto, 2016.
GONÇALVES, Carlos A. Morfologia. São Paulo: Parábola, 2019.
GUERREIRO, Fernam. Relação annal das cousas que fezeram os padres da Companhia de Iesus nas partes da India Oriental. Lisboa: Iorge Rodrigues, 1605. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=XrHYPbsQayQC&pg=RA1-PA55#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 26 jan 2021.
HORTA, Brant. Elucidario para composição e redacção. Rio de Janeiro: Revista de Língua Portuguesa, 1926.
HOUAISS, Antônio; VILLAR; Mauro. Grande dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Jornal pequeno, n. 54. Recife, 07 mar 1919, p. 2. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=800643&pagfis=28142. Acesso em: 26 jan 2021.
Jornal do commercio: edição da tarde, n. 82. Rio de Janeiro, 08 abr 1919, p. 6. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=111988&pesq=&pagfis=14771. Acesso em: 26 jan 2021.
LITTRÉ, Émile. Dictionnaire de la langue française. v.2, seconde partie. Paris: Hachette, 1869. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=h19LAAAAcAAJ&printsec=frontcover&hl=fr&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 26 jan 2021.
LÜDI, Georges. Aspects énonciatifs et fonctionnels de la néologie lexical. Travaux neuchâtelois de linguistique (TRANEL), v. 5. Neuchâtel, 1983, p. 105-130. Disponível em: http://www.unine.ch/files/live/sites/tranel/files/Tranel/05/L%C3%BCdi_105.pdf. Acesso em 26 jan 2021.
MARONEZE, Bruno O. Um estudo da mudança de classe gramatical em unidades lexicais neológicas. Tese (Doutorado em Filologia e Língua Portuguesa). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, USP, São Paulo, 2011. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-28092011-102939/pt-br.php. Acesso em: 24 jan 2021.
MAURER Jr, Theodoro H. Gramática do latim vulgar. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1959.
MORAES SILVA, António de; FALCÃO, Agostinho de M. Diccionario da lingua portugueza, v.2 6a ed. Lisboa: Typographia de Antonio José da Rocha, 1858. Disponível em: http://www.docvirt.com/docreader.net/DocReader.aspx?bib=BibObPub&pasta=Diccionario%20da%20Lingua%20Portugueza%20-%206%C2%AA%20edicao,%20Tomo%20II,%20F-Z&pesq=&pagfis=11067. Acesso em: 26 jan 2021.
O Investigador Portuguez em Inglaterra, ou Jornal Literario, Politico, &c. Vol. 17. Londres: T. C. Hansard, 1816. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=VSoDAAAAYAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 26 jan 2021.
OLIVEIRA, Solange Mendes. Aspectos da derivação prefixal e sufixal no português do Brasil. 2009. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis, 2009. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/92636. Acesso em: 24 jan 2021.
O paiz, n. 12598. Rio de Janeiro, 08 de abr 1919, p. 9. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=178691_04&pagfis=42351. Acesso em: 26 jan 2021.
O recreio: revista semanal litteraria e charadistica. v. 17. Lisboa, 13/08/1894. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=xeRDAQAAMAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 26 jan 2021.
PEREIRA, Rui A. Formação de verbos. In: RIO-TORTO, G. M. et al (Eds). Gramática derivacional do português. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 20162, p. 297-355.
PHARIES, David. Diccionario etimológico de los sufijos españoles y de otros elementos finales. Madrid: Gredos, 2002.
PICCOLI, Elbio P. Momentos: contos. Porto Alegre: AGE, 1994. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=yi3sjYBY7hoC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em 26 jan 2021.
PICOLI, Larissa. Descrição de verbos de base adjetiva derivados com os sufixos -ecer e -izar, para o processamento automático de linguagem natural. 2015. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Universidade Federal do Espírito Santos, UFES, Vitória, 2015.
PLAG, Ingo. Morphological productivity: structural constraints in English derivation. Berlin:New York, Mouton de Gruyter, 1999, p. 125
RAE = Real Academia Española. Nueva gramática de la lengua española: morfología, sintaxis I. Madrid: Asociación de Academias de la Lengua Española, 2008.
