A Revista METAXY é uma publicação semestral do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos do NEPP-DH/UFRJ. | ||
Encerramos o recebimento de artigos para esta chamada do n. 5 de Metaxy |
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Informamos que Metaxy tem fluxo contínuo, autores interessados em nos enviar artigos inéditos deverão observar todas as normas para submissão. Normas para submissão: Artigos A Revista abre para artigos de autores com titulação mínima de doutorado ou mestrado completos podendo publicar em co-autorias. Não serão aceitos anexos e glossários. Caso haja imagens, indicar no corpo do texto o local de inserção e enviá-las em arquivo separado. As imagens devem ser apresentadas em alta resolução (300 DPIs -- em extensão TIF), em cores (se for o caso) e com largura mínima de 15 cm (altura proporcional). No arquivo digital, deverão constar os itens a seguir, respeitando-se a seguinte ordem:
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Publicado: 2023-08-22 | ||
15 de agosto/2023 - Prazo Prorrogado - METAXY NOVA CHAMADA - Número 5: Medo e a Crueldade como Dispositivos (Necro)Políticos da Contemporaneidade |
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Prazo Prorrogado - METAXY NOVA CHAMADA - Número 5: Medo e a Crueldade como Dispositivos (Necro)Políticos da Contemporaneidade
Prazo Prorrogado para o dia 15 de agosto de 2023. |
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Publicado: 2023-06-20 | Mais... | |
Dos alicerces do racismo: uma breve reflexão sobre o caso Vini Jr. |
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Por Pedro Barreto Pereira* No último domingo, 21/5, o jogador brasileiro Vinícius Júnior foi vítima de mais uma agressão racista nos gramados espanhóis. As imagens, tão grotescas quanto abjetas, correram o mundo e hoje são amplamente conhecidas. Mas um trecho é especialmente chocante. Um adversário — branco e louro — domina Vini pelas costas, em um golpe conhecido como “mata-leão”. Ao tentar desvencilhar-se, o craque acerta o rosto do algoz que, teatralmente, rola na grama, como se atingido por um míssil. Após checar as imagens selecionadas pelo VAR (sigla para Video Assistant Referee), que deixam de fora o ataque do agressor louro e mostram apenas o revide do futebolista negro, o árbitro decide pela expulsão do brasileiro. Nas redes, hashtags sobre o caso ganharam os trend topics. Mas nada muito diferente que os já incontáveis casos semelhantes ocorridos anteriormente. O que leva à reflexão sobre como deixar fazer a já desgastada pergunta: “até quando?”. Para tentar responder, recorro a alguma literatura sobre o racismo e os direitos humanos à luz da perspectiva crítica. Frantz Fanon nos ensina que o racismo é herdeiro da colonização. A partir dela, europeus, com o objetivo de saquear riquezas, escravizaram e assassinaram populações inteiras nas Américas, África e Ásia, sem jamais terem respondido por tais crimes. No Brasil, os povos originários foram exterminados sob o pretexto da “guerra justa”: o fato de indígenas não falarem a mesma língua, nem professarem a mesma fé que os ibéricos justificaria a sua escravização, tortura e morte. O mesmo se passou com as cerca de 5 milhões de pessoas traficadas da África para cá em condição de escravização durante mais de três séculos. E assim, indígenas e negros tinham a própria humanidade arrancada. Se sequer detinham o status de “humano” reconhecido, não poderiam reivindicar direitos. O processo de desumanização atravessou séculos. Não obstante o ordenamento jurídico, a legitimação discursiva do racismo se manteve. Gilberto Freyre, conhecido como um dos maiores intelectuais deste país, escreve Casa-grande & senzala, em 1933, defendendo que a miscigenação seria benéfica para o caráter brasileiro. Foi preciso que Abdias Nascimento, em 1977, contestasse Freyre, atestando o que denominou de “mito da democracia racial”: por trás da máscara de um país harmoniosamente mestiçado estavam, isso sim, a violência, o estupro, o açoite. Na Europa e no Brasil, como visto, o racismo tem raízes profundas. E elas estão presentes mesmo onde não são visíveis. A perspectiva crítica dos Direitos Humanos questiona o caráter “universal” da Declaração da ONU de 1948, pois ela seria oriunda do pensamento liberal eurocêntrico. Lembremos ainda que o documento foi firmado após o holocausto nazista, que vitimou 11 milhões de pessoas, embora a narrativa dominante fale nos “apenas” 6 milhões de judeus mortos nas câmaras de gás e não nos negros, ciganos, homossexuais, comunistas, entre outras vítimas lidas como “não-arianas”. Voltando um pouco mais, em 1945, o Tribunal de Nuremberg julgou e condenou oficiais alemães, mas não os estadunidenses e dos demais países que compunham o bloco dos “aliados”, que cometeram os mesmos crimes de guerra e contra a humanidade. Do mesmo modo que espanhóis, portugueses, ingleses, franceses, italianos, belgas, holandeses etc., até hoje não são lembrados pela narrativa hegemônica pelos horrores perpetrados fora de seus continentes. O teórico da Filosofia do direito e político grego Costas Douzinas defende que não são os homens que fazem o direito, mas sim que o direito constitui o homem. Para ele, é a partir do entendimento de que um indivíduo possui direitos que ele pode ter o seu status de “humano” reconhecido. Douzinas e outros autores filiados à teoria crítica questionam a ideia de “ponto de chegada”: estaria mesmo encerrado o debate sobre um direito fundamental no momento em que ele é positivado? Outro aspecto de ressalva seria o jusnaturalismo: seríamos todos igualmente portadores de direitos a partir do dia em que nascemos? Como já mencionado, outra característica problemática da perspectiva tradicional seria o universalismo: como poderia ser universal o entendimento de direitos em um mundo tão culturalmente diverso? Derrubando os alicerces Diante de tantas controvérsias, o teórico espanhol Joaquim Herrera Flores afirma que é preciso uma “filosofia impura” dos Direitos Humanos, relacionando o entendimento ideal desses direitos com a realidade social dos indivíduos que têm a sua dignidade violada. Segundo Flores, Douzinas e outros/as autores/as, não será o ordenamento jurídico puro e simples que garantirá a efetividade dos direitos. Apenas a luta social, permanente e cotidiana. Desse modo, podemos concluir que não bastarão hashtags, notas de repúdio, placas de publicidade à beira do gramado, cinicamente clamando “não ao racismo”. São os mesmos autores desses dizeres que, se não incentivam a violência e a opressão racistas, são coniventes, fingindo não ver quando um jogador negro é ofendido, agredido e humilhado. Evidente que o racismo não está apenas no futebol, nem somente na Europa. Em seu DNA estão os genes do colonialismo e do capitalismo. Por isso, se manifesta e se reproduz em todo o mundo, ainda que disfarçado, ou hipocritamente tolerado. Este texto propôs um olhar a partir da imbricação das diferentes formas de opressão do homem pelo homem que estruturam o mundo em que vivemos. Isso em pleno 2023. Não basta, portanto, retocar a parede e esconder o que está por trás da tinta branca. É preciso derrubar a casa e reconstruí-la sobre novos alicerces. E nessa luta, é preciso reunir não apenas as pessoas que sofrem cotidianamente com violações de seus direitos e liberdades. Mas sim, todas aquelas que acreditam na importância de um mundo menos desigual para si, seus filhos e as futuras gerações.
*É jornalista, doutor em Comunicação pelo PPGCOM/UFRJ, professor substituto do Nepp-DH/UFRJ, professor colaborador do PPGMC/UFF e autor do livro “Notícias da pacificação: outro olhar possível sobre uma realidade em conflito” (Editora UFRJ, 2020). |
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Publicado: 2023-05-24 | Mais... | |
Golpismo bolsonarista e arquitetura da destruição |
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Pedro Cláudio Cunca Bocayuva - Professor do PPDH do NEPP-DH/UFRJ O que podem contribuir a arquitetura, o urbanismo, o planejamento e o desenho urbano na construção do bem viver, da democracia, por via da "solidariedade tecnológica" para derrotar a barbárie bolsonarista? |
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Publicado: 2023-01-16 | Mais... | |
Prazo Prorrogado - METAXY NOVA CHAMADA - Número 5: Medo e a Crueldade como Dispositivos (Necro)Políticos da Contemporaneidade |
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Prazo Prorrogado para o dia 31 de julho de 2023. | ||
Publicado: 2023-05-09 | Mais... | |
ERRATA |
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Quanto ao texto intitulado “O Fluxo Migratório no Estado de Mato Grosso do Sul: recepção dos refugiados e de imigrantes internacionais” publicado pela Revista Metaxy, falta referência bibliográfica nas páginas 40 e 41. |
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Publicado: 2022-08-16 | Mais... | |
Fernanda Canavêz lança o livro "Ensaios (marginais) sobre a confiança" |
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Acesso pelo link: https://www.editorafi.org/ebook/548marginais A proposta de trocar ideias/afetos sobre a confiança tinha surgido da constatação de que nós, trabalhadoras e trabalhadores da Universidade e do campo psi, temos a prática de coletivizar diagnósticos sobre o mal-estar que nos assola, muito embora sejamos marcadamente individualistas ao procurar destinos menos mortíferos em resposta às nossas análises de conjuntura. Em foro íntimo, trocamos figurinhas sobre nossas dificuldades para amar, frustrações e a sensação de desamparo diante de certa nostalgia das instituições: do casamento ao Estado de bem-estar social que ainda parecem povoar, com força, nosso imaginário. O individualismo que nos especializamos em criticar parecer ser exatamente a tônica de que lançamos mão para nos desembaraçar dos dilemas colocados pelo neoliberalismo. E assim permanecemos na circularidade da mistura explosiva entre propriedade privada, familialismo, amor romântico, produtivismo, combinação a repousar em banho-maria no caldo da desconfiança. É com pesar que nos sentimos mais próximos do sujeito empreendedor de si, desconfiado e arredio, do que nossos livros e artigos podem fazer acreditar. Haja ato de fé, "na fé firmão". |
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Publicado: 2022-08-10 | Mais... | |
O medo envolve, oculta, controla e mata... |
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O medo envolve, oculta, controla e mata como uma força de autodestruição do laço social fabricando a desconfiança, o ódio e animizade. METAXY (PPDH/NEPP-DH/UFRJ) lança nova chamada para o Número 5 da revista - "Medo e a Crueldade como Dispositivos (Necro)Políticos da Contemporaneidade" Na longa duração da modernidade o medo tem sido uma força motriz da ordem. O contexto nacional e internacional alimentam a tendência para a uma transição de época, que inverte e perverte as relações com o outro. Processos relacionados de abandono de garantias legais produzem uma espécie de “vida nua”, afetada pela intensidade da crueldade, impulsionada pelo gozo punitivo, administrada pelo medo que desencadeia práticas de violência material e simbólica sem máscaras. Em outros campos, conceitos sobre “a nação”, “a família”, “a liberdade” e até “a democracia” são mobilizados e manipulados para silenciar denuncias contra processos violentos em curso em múltiplos planos políticos, econômicos e sociais. Neste cenário, é preciso pensar na “forma Estado” a partir dos monopólios da violência material e simbólica que resultam da percepção do aprofundamento de uma crise orgânica, que bloqueia mudanças voltadas para o bem-estar coletivo. Como agir quando medo e o trauma definem a cena contemporânea? Como entender a afirmação de que vivemos sob a síndrome do pânico? Como lutar para respeito à diferença e garantir diversidade num contexto que a diferença tem virado um objeto de ódio e guerra? Para este número abrimos esta chamada para artigos, ensaios, entrevistas, resenhas e trabalhos iconográficos e fotográficos que exploram essas perguntas e a temática Medo e a Crueldade como Dispositivos (Necro)Políticos da Contemporaneidade. Prazo para envio de trabalhos completos: 30 setembro 2022 (veja diretrizes para autoria no site). |
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Publicado: 2022-07-13 | Mais... | |
A Universidade Federal do Pará em Belém: o espaço deste encontro panamazônico |
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A Universidade Federal do Pará (UFPA) abriu as portas da instituição para sediar o 10º Fórum Social Panamazônico (Fospa), que reunirá movimentos em defesa da vida, como comunidades indígenas, ribeirinhas, quilombolas, grupos feministas, direitos humanos , os direitos da natureza e todos aqueles que se juntam a nós no caminho para um futuro livre de destruição. Em reunião nas dependências da Universidade, o reitor Emmanuel Tourinho e o membro da Comissão Organizadora da FOSPA, Luiz Arnaldo Campos, discutiram o processo de organização dentro do espaço universitário, para permitir a disponibilização no uso de auditórios, salas de aula e espaços livres. A Universidade Federal do Pará (UFPA) caminha junto à construção do X Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa), pois a instituição será palco do encontro que reúne os povos da floresta. E para receber os movimentos, a Comissão da UFPA e a Comissão de Território e Infraestrutura do X FOSPA estão organizando a logística do espaço e a estrutura física para distribuição das Casas do Saber, atividades e circulação no campus. As reuniões de alinhamento são realizadas semanalmente e apresentam avanços na proporção do desenho de um mapa com o circuito do Fórum, que acomoda os povos que o compõem, seja na estrutura do ambiente, no aparato tecnológico, como a transmissão pela televisão , a garantia da rede de internet, a aparelhagem de som ou a organização das salas para as comissões, a coordenação e a equipa envolvida no evento. O X FOSPA é um processo-evento que passa por várias mãos, entre elas, aquelas que abrem as portas e recebem os protagonistas do encontro. “É com muita alegria que a Universidade Federal do Pará sediará o X Fórum Social Pan-Amazônico. Temos orgulho de ser território de um evento que fará eco das diversas vozes dos povos da Amazônia e da ciência que aqui se produz”, destacou o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho. Fonte: http://www.forosocialpanamazonico.com/la-universidad-federal-de-para-en-belem-el-espacio-de-este-encuentro-panamazonico/ |