RODRIGUES, Nelson. As confissões de Nelson Rodrigues, capítulo 16. In: O Globo, pág. 2, 02/03/1968. Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/consulta-ao-acervo/?navegacaoPorData=196019680302. Acesso em: 15 jan 2021.
ROQUETE, J.-I.; FONSECA, José da. Diccionario dos synonymos poetico e de epithetos da lingua portugueza. Paris/Lisboa/Rio de Janeiro/São Paulo/Bello Horizonte: Aillaud, Alves & Cia/ Francisco Alves & Cia, [1848].
SANTOS, Carla Elisa Ferreira dos. Os sufixos -ec(er) e -iz(ar): um estudo sobre formações dicionarizadas e não dicionarizadas. 2016. 186 f. Dissertação (Mestrado em Língua e Cultura) – Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016. Disponível em: http://www.ppglinc.letras.ufba.br/sites/ppglinc.letras.ufba.br/files/dissertacao_21.06.2016_-_definitiva_-_imprimir.pdf. Acesso em: 24 jan 2021.
SIMÕES NETO, N. A. O esquema X-ari- do latim às línguas românicas: um estudo comparativo, cognitivo e construcional. 2020. 5 v. Tese (Doutorado em Língua e Cultura) — Instituto de Letras, Universidade Federal da Bahia, Salvador. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/32014. Acesso em: 15 jan 2021.
VÄÄNÄNEN, Veikko. Introducción al latín vulgar. Madrid: Gredos, 19883 [trad. Manuel Carrion de Introduction au latin vulgaire. Paris: Klincksieck, 19811]
VASCONCELLOS, José L. (ed.). Revista Lusitana, n.3. Porto: Lopes & Co, 1895. Disponível em: http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/biblioteca-digital-camoes/etnologia-etnografia-tradicoes/192-192/file.html. Acesso em: 26 jan 2021.
VIARO, Mário E. A derivação sufixal do português: elementos para uma investigação semântico-histórica. 2011. 220f. Tese (Livre-docência em em Filologia e Língua Portuguesa). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2011. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredocencia/8/tde-02022018-173614/pt-br.php. Acesso em: 24 jan 2021.
VIARO, Mário E. A especialização do sufixo latino -arium. In: Marçalo, M.J. et al. (Org.). Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas. Évora: Universidade de Évora, 2010a, p. 22-42. Disponível em: https://arquivo.pt/wayback/20170222132841/http://www.simelp2009.uevora.pt/pdf/slg53/04.pdf. Acesso em: 24 jan 2021.
VIARO, Mário E. Sobre a inclusão do elemento diacrônico na teoria morfológica: uma abordagem epistemológica. Estudos de lingüística galega, n. 2, p. 173-190, 2010b. Disponível em: https://revistas.usc.gal/index.php/elg/article/view/1513. Acesso em 24 jan. 2021.
VIEIRA, Antenor. Pequena enciclopédia da língua portuguêsa, v. 3: verbos regulares. Rio de Janeiro: Livros do Brasil, 1964.
VIEIRA, Domingos. Grande diccionario portuguez ou thesouro da lingua portugueza, v. 5. Porto: E. Chardron & Bartholomeu H. de Moraes, 1874. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=W61CAQAAMAAJ&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 26 jan 2021.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
El autor del texto enviado a la Revista LaborHistorico cede los derechos autorales a la Revista, en caso de que el texto sea publicado. Sin embargo, los autores mantienen el derecho de compartir, copiar, distribuir, ejecutar y comunicar publicamente el trabajo bajo la condición de hacer referencia a la Revista LaborHistórico.
Todos los trabajos se encuentran bajo la Licencia Creative Commons Reconocimiento-NoComercial 4.0 Internacional.
Los autores son los únicos responsables del contenido de los trabajos. Está prohibido el envío integral o parcial del texto ya publicado en la Revista a otras revistas.