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Publicado: 2022-06-09 | ||
METAXY lança nova chamada para o Número 5 da revista - "Medo e a Crueldade como Dispositivos (Necro)Políticos da Contemporaneidade" |
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Na longa duração da modernidade o medo tem sido uma força motriz da ordem. O contexto nacional e internacional alimentam a tendência para a uma transição de época, que inverte e perverte as relações com o outro. Processos relacionados de abandono de garantias legais produzem uma espécie de “vida nua”, afetada pela intensidade da crueldade, impulsionada pelo gozo punitivo, administrada pelo medo que desencadeia práticas de violência material e simbólica sem máscaras. Em outros campos, conceitos sobre “a nação”, “a família”, “a liberdade” e até “a democracia” são mobilizados e manipulados para silenciar denuncias contra processos violentos em curso em múltiplos planos políticos, econômicos e sociais. Neste cenário, é preciso pensar na “forma Estado” a partir dos monopólios da violência material e simbólica que resultam da percepção do aprofundamento de uma crise orgânica, que bloqueia mudanças voltadas para o bem-estar coletivo. Como agir quando medo e o trauma definem a cena contemporânea? Como entender a afirmação de que vivemos sob a síndrome do pânico? Como lutar para respeito à diferença e garantir diversidade num contexto que a diferença tem virado um objeto de ódio e guerra? |
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Publicado: 2022-06-06 | ||
A Revista Metaxy agradece sua submissão para o número "Corpos e Territórios de Luto e Luta: Memória, Direitos e Vida em Tempos Pandêmicos" |
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O corpo editorial da revista avaliou todos os resumos, e estamos extremamente contentes em te convidar para submeter um artigo completo. Todos os artigos serão submetidos a um processo de avaliação, portanto submissão não é garantia de publicação. Isso dito, somente estamos estendendo o convite porque achamos o tema de seu trabalho ser de extrema relevância aos objetivos do Número e acreditamos que o resumo indica que o artigo será bem avaliado e um forte candidato para publicação. Conforme a chamada, o prazo para submissão para artigos completos é o 30 de março de 2022. Nos ajudaria no processo da edição da revista se for possível submeter antes, de preferência até o dia 14/03/2022. A submissão do artigo completo deve ser feita pelo site da Revista Metaxy (preencha o formulário para se cadastrar no sistema). Diretrizes para Autores e normas para submissão: https://revistas.ufrj.br/index.php/metaxy/about/submissions#authorGuidelines Parte inferior do formulárioNo início de fevereiro, entraremos em contato novamente com mais informações da submissão, e até lá, ficamos à disposição para eventuais dúvidas. Agradecemos novamente o interesse neste número da Metaxy. Aguardamos o seu manuscrito completo. Abraços, Pedro Cunca Bocayuva , Laura Murray e Murilo Mota Equipe Editoral Metaxy |
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Publicado: 2021-11-29 | ||
PRORROGADO OS PRAZOS - CHAMADA ABERTA Revista Metaxy: Corpos e Territórios de Luto e Luta: Memória, Direitos e Vida em Tempos Pandêmicos |
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Segue em curso no Brasil um processo combinado de necropolítica, negacionismo e neoliberalismo que tem um efeito preciso em alguns episódios recentes de forma mais concentrada: a tragédia sanitária em Manaus, o Massacre do Jacarezinho no Rio de Janeiro e o incêndio da Cinemateca em São Paulo. Não há monumentos ou atos estatais de luto coletivo pelas milhares de vidas e histórias perdidas nesse projeto nefasto em curso, mas do descaso e destruição protagonizado pelo governo federal brotaram lutas e manifestações populares que tem derrubado monumentos, renomeado avenidas e resignificado territórios. Frente a essa disputa sobre o passado, presente e futuro, documentar e valorizar a memória tem se tornado cada vez mais uma estratégia vital de resistência. Partindo da ideia da memória como uma relação, e o passado como algo que tanto pode ser recordado quanto recriado (Gondar 2015), neste número da revista Metaxy assumimos o desafio de publicar artigos, ensaios, entrevistas, resenhas e trabalhos iconográficos sobre as marcas corporais e territoriais de luto e de luta travadas nos anos 2020 e 2021, também buscando contribuições sobre outras épocas históricas de crises e catástrofes. Para maiores informações e lista de temas específicos de nosso interesse, clique em "Mais...". Confira os novos prazos abaixo: |
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Publicado: 2021-08-10 | Mais... | |
NOTA PÚBLICA DE DISCENTES DO PPDH/NEPP-UFRJ E DEMAIS SIGNATÁRIOS EM RESPOSTA À CHACINA DO JACAREZINHO |
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Nós, discentes do Núcleo de Políticas Públicas e Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro, junto aos demais signatários (entre servidores, professores, técnicos, colaboradores e estudantes de demais cursos da UFRJ), que subscrevem a esta nota, repudiamos veementemente a violência letal perpetrada em territórios de favelas e periferias e cobramos a apuração célere, meticulosa e independente de todas as 25 mortes e demais violações ocorridas no contexto da operação conduzida pela polícia civil, no dia 6 de maio de 2021, na favela do Jacarezinho, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. |
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Publicado: 2021-05-07 | Mais... | |
Revista METAXY faz chamada para ensaios sobre o tema “Barbárie e genocídio social em tempos de pandemia” |
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Com o objetivo de promover reflexões sobre os direitos humanos diante do quadro de colapso social em meio a pandemia e os desafios contemporâneos, que afetam a humanidade, a Revista METAXY convida todos e todas para participarem nos enviando ensaios livres sobre o tema “Barbárie e genocídio social em tempos de pandemia”. Os Editores de METAXY assumem o desafio de convocar a comunidade acadêmica, lideranças dos movimentos sociais e profissionais para mais este exercício de reflexão. Trata-se de afirmar, neste canal público de debate, a denúncia da figura jurídica extrema dos crimes contra humanidade, que coloque em pauta as questões inquietantes da banalização da crueldade, da cultura do medo e das análises que levam em conta a explicitação do alcance da violência extrema presentes em noções como barbárie, genocídio e necropolítica. No contexto da pandemia e diante do quadro das ações violentas em curso com as ameaças e violações crescentes contra as populações, com as marcas históricas de seus efeitos desigualmente distribuídos, os autores e autoras deverão discorrer livremente sobre o tema “Barbárie e genocídio social em tempos de pandemia” seguindo as diretrizes e especificações abaixo: Normas para esta submissão: a Revista somente publicará ensaios inéditos sobre o tema em questão; não serão aceitos anexos e glossários, gráficos ou imagens; título em português, fonte Times New Roman, corpo 12, espaço 1,5 entre as linhas; com mínimo 10 e no máximo 15 páginas; nome do autor(a) com identificação de filiação institucional, titulação (máximo de três linhas) e e-mail, alinhado à direita e abaixo do título. Notas de rodapé, apenas as indispensáveis, observando a extensão máxima de três linhas. Referências bibliográficas devem seguir as normas da ABNT. A revisão gramatical é de responsabilidade do autor(a). Todos os ensaios passarão pelo crivo de avaliação dos Editores, que se reservam o direito de não publicar caso julguem fugir da linha editorial correspondente a esta chama pública. Todos os ensiaos enviados para esta chamada pública serão publicados na seção NOTÍCIAS de METAXY. Os ensaios deverão ser enviados entre 15/03/21 a 30/04/21, para o email: revista.metaxy@nepp-dh.ufrj.br Atenciosamente, Os Editores. |
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Publicado: 2021-03-09 | ||
TEORIA DA SOLIDARIEDADE E POLÍTICA INTERNACIONAL |
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Por Marcelo Coutinho, Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Em artigo anterior, “Distanciamento social e solidariedade provisória” (2020), procurei examinar os movimentos de fúria pós-pandemia e a queda da empatia no mundo, em particular no Brasil, como um processo estrutural já em andamento, pelos menos há duas décadas de uma maneira mais acelerada, e cujas transformações nas sociedades contemporâneas se fazem sentir de forma crescente na democracia e nos direitos humanos. Agora, seguindo a sugestão de colegas[1], tentarei fazer uma aplicação do conceito de solidariedade provisória também para a política internacional. Considero que um novo olhar teórico sobre as relações entres os países, suas organizações e indivíduos, tendo a solidariedade como elemento principal, torna-se quase uma exigência em função da dificuldade de antigas correntes de análise em compreender os eventos de desglobalização numa era pós-moderna. Poderemos perceber, assim, o papel que a dimensão solidária desempenha nas relações internacionais, como ela está presente em algumas teorias já existentes, mesmo que de uma maneira não explícita, e que seu desenvolvimento pode servir para compreender melhor o mundo moderno e contemporâneo. [1] Em especial, os meus agradecimentos pelo incentivo do colega professor Alexander Zhebit do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
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Publicado: 2020-07-17 | Mais... | |
DISTANCIAMENTO SOCIAL E SOLIDARIEDADE PROVISÓRIA |
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Por Marcelo Coutinho - Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) No artigo “Pandemia e Desglobalização” (2020), menciono logo no final o surgimento bastante provável de movimentos de fúria e toques de recolher paralelo à crise sanitária e econômica que assolou o planeta. O texto foi escrito um mês antes das revoltas nos Estados Unidos começarem, decorrentes da morte asfixiante de George Floyd por um policial de Minneapolis, a maior cidade do estado americano de Minnesota. Em função do que aconteceu - boa parte das cidades americanas tiveram toques de recolher -, agora tenho a oportunidade de aprofundar o entendimento das relações existentes entre o isolamento social e os movimentos de fúria, ou de amor, se preferirem, tendo em vista, que a “primavera americana”, iniciada politicamente no dia 30 de maio, é estimulada por sentimentos de indignação e raiva, baseadas numa forte identificação sócio-afetiva da população com a vítima que simboliza inúmeros outros casos semelhantes dentro e fora dos EUA, a começar pelo Brasil. Este foi um assassinato que comoveu o mundo e precipitou uma onda de protestos de rua, em sua grande maioria pacífica. |
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Publicado: 2020-06-17 | Mais... | |
A MÁSCARA E O CORPO NEGRO: PISTAS PARA PROTEÇÃO DO CONTÁGIO EM UM REGIME NECROPOLÍTICO? |
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Por Me. Lucas Gabriel de Matos Santos - Doutorando em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGP-UFRJ); Drª.Rosa Maria Leite Ribeiro Pedro - Professora Titular do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IP-PPGP). 09 de abril de 2020. Eu e Juliana nos dirigimos a um bairro a um pouco mais de 30 km de onde moramos para comprar cestas básicas e trazer para a comunidade religiosa que fazemos parte. A comunidade distribui cestas básicas para famílias que empobrecerão diante da crise econômica o qual fomos dragados, consequência da pandemia de Covid-19 e de outras desigualdades acumuladas a séculos. Naquela manhã, Juliana me buscou em casa com sua Ford Ranger XL - um carro com porte de caminhonete. Grande, que chama a atenção - me levou até o centro da cidade onde eu ia pegar as máscaras de pano que tinha encomendado com uma costureira, mãe de uma amiga minha. As máscaras servem como bloqueio físico para proliferação e contágio do vírus. Tais máscaras eram personalizadas com tecidos inspirados com símbolos e cores de tradição de países africanos. Seguimos viagem pela Avenida Brasil - via expressa que liga o centro da cidade do Rio de Janeiro com as regiões norte, oeste e com outros municípios da baixada fluminense. |
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Publicado: 2020-05-21 | Mais... | |
POLÍTICAS, POLÍCIAS E MEDIDAS DE SAÚDE PÚBLICA DE ENFRENTAMENTO AO COVID-19 EM CONTEXTOS DE PROSTITUIÇÃO HIPERPRECARIZADA |
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Por Céu Silva Cavalcanti - Psicóloga, mestra em psicologia e discente do curso de doutorado em psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (bolsista CAPES). Pandemia, palavra nova que rapidamente foi assimilada em nossos vocabulários cotidianos. Junto a ela, um conjunto de rearranjos nas cenas e nas políticas nos pegou de surpresa e, ainda tentando entender os limites do risco, fomos inventando respostas quase intuitivas a uma ameaça nova para toda uma geração. Franco Bifo Berardi (2020) produz um diário em crônica sobre os dias de quarentena e aponta que nos últimos trinta anos é a primeira vez que as populações são convocadas a parar. Ao mesmo tempo em que começam a emergir dia a dia inevitáveis análises de conjuntura, as diferentes perspectivas apontam para os diferentes lugares sociais para os quais se olha bem como para as diferentes marcações de linhas de força que atravessam cada análise. Nesse complexo jogo discursivo, velhas antagonias como otimismos ou pessimismos parecem dar lugar a uma perspectiva caleidoscópica da realidade imediata, capturada em sua multiplicidade. |
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Publicado: 2020-05-21 | Mais... | |
A PANDEMIA E OS DILEMAS DE SEGURANÇA |
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Por Luma Mariath - graduanda em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A atual conjuntura continua a provocar reflexões a respeito de mudanças no cenário pós pandemia. Em meio às inseguranças econômicas e sociais, a certeza que temos é a de que o mundo não será o mesmo, assim como as políticas de securitização. O momento traz à luz dificuldades encontradas pelos Estados em combater ameaças a níveis nacional e internacional, além de promover uma forma diferente de pensar a interseção entre saúde e segurança. |
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Publicado: 2020-05-21 | Mais... | |
OCUPA TIJUCA: O NASCIMENTO DE UM MOVIMENTO SOCIAL |
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Por Diego Medeiros - professor formado em História (UNIRIO) e Mestre em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH-UERJ).; Luciana Tosta - professora, Licenciada e Mestre em Artes Cênicas (UNIRIO) e Doutoranda em Educação (UFRJ); Monica Bahia Schlee - arquiteta, paisagista e urbanista (UFF), Mestre em Estruturas Ambientais Urbanas (USP), Mestre em Arquitetura da Paisagem (PSU/USA) e Doutora em Arquitetura (UFRJ). “Sonho de uma humanidade que torne o mundo humano, sonho que o próprio mundo sufoca com obstinação na humanidade”. Theodor Adorno “Esse é um pensar que percebe a realidade como processo, que a capta em constante devenir e não como algo estático. Não se dicotomiza a si mesmo na ação. ‘Banha-se’ permanentemente de temporalidade cujos riscos não teme”. Paulo Freire Este artigo tem como objetivo apresentar um panorama das ações do movimento social Ocupa Tijuca com foco em uma de suas ações, em andamento, que consiste na mobilização e no desenvolvimento de instrumentos de conscientização e engajamento social frente à crise sanitária decorrente da pandemia COVID-19. Esta ação engloba a arrecadação e distribuição de cestas básicas, material de limpeza e, sobretudo, a organização, a comunicação e a informação da população de quatro favelas na Tijuca, sobre os cuidados e as medidas necessários para enfrentar a pandemia causada pelo coronavírus. |
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Publicado: 2020-05-21 | Mais... | |
COVID-19 E A INCONSTITUCIONALIDADE DAS PRISÕES BRASILEIRAS |
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Por Karolina Yanina S. de Carvalho - Graduando do Curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), assistente de pesquisa (CNPQ) e integrante do Grupo de Pesquisa Sociedade e Conhecimento (GPSOC), NEPP-DH. I-A crise e o desgoverno Há anos, especialistas em saúde escrevem livros e artigos alertando a possibilidade de uma crise global envolvendo um novo vírus. No começo deste ano, relatórios de inteligência informaram governos sobre o risco de uma pandemia internacional envolvendo o novo coronavírus, SARS-CoV-2. Nos Estados Unidos, o Conselho de Segurança Nacional recebeu em 3 de janeiro documentos sobre a disseminação do COVID-19 no país. A despeito das orientações para isolamento social e lockdown em algumas cidades, Donald Trump priorizou as relações com o Irã, dada a repercussão do assassinato do General Qassem Suleimani, os acordos com a China e o processo de impeachment no Senado. |
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Publicado: 2020-05-21 | Mais... | |
SE O SUS ESTÁ MAL, QUEM ESTÁ BEM? |
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Por Matheus Oliveira de Paula - Estudante de Graduação de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e estagiário no Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE); Cinthia de Mello Vitório - Assistente Social do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), Mestre em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Especialista em avaliação em saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP). Para delimitar algumas reflexões sobre o contexto atual da pandemia do coronavírus, vale-se de resgatar um pouco da história da construção e desconstrução do sistema de saúde brasileiro, tecendo uma pergunta “Se o SUS está mal, quem está bem?”. |
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Publicado: 2020-05-21 | Mais... | |
PRODUÇÕES EM TEMPO DE ISOLAMENTO: UMA EXPERIÊNCIA DA EXTENSÃO DURANTE A QUARENTENA |
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Por Rejane Maria de Almeida Amorim - Coordenadora de Integração Acadêmica de Graduação – CFCH/UFRJ; Professora da Faculdade de Educação – Departamento de Didática - UFRJ
O tempo do confinamento é atravessado pelo antes e pelo depois, é um momento que fica entre ambos e, na maior parte das vezes, é um tempo estendido que demora a passar. Como elemento constitutivo da experiência humana, como algo que nos passa, que nos acontece, que nos toca (LAROSSA, 2002, p.21), é vivido das mais singulares formas. |
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Publicado: 2020-05-20 | Mais... | |
A “NORMALIDADE” DA COVID-19 E A VIDA COTIDIANA |
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Por Valéria Cristina Gomes de Castro - Tecnologista em Saúde Pública (FIOCRUZ); Mestre em Saúde Pública ENSP-FIOCRUZ; Doutoranda em Serviço Social pela UFRJ. “O planeta rodará sobre seu eixo (Iasi, 2017, p. 25) Este artigo busca trazer algumas considerações sobre a pandemia da COVID-19 provocada pela disseminação do novo coronavírus e a situação em relação à vida cotidiana das famílias diante desse grave problema sanitário. A nova realidade social imposta pelo surgimento da doença viral tem provocado grande surpresa e apreensão diante dos acontecimentos e mudado a vida de todos tornando impossível ignorá-la, a mídia invade nossos sentidos com informações a todo instante que nos dão a dimensão da magnitude do problema e do que ainda pode estar por vir. Inicialmente se esperançava a possibilidade de que estivesse havendo um exagero por parte da imprensa ou manipulação de alguns setores políticos no país, no entanto, o avanço da doença em outros países (como a Itália e posteriormente os EUA) reafirmou a gravidade da situação, inédita para todas as gerações ainda vivas no país, apesar dos mais velhos ainda guardarem as histórias contadas por seus avós quanto a outras epidemias no Brasil, principalmente da gripe espanhola no início do século XX. |
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Publicado: 2020-05-20 | Mais... | |
EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE COVID-19/CORONAVIRUS: REFLEXÕES A PARTIR DA PESQUISA SOBRE O USO DA TECNOLOGIA NOS SISTEMAS PÚBLICOS BRASILEIROS |
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Por Camila Iwasaki, Clara Azevedo, Erica Peçanha e Erick Roza [1] As recomendações e medidas necessárias de isolamento social, tomadas para tentar frear o espalhamento do Covid-19/Coronavirus, e a consequente suspensão das aulas em quase todo território nacional, lançaram holofotes sobre desafios que ainda persistem no cenário educacional brasileiro. Diante da ausência de orientações e parâmetros mais claros por parte do Ministério da Educação, cada rede de ensino municipal ou estadual[2] vem buscando se articular (em tempo recorde) para manter a relação com os estudantes e fomentar algum tipo de apoio para eles durante esse período. [1]Texto finalizado em 22 de abril de 2020. Camila Iwasaki é sócia-diretora da Tomara! Educação e Cultura, cientista social pela USP, mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública pela UFJF e especialista em Gestão de Projetos em Organizações do 3o Setor pela PUC/SP. Clara Azevedo é sócia-diretora da Tomara! Educação e Cultura, é mestre em Antropologia Social pela USP e cientista social pela mesma universidade. Erica Peçanha é doutora em Antropologia Social com pós-doutorado em Educação pela USP, além de pesquisadora do nPeriferias – Grupo de Pesquisa das Periferias (IEA-USP). Erick Rosa é doutor em Comunicação Social pela USP e possui graduação em Comunicação Social e em Ciências Sociais pela mesma universidade. Este texto é inspirado no relatório da Pesquisa sobre o uso da tecnologia nos sistemas públicos de ensino, realizada em parceria com a Imaginable Futures, o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento e a Fundação Lemann, que contou com a participação dos seguintes pesquisadores: Júlia Serra Y. Picchioni, Ana Luiza Mendes Borges, Felipe Paludetti, Fernando Cespedes, Gláucia Silva Bierwagen, Isadora Silva de Araújo, Larissa Jordão Pino, Maíra Vale, Marina Defalque e Paulo Neves. [2]Para saber sobre algumas medidas tomadas em âmbito estadual e federal, vale conhecer o levantamento disponível no portal Educação e Coronavírus, coordenado pela pesquisadora Carolina Campos e que conta com apoio do Instituto Unibanco, disponível em: http://educacaoecoronavirus.com.br/consulte-o-levantamento/ |
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Publicado: 2020-05-20 | Mais... | |
COVID-19 EM FAVELAS CARIOCAS: NO LIMIAR ENTRE OS DIREITOS HUMANOS E AS DESIGUALDADES SOCIAIS |
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Por Luana Almeida de Carvalho Fernandes[1]; Caíque Azael Ferreira da Silva[2]; Cristiane Dameda[3]; Pedro Paulo Gastalho de Bicalho[4] Escrevemos esse manuscrito dois meses após a confirmação da transmissão comunitária no Rio de Janeiro e da primeira morte em decorrência da pandemia do coronavírus. São sessenta dias de orientações de quarentena e isolamento social e estamos próximos do início das medidas de fechamento completo (também conhecidas como lockdown, ou "tranca-rua") na maioria das cidades da Região Metropolitana. Para nós, brasileiras e brasileiros, tudo começa no final de janeiro de 2020: recorrentemente chegam notícias sobre o surto da doença causada pelo novo coronavírus, a Covid-19, que constituiu uma Emergência de Saúde em nível internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e, assim, é afirmada como pandemia. A OMS sugeriu que o mundo deveria parar e se isolar para lentificar o processo de contaminação e não sobrecarregar os sistemas de saúde. Entretanto, diante de sistemas de saúde já sobrecarregados e sucateados, o que fazer? Nos últimos anos, desde a aprovação da Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos em áreas sociais como a saúde, sofremos com a intensificação do sucateamento dos sistemas de saúde, fechamento de leitos e hospitais em todo o país. Para muitos, o colapso social já começava analisando essa questão. Mas, é importante ir além: diante da realidade continental e desigual do Brasil, na qual muitos trabalham informalmente para garantir diariamente o que comer, como adotar tais medidas de restrição, principalmente diante de um governo negligente? Como afirma a psicóloga boliviana María Galindo (2020): na América Latina o coronavírus escancara a ordem colonial do mundo. "Aqui a sentença de morte estava escrita antes da covid chegar em avião de turismo" (p. 124). Não atingimos o pico da pandemia por aqui, embora há quem diga por aí que o pior já passou para as classes alta e média[5]. Talvez, numa análise mais profunda, possamos descobrir que, no Brasil, a pandemia nunca foi sobre os mais ricos. Na verdade, ela não é sobre os mais pobres também, mas evidencia os requintes de crueldade que a nossa forma de reprodução social da vida imprime na sociedade. Neste sentido, o presente ensaio visa problematizar a relação entre direitos humanos e desigualdades sociais nas favelas cariocas, a partir dos cenários que emergem com a pandemia do novo coronavírus. [1] Psicóloga, especialista em Responsabilidade Social e Gestão de Projetos Sociais, mestra em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. E-mail: luanaacfernandes@gmail.com [2] Bacharel em Psicologia e discente do curso de Mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Bolsista CAPES). Pesquisador no Dicionário de Favelas Marielle Franco (Fiocruz). E-mail: caiqueazael12@gmail.com [3] Psicóloga, especialista em Proteção de Direitos e Trabalho em Rede, mestra em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais e discente do curso de Doutorado em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Bolsista CNPq). E-mail: crisdameda@gmail.com. [4] Psicólogo, especialista em Psicologia Jurídica, mestre e doutor em Psicologia. Professor Associado do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Psicologia e ao Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos. Bolsista de produtividade em pesquisa (CNPq). E-mail: ppbicalho@ufrj.br |
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Publicado: 2020-05-20 | Mais... | |
COVID-19: A FALÉSIA É ALI |
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Por Vantuil Pereira - Doutor em História Social/UFF. Professor Associado do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH/UFRJ). Docente do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas em Direitos Humanos (PPDH). Homenageio os artistas Aldir Blanc, Ciro Pessoa, Manu Dibango, Ellis Marsalis Jr., Wallace Roney, Bucky Pizzarelli, John Prine, Lee Konitz A arte abre caminho para pensarmos o novo, para pensarmos a livre expressão no seu sentido mais sublime. A arte liberta. Em dezembro de 2019 cientistas chineses da região de Wuhan davam notícias da existência de um novo vírus que vinha acometendo seus moradores. Embora o caso fosse inicialmente reprimido pelas autoridades daquele país, rapidamente a epidemia se espalhou, contaminando mais de 80 mil pessoas em apenas noventa dias na China transformando-se, meses depois, em uma pandemia que, até meados do mês de maio de 2020, quando escrevemos o presente texto, a infestação já atingiu quatro milhões e setecentas mil pessoas no mundo em mais de 150 países[1], causando quase 310 mil mortes. [1] Relatório OMS Coronavirus disease (COVID-19). Disponível em https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/situation-reports/20200519-covid-19-sitrep-120.pdf?sfvrsn=515cabfb_2. Acesso em 19/05/2020. |
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Publicado: 2020-05-20 | Mais... | |
AS MULHERES A FRENTE E AO CENTRO DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS |
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Por Janaína Dutra Silvestre Mendes - Doutora em Radioproteção e Dosimetria (IRD-CNEN), Física Médica da seção de Medicina Nuclear do Instituto Nacional de Câncer (INCA-MS)
A pandemia da COVID-19 está afetando todas as categorias da nossa sociedade: homens e mulheres, pobres e ricos. Mas, certamente, as mais afetadas pelas suas consequências (sejam econômicas, sanitárias ou sociais) têm um endereço, classe, gênero e cor bem determinados. São as mulheres, especialmente as negras, pobres e periféricas. |
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Publicado: 2020-05-20 | Mais... | |
RELATOS DE EXPERIÊNCIA EM TORNO DA PARÁBOLA DO PORCO-ESPINHO |
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Por: Elisabete Nascimento, Taís dos Santos Abel, Chris Jones, Cíntia Acosta Kütter, Nathália Rangel, Nathália Guedes, Lisiane Niedsberg, Fernanda Oliveira, Maria Teresa Salgado Guimarães da Silva (Produção coletiva dos integrantes do grupo de pesquisa Escritas do corpo feminino, da Fac. de Letras da UFRJ)
Assim como em certos dias a descida é feita na dor, também pode ser feita na alegria[1]
A parábola do porco-espinho é uma metáfora usada pelo filósofo Arthur Schopenhauer para se referir às dificuldades de convívio entre os seres humanos. Os porcos-espinho buscavam se proteger do inverno rigoroso, no calor da companhia de outros. Mas, com a proximidade dos corpos, os espinhos causavam-lhes feridas. Diante da dor, eles se afastavam. Com o aumento do frio, os animais voltavam a se juntar e, novamente, os espinhos os machucavam. Isolados, o frio os ameaçava de extinção. Juntos, os espinhos os feriam. Qual a distância de convívio para que a proximidade entre os humanos, comparados a porcos-espinho, não nos incomode, e o afastamento não nos fira com a solidão? Como o único animal que tem consciência de si, de seus dilemas, animal tão frágil, errático, gregário e inteligente conseguirá enfrentar a parábola do porco-espinho? |
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Publicado: 2020-05-15 | Mais... | |
PANDEMIA E DESGLOBALIZAÇÃO |
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Por Marcelo Coutinho - Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) A pandemia da Sars-Cov-2 destruiu a economia mundial como nenhuma outra depressão no passado foi capaz de fazer. Dessa vez, não foi uma crise financeira ou uma grande guerra que produziu uma queda vertiginosa do PIB em todos os continentes. Foi um vírus. E o tombo provocado pelo colapso sanitário de 2020 equivale aos choques de 1929 e 2008 somados. É como se um pedaço do meteoro tivesse atingido o planeta em cheio, não em um tipo de apocalipse exatamente, mas em profundas transformações, que não extinguem a humanidade, e sim, um estilo de vida global que vinha crescendo e se consolidando há décadas. Neste artigo, busco analisar as mudanças na sociedade global já possíveis de serem vistas. Argumento que o novo coronavírus não só trará o advento final da China hegemônica ao lado dos EUA, como afirmei em artigo anterior (Coutinho, 2020), como também representa o eclipse da própria globalização como nos acostumamos a vê-la. Procurarei mostrar como essas duas coisas se relacionam, além de discutir que tipo de modernidade emergirá nas sociedades contemporâneas a partir de agora. Já posso adiantar que a cena que vislumbro está bem distante da visão romanceada de que teremos uma sociedade mais humana e solidária. |
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Publicado: 2020-05-12 | Mais... | |
OS IMPACTOS DA COVID-19 PARA INTEGRAÇÃO EUROPEIA |
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Por André de Oliveira Sena Melo - Mestrando em Políticas Públicas em Direitos Humanos – PPDH/UFRJ, bacharel em Defesa e Gestão Estratégica Internacional – IRID/UFRJ e pesquisador no Diretório de Pesquisa Desigualdade, interseccionalidade e Política Pública. Segundo Garcia (2013), a União Europeia (UE), em matéria de integração regional, pode ser considerada um modelo. Com efeito, foi o primeiro grupo a concretizar todas as etapas da integração econômica e da integração política (criação do Parlamento e Comissão europeia, de políticas de segurança comum e de livre circulação de pessoas e sistema integrado de educação superior). Todavia, fatores que vem ocorrendo hodiernamente ameaçam a União. Controvérsias com a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o Brexit, a crise de legitimidade, recessão financeira, os ataques terroristas, a questão da migração e agora a pandemia da COVID-19; são todos exemplos da enorme quantidade dos desafios da UE hoje. |
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Publicado: 2020-05-12 | Mais... | |
A PANDEMIA DA COVID 19 E A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – BRASIL |
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Por Rosimar Souza dos Santos Borges - Assistente Social do CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Barbara Zilli Haanwinckel - Assistente social do CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Marisa Chaves de Souza – Assistente social, Coordenadora do CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; mestre em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Adriana Santos Silva – Assistente Social do CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) / Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz; Adriana dos Santos Neves – Assistente Social do CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; mestre em Serviço Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Adma Andrade Viegas – Técnica em Assuntos Educacionais do CRM-SSA/NEPP-DH/UFRJ; mestre em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Em março de 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou como pandemia o novo coronavírus (COVID-19), uma doença respiratória aguda causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2. Essa definição refere-se ao entendimento de que há um surto global de uma doença que, no caso da COVID-19, foi causado por não haver imunidade preexistente (BRASIL, 2020). A partir desse momento, a COVID-19 passou a ser entendida como uma emergência de Saúde Pública de dimensão internacional. |
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Publicado: 2020-05-04 | Mais... | |
CORONAVÍRUS E RACISMO NO BRASIL: NOTAS DE UMA OBSERVAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA |
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Por Aline da Cunha Valentim Francisco - Graduada em Serviço Social (ESS/UFRJ) e Mestranda em Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH/UFRJ). “Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro Emicida, música “Amarelo” O coronavírus (COVID-19) tornou-se um assunto global nos últimos meses. Um vírus que já deixava a sociedade chinesa em estado de alerta e tensão, alcançou outros países do mundo, gerando o mesmo resultado de medos e incertezas. No Brasil, a realidade não é diferente e o que antes parecia distante e nada grave hoje é parte da vivência de todas e todos nós brasileiras/os. |
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Publicado: 2020-04-25 | Mais... | |
ALERTA GERAL! |
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Por Vik Birkbeck – antropóloga pela Universidade de Edinburgh, documentarista, curadora e programadora de cinema. O termo corona vírus é vago porque refere a uma família de viroses parecidos que inclui o SARS-COV. O nome certo do novo vírus seria o SARS-COV2 que provoca uma doença chamado de COVID19. Como o vírus anterior, a origem desse vírus parece ser dum animal, provavelmente um morcego. Uma virologista chinesa Shi Zhengli, conhecida como a Mulher dos Morcegos, vem pesquisando as conexões com os morcegos há muitos anos. O vírus vive tranquilamente com o animal, sem causar maiores danos, só vindo parar no ser humano em consequência do efeito catastrófico que a industrialização está tendo na natureza, reduzindo ou até destruindo totalmente o habitat das outras criaturas. Frente a isso vale parar para pensar no significado de queimar as florestas amazônicas, subsaarianas etc. derreter as geleiras da Antártida, desviar rios criando imensas barragens como Belo Monte e cavar buracos aleatoriamente para extrair minérios, em Minas Gerais por exemplo, sem falar da imensa poluição gerada por todas essas atividades. É possível que as vidas salvas na China devido à queda na poluição durante a quarentena ultrapassam as mortes por COVID19. Pesquisas de virologistas e epidemiologistas descobriram que a emergência de patógenos novos tende a acontecer nos lugares onde uma população densa vem modificando o paisagem — construindo estradas e minas, derrubando florestas e intensificando a agricultura. Com a população humana cada vez maior, invadindo os territórios dos animais silvestres, mudanças nunca antes vistos do uso do solo, animais domésticos sendo transportados por longas distâncias e criadas em condições de superlotação e sofrimento enquanto os seus produtos atravessam o mundo, e com o aumento vertiginoso das viagens domésticos e internacionais dos seres humanos, a previsão de novas pandemias é uma certeza. |
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Publicado: 2020-04-21 | Mais... | |
PANDEMIA: “A HISTÓRIA SE REPETE COMO COMO TRAGÉDIA OU COMO FARSA” |
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Por Marialva Barbosa– professora titular da Escola de Comunicação da UFRJ e pesquisadora do CNPq. A célebre frase de Karl Marx, na abertura de O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (1852), ainda que se refira a outros contextos e à conjuntura política da França do século XIX, serve como epígrafe do texto que ora apresento e que trás algumas reflexões, a partir da história, sobre o terrível momento em que estamos mergulhados. |
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Publicado: 2020-04-21 | Mais... | |
